Principal nome do Brasil nos esportes de inverno nos últimos anos, Nicole Silveira vai em busca de sua segunda classificação para os Jogos Olímpicos de Inverno. Após um 13º lugar no skeleton em Pequim-2022, a gaúcha espera estar daqui 500 dias em Cortina D’Ampezzo, cidade italiana que irá sediar a próxima Olimpíada em 2026 junto com Milão. Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, Nicole falou sobre sua vida após Pequim e no processo de preparação para 2026.
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Na sua vida cotidiana, Nicole Silveira teve poucas mudanças desde a última Olimpíada. Mas ela conta que o fato de agora ser uma atleta olímpica traz certa pressão. “O título de atleta olímpica me traz uma sensação de realização, especialmente depois de uma vida dedicada aos esportes. É gratificante finalmente ter um reconhecimento que simboliza algo tão especial. No entanto, esse título também adiciona uma certa pressão, porque agora há uma expectativa maior, tanto minha quanto das pessoas ao meu redor, em relação ao futuro”, explicou a atleta ao OTD.
Mudanças de equipamento
Na última temporada, Nicole Silveira teve algumas oscilações nos seus resultados no circuito mundial. Após mudar de técnico e de equipamentos, a brasileira teve dificuldades em algumas etapas da Copa do Mundo. “Depois de cinco anos com o mesmo técnico, decidi trocar de treinador, além de ter feito uma grande mudança no meu equipamento, como o trenó e os runners. O push também foi um ponto de dificuldade para mim, o que impactou meu desempenho mentalmente.”
Mesmo com alguns resultados fora do esperado, Nicole avalia a temporada positivamente. “Porém, ao refletir, percebo que tenho motivos para me orgulhar dessa temporada. Mesmo com o nível de competição mais alto, devido ao aumento de atletas de elite, especialmente nas largadas, consegui obter ótimos resultados em algumas competições importantes. Foi uma temporada difícil, mas que me trouxe muito aprendizado”, completou.
Temporada já vai começar
A temporada 2024/2025 do skeleton começa em novembro. Nicole Silveira já está na Europa, ao lado da sua parceira de vida e de treinos, a belga Kim Meylemans, atual campeã europeia da modalidade. As duas ficaram noivas esse ano em parceria que tem dado certo dentro e fora das pistas. “A Kim tem sido um grande apoio em todas as áreas. Ela já passou por muitas das experiências que estou enfrentando agora, então ela me entende de uma forma que poucas pessoas podem. O skeleton é um esporte muito específico, e ter alguém ao meu lado que compreende completamente as nuances da modalidade faz uma diferença enorme. Ela me apoia 100% e está sempre ao meu lado, torcendo por mim e me ajudando em tudo que for necessário para que eu possa dar o meu melhor”, comentou a brasileira.
Nicole Silveira espera que seja mais tranquila, já acostumada com seus novos equipamentos. Ela irá competir em etapas da Copa Ásia e da Copa América, além de todas as Copas do Mundo, com a exceção da etapa da China. O grande auge da temporada será em março de 2025, com o Campeonato Mundial em Lake Placid, nos Estados Unidos.
Nova pista
Os Jogos Olímpicos de Inverno Milão-Cortina terão as provas dos esportes de trenó em uma nova versão da pista Eugênio Monti, que recebeu o bobsled e o luge quando Cortina D’Ampezzo sediou a Olimpíada de Inverno em 1956. Porém, a pista foi fechada em 2007 e será remodelada para 2026. Ela ficará pronta apenas no ano que vem, o que será um elemento surpresa para os atletas do skeleton que devem ter contato com o gelo apenas perto da Olimpíada.
“Em Pequim, por exemplo, nós recebemos um vídeo POV alguns meses antes para estudarmos. Porém, as linhas e a pilotagem só são realmente compreendidas quando descemos pela primeira vez. Antes do treino, fazemos uma caminhada pela pista para tentar entender o formato das curvas, mas é só na prática que conseguimos sentir o comportamento real do trenó. A primeira descida é sempre um pouco assustadora, porque não sabemos exatamente o que esperar. No entanto, o fato da pista de Cortina ficar pronta próximo aos Jogos é um ponto positivo, pois ninguém terá muita vantagem em ter de número de descidas, o que torna a competição mais justa para todos”, explicou Nicole.