Um evento totalmente comercial, sem vínculo com entidades esportivas e voltado à cobertura midiáticas se tornou na principal referência para os esportes de inverno durante a pandemia de covid-19. O World Team Challenge de Biatlo aconteceu nessa segunda-feira, 28 de dezembro de 2020, e reuniu novamente a elite da modalidade.
O fato é surpreendente porque o torneio não vale nada do ponto de vista esportivo. Ele não é oficializado pela IBU, principal entidade da modalidade, e não contabiliza pontos para o ranking internacional. Em uma situação normal, não faria sentido se aglomerar com outros competidores, correndo o risco de se infectar e de comprometer o restante da temporada.
Entretanto, o World Team Challenge nasceu como um projeto de entretenimento e não esportivo. Se o novo coronavírus impede a presença de torcedores no estádio, não tem problema. Há uma audiência de cerca de 5 milhões de telespectadores apenas na transmissão da TV alemã e ainda há as lives via Internet.
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Em suma: ele continua rentável para os patrocinadores e atletas, que têm à disposição uma visibilidade ainda maior perante os torcedores. Além disso, a premiação também é generosa (cada dupla recebe € 10 mil apenas por largar) e serve como uma importante preparação para o restante da temporada oficial de Biatlo.
Não espanta, portanto, que a italiana Dorothea Wierer, atual bicampeã da Copa do Mundo, e o alemão Simon Schempp, dono de quatro medalhas de ouro em Mundiais da modalidade, estivessem presentes. O título de 2020, porém, ficou com a dupla russa Evgeniya Pavlova e Matvey Eliseev, que venceu a prova de perseguição com 33min06seg4.
É possível fazer evento de inverno rentável sem público
Em uma temporada normal, o World Team Challenge reuniria 50 mil torcedores na Veltins Arena, estádio do Schalke 04, na Alemanha, e que tradicionalmente recebe a disputa com neve artificial. Entretanto, a pandemia de covid-19 levou a edição deste ano para Ruhpolding por ser um espaço aberto e, claro, sem a presença de pessoas nas arquibancadas.
Perder uma bilheteria de 50 mil pessoas é um baque para qualquer competição esportiva, mas este evento de Biatlo mostra que é possível ser rentável mesmo com arquibancadas vazias. Afinal, o foco não está na presença no estádio, mas na experiência que o esporte pode proporcionar a seus fãs em qualquer lugar do mundo.
Com transmissões via internet, engajamento em mídias sociais e, claro, uma disputa agradável com os melhores atletas do mundo ajudaram a chamar a atenção dos torcedores. Assim, em vez de suspender o evento em meio a maior pandemia da história, por que não garantir o entretenimento que uma parcela significativa gosta de acompanhar?
World Team Challenge de Biatlo é puro entretenimento
Antes de ser uma competição esportiva, o World Team Challenge é um evento totalmente comercial. Ele nasceu para servir como entretenimento a patrocinadores e meios de comunicação e não possui qualquer vínculo com a IBU – ainda que a entidade divulgue os resultados em seus canais oficiais.
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Esse projeto para o Biatlo nasceu em 2002 a partir da proposta do alemão Herbert Fritzenwenger. Ex-atleta, ele buscava um novo formato de evento para a modalidade. Se encantou com uma disputa por equipes que acontecia em Ruhpolding e resolveu criar algo semelhante. Queria um modelo atrativo para atletas e torcedores, de preferência no fim de ano para atrair emissoras de televisão.
Assim, ele criou uma disputa em dupla mista (antecipando uma tendência global) sempre no período entre Natal e Ano Novo. Outra novidade é que a disputa normalmente acontece na Veltins Arena, um estádio de futebol localizado em Gelsenkirchen, na Alemanha. O local recebe neve artificial em uma pista de 1,3 quilômetro com um estande de tiro no seu gramado.