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Campeã olímpica Stefania Constantini incentiva o curling no Brasil

Atleta esteve presente pela primeira vez no país durante o Olympic Celebration Tour e para iniciar o Campeonato Brasileiro de Curling

AP Photo/Nariman El-Mofty

A italiana Stefania Constantini, campeã olímpica nas duplas mistas em Pequim 2022, foi a skip no primeiro lançamento de pedra de curling no sábado, que marcou o start do Campeonato Brasileira, primeira edição da competição. Ela participou de uma série de atividades no Brasil para o Olympic Celebration Tour, organizado pela World Curling Federation (WCF) e patrocinado pelo Global Sports Development. A atleta veio ao Brasil para fomentar e incentivar a prática de esportes de inverno, principalmente o curling, no país. 

Stefania recebeu a equipe do Olimpíada Todo Dia e contou um pouco de como está sendo sua experiência no Brasil. “É um prazer! Eu estou aproveitando muito meu tempo por aqui. Fomos visitar três escolas. Eu adoro encontrar com crianças e ir às escolas, é muito gostoso conversar com elas. Quando eu era mais nova eu fiz isso, conheci atletas também. E agora eu sou a atleta que eles conhecem! Estou muito feliz por fazer isso. Quero que as pessoas entendam que os sonhos podem se realizar. Isso é muito legal. Eles estavam tão felizes, foram até mim, me fizeram perguntas, disseram muitas coisas legais pra mim. É muito legal ver que as pessoas gostaram do que você conquistou, essa é a razão pelo qual eu gosto de ir em escola, porque você vê que o que você faz é importante.”

Stefania Constatini em apresentação para crianças numa escola em São Paulo
A campeã olímpica visitou escolas e apresentou o curling para crianças. (Foto: Grasiela Gonzaga/Ice Brasil)

Com a próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno em Milão e Cortina, em 2026, Stefania quer defender sua medalha de ouro em casa. “Na Itália nós temos uma seletiva para a Olimpíada. Mas claro, meu objetivo e sonho é representar o meu país na minha cidade. Ainda temos muito tempo, quatro anos de treinos e competições. Então vou trabalhar duro para estar no time. Se eu estiver lá, eu vou querer muito defender meu título olímpico na minha cidade. É algo muito especial. Estou muito ansiosa para começar esse novo ciclo” falou animada a italiana.  

A equipe de Stefania Constantini e Amos Mosaner chegou aos Jogos Olímpicos de Pequim como azarões, com pouca tradição no esporte. A equipe feminina sequer chegou a se classificar para a edição da China da Olimpíada. Mas a dupla mista surpreendeu aos adversários e aos espectadores, venceram 11 partidas em 11 disputadas e levaram o ouro inédito. Além disso, bateram países tradicionais no esporte, como Canadá, Suécia, Grã-Bretanha e Noruega. Mas a campeã não pensou muito na pressão de disputar um torneio olímpico. “Quando jogamos contra esses países fortes, nós pensamos ‘estamos competindo com duplas muito boas’. Mas tivemos uma grande semana, estávamos focados. A diferença entre a melhor dupla e a menos pior é pequena. É muito diferente do curling por equipes. Então quando vencemos da Grã-Bretanha, do Canadá, nós ficamos muito orgulhosos. São países com muita experiência e tradição no curling.”

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Pensar jogo a jogo ajudou o time italiano a bater os concorrentes. Mesmo que a dupla tenha sido formada pouco tempo antes dos Jogos, a experiência e confiança de Amos ajudou muito na conquista da medalha. “Eu acho ele um grande jogador. Aprendo muito com ele. Ele tem muita experiência, tanto em jogar a pedra como pensar nas estratégias. Então jogar com ele é muito enriquecedor, como pessoa, como atleta. Eu sempre vou dizer isso, porque eu sempre aprendo”, explicou a campeã olímpica. Ela ainda se diz extasiada com a conquista da medalha de ouro. “Doido! Essa é a palavra certa. Ganhar um ouro na Olimpíada é um sonho, mas vencer todos os jogos foi maluco! Quando chegamos em Pequim, eu e Amos sabíamos que tínhamos as habilidades de fazer algo bom. Mas nós queríamos muito viver o momento, pensar jogo por jogo e não pensar muito na frente. Então começamos ganhando o primeiro jogo, o segundo, o terceiro.”, explicou contente Stefania.

