Nathalie Moellhausen quer fazer – mais – história na esgrima brasileira. Daqui exatamente um ano, a atleta ítalo-brasileira estará na estreia da espada feminina na Olimpíada de Tóquio-2020, carregando consigo o apoio de toda a torcida verde e amarela. Afinal de contas, ela é o principal nome e a grande esperança de medalha do país na modalidade.
Conexão Itália – Brasil
Nathalie Moellhausen nasceu em Milão, na Itália, mas tem cidadania brasileira desde os cinco anos, mesma idade com que começou a praticar esgrima. Ela queria mesmo era ser bailarina, mas foi com a esgrima, esporte que considera um “balé com espada” que se tornou protagonista.
Antes de defender as cores do Brasil a partir de 2014, Nathalie já competia na esgrima pelo país de origem, sendo até campeã mundial por equipes pela Itália. Mas a raiz brasileira que vem da mãe falou mais alto.
“Minha relação com Brasil é desde criança. Fui pela primeira vez quando tinha um ano. Depois disso, dos cinco aos doze, sempre passei minhas férias de Natal no Brasil com a família da minha avó. Mais para frente voltei ao Brasil com 23 anos e quando cheguei tive a sensação de estar casa. Em um dos dias fui com meu treinador italiano no Pão de Açúcar e comentei com ele que, não sabia o porque, mas tinha a sensação que deveria fazer alguma coisa pelo Brasil”, contou a atleta em uma live com o Olimpíada Todo Dia.
E como fez.
Construindo a tradição
A esgrima ainda é um esporte não muito conhecido no Brasil. E Nathalie tinha um obstáculo a mais nessa história. “O percurso foi muito difícil e suado, pois mudar da Itália para o Brasil não foi fácil porque tem muita discriminação o fato de representar dois países. Sabia que precisava de um destaque esportivo para conquistar minha nova nação”.
E podemos dizer que ano após ano, Nathalie vem quebrando essa barreira e conquistando a torcida com resultados para lá de expressivos.
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Tudo começou nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, quando Nathalie Moellhausen conquistou duas medalhas de bronze na espada feminina, no individual e por equipes. No ano seguinte, foi a vez de escrever mais um capítulo vitorioso, mas desta vez, em uma Olimpíada.
Na Rio-2016, ela chegou até as quartas-de-final, terminando entre as 8 melhores da Olimpíada. Foi o melhor desempenho da história da esgrima brasileira em Jogos Olímpicos, feito igualado alguns dias depois por Guilherme Toldo.
Mas foi no ano passado que ela colocou seu nome de vez na história do esporte brasileiro. Em Budapeste, na Hungria, Nathalia levou o Brasil ao topo do mundo pela primeira vez ao se sagrar campeã mundial na espada feminina.
“As imagens daquele momento trazem uma grande emoção. Olho essas fotos e me pergunto: sou eu? Aconteceu de verdade isso na minha vida? Aquele dia foi realmente a realização do sonho de uma vida. Quando falo isso é porque, seguramente, foi o sonho que dediquei mais tempo, energia, dedicação e noites em branco pensando se conseguiria ou não”.
+Nathalie Moellhausen ainda não tem ideia da dimensão de seu feito
Embalo para Tóquio
O título no Mundial alçou Nathalie a uma posição de favorita em Tóquio-2020. No mês passado, ela e a CBE (Confederação Brasileira de Esgrima) confirmaram ao Olimpíada Todo Dia que sua vaga nos Jogos está matematicamente garantida.
Assim, ela chega forte para a disputa da Olimpíada. E não “só” como campeã mundial, mas também como atual número 2 do ranking da FIE (Federação Internacional de Esgrima).
Com isso, as etapas de Copa do Mundo que Nathalie for disputar até os Jogos em Tóquio – se a pandemia deixar – servirão de treino, preparação e estudo dos adversários, uma vez que ela não precisa mais de pontos para poder estar no Japão. E isso pode ser um grande diferencial para Nathalie e sua busca pela inédita medalha olímpica brasileira na esgrima em Tóquio-2020.