Seis meses após defender o Brasil na esgrima nas provas de florete nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, a esgrimista Taís Rochel embarcou para a Austrália, em busca de um novo desafio: abraçar a carreira de técnica. Hoje, ela reside em Melbourne, onde comanda o time Blacklords Fencing Club e também integra a equipe de técnicos da seleção nacional australiana.
“As primeiras conversas aconteceram até um pouco antes da Olimpíada. Parte da seleção australiana treinava no mesmo clube que eu na Itália, o Frascati Scherma. Lá eu conheci um treinador da Austrália e ele me falou várias vezes que as portas estavam abertas para mim lá por lá. Mas as conversas pararam por ali. E, só depois dos Jogos, é que eu fui conversar sobre o assunto. Mas daí [conversei] com um clube chinês. E eu pensei, se até os chineses estão interessados no meu trabalho, de repente eu posso ter talento para ser técnica”, recorda a esgrimista em entrevista à Agência Brasil.
“No final de 2016, entrei em contato novamente com o australiano. Mas, naquele momento, ele me disse que não tinha vaga. Só que apenas duas semanas depois, mudou tudo. Ele me ligou, me chamou e eu fui”, completou.
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Mudança de vida
E, logo depois dos primeiros meses vivendo na cidade de Melbourne, ela tomou outra decisão importante. Trocou a carreira de atleta pela de treinadora de esgrima.
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“Eu até tinha pensado em continuar a jogar. Inclusive cogitei fazer esse ciclo olímpico estando aqui na Austrália. Mas como a ideia de me aposentar também estava passando pela minha cabeça, e como o trabalho de técnica me toma muito tempo, vi que era a hora de encerrar a minha carreira. Não consigo deixar os meus alunos para ir participar de uma competição. Me entreguei de corpo e alma”, conta a brasileira.
Atualmente, Taís Rochel, de 36 anos, é técnica na equipe do Blacklords Fencing Club com alunos das mais variadas faixas etárias.
“Tem garotos de três, quatro, cinco anos, até senhores de 65. Mas o principal público são os adolescentes. Garotada que começou a trabalhar comigo na esgrima com uns oito, nove anos e hoje já são adolescentes. É uma faixa etária que assimila muito bem o que eu estou propondo. Tem vários deles que já são campeões em suas categorias em nível regional, nacional e até mesmo internacional”, comemora a brasileira.
A partir do início deste ano, a paulistana passou a integrar também a equipe de técnicos da seleção nacional australiana de florete.
“Fui para a Itália comandando as equipes masculinas e femininas juvenis de florete. Depois, fui também para a Polônia junto com a equipe feminina de novos, mas para participar de uma etapa da Copa do Mundo Adulto. Lá, eu encontrei várias amigas da minha antiga equipe brasileira. Fazia muito tempo que eu não conversa com elas. Nenhuma delas tinha me visto como técnica. Foi estranho e muito legal ao mesmo tempo. Uma experiência diferente”, recorda.
Taís Rochel na equipe técnica da seleção australiana de florete
Coronavírus
A pandemia do novo coronavírus, que já causou a morte de mais de 400 mil pessoas ao redor do mundo, parece estar mais controlada na Oceania. A Austrália, com 25 milhões de habitantes, apresentou até hoje (19) 7.367 casos confirmados e 102 mortes causadas pela doença, de acordo com levantamento feito pelo site Worldometers. Muita coisa, inclusive, já está voltando a funcionar por lá, segundo Rochel.
“Aqui em Melbourne, muita coisa já está praticamente normal. Inclusive, estou mudando de casa e tenho ido várias vezes ao shopping nos últimos dias. E está tudo bem lotado. É claro que tem regras de distanciamento, álcool em gel e tudo mais. Mas todas as lojas já estão abertas. Só o meu clube é que ainda não voltou. Deve retornar no [próximo] dia 22. As academias também continuam fechadas por aqui. Vão ser as últimas a abrir”, finaliza a brasileira.