Quando atingiram as semifinais, a dupla finalmente se deu conta de que o sonho do pódio olímpico estava cada vez mais próximo. “Quando nos classificamos para as semifinais, próximo da sexta partida, pensamos ‘ok, estamos aqui’. E a semifinal pra mim foi muito difícil, porque se você perde a semifinal, você perde o ouro. Então tentamos manter o foco, manter uma boa mentalidade. E a gente pensou ‘trabalhamos duro para chegar na final’ e chegamos! E na final nós falamos ‘ok, nós não podemos perder esse último jogo’”, confessou a atleta.

Desenvolvimento do curling no Brasil

A italiana acredita que o Brasil pode ter um potencial grande no desenvolvimento do curling, uma vez que a Arena Ice foi inaugurada com dimensões oficiais e que oferece treinos desde os amadores aos profissionais. “Alguns anos atrás a Itália era igual ao Brasil. Curling não era o nosso primeiro esporte, não era muito conhecido. Mas então você começa com alguma coisa, a treinar, logo começa a ganhar uma coisa ou outra. Estou muito feliz que aqui agora tem uma pista de curling, agora as pessoas vão poder entender e ver aqui o que é o curling, experimentar e acompanhar. Muito bom ver pessoas aqui tão interessadas no nosso esporte.”, disse Constantini.

Sérgio Mitsuo Vilela, atleta da seleção brasileira de curling, também esteve presente no Olympic Celebration Tour e será um dos favoritos a levar o Campeonato Brasileiro. Além de competir, o Sérgio em breve deve ser confirmado como um dos diretores da WCF, cargo de muita importância para o Brasil. “O Sérgio diretor enxerga tudo o que aconteceu, todo o movimento para mudar a regra do Pan Continental, para criar a Arena Ice Brasil. Em 2017 nós fomos até a WCF querendo fazer a pista no Brasil, e eles viraram e foram honestos, ‘ok, esses são os requisitos, vá fazer a lição de casa’, e fizemos. Em 2018 apresentamos o primeiro rascunho do projeto e em 2019 a WCF assinou o empréstimo que possibilitou a realização da Arena. Foi lindo, marcou um apoio que a WCF deu para tudo isso. Eu ser confirmado como diretor será o reconhecimento desse esforço.”, afirmou o atleta de curling. Ter um representante brasileiro em uma federação internacional é de extrema importância para o desenvolvimento e fomento dos esportes de inverno no país.

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A realização da Arena Ice Brasil já é ponto de virada para os esportes de inverno, já que com pistas mais adequadas, o público poderá assistir e conhecer melhor os esportes. Ela é a primeira com pista de curling com dimensões oficiais na América do Sul e apenas a segunda no Hemisfério Sul. E tirar o sonho do papel não foi tarefa fácil. “Foi tudo uma dificuldade. Tudo que você está vendo aqui foi tentativa e erro, sendo muito honesto. A gente não tem a tecnologia adequada. É o ideal? Não é, mas é a realidade que a gente conseguiu fazer”, afirma Sérgio Vilela sobre a arena, inaugurada no início de 2020. Com a pandemia, as atividades foram suspensas, e o Olympic Celebration Tour está sendo como uma segunda inauguração oficial da Arena Ice Brasil. “A sensação não podia ser a melhor. Modéstia à parte, estou mega orgulhoso!” 

O Campeonato Brasileiro de Curling define os representantes do país em competições internacionais na temporada, como Pan Continental, em outubro de 2022, no Canadá. O torneio será disputado tanto por países das Américas como da Ásia, deixando-o mais dinâmico e dando a oportunidade para que haja mais trocas de experiências entre nações menos tradicionais no esporte. 

As disputas do Campeonato Brasileiro começam neste domingo, 7, a partir de 13h30, e tem semifinais e finais programadas para quarta,10, a partir de 9h30. Será aberto ao público e terá transmissão do Canal Olímpico do Brasil.

Formada em Jornalismo pela Unesp-Bauru, participou da Rio-2016 como voluntária, cobriu a Olimpíada de Tóquio-2020 a distância e Paris-2024 in loco pelo Olimpíada Todo Dia; hoje coordena as Redes Sociais do OTD.

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