O esgrimista japonês Ryo Miyake proporcionou uma história no mínimo curiosa nesses tempos de pandemia. Sem poder disputar as competições, canceladas por conta do coronavírus, o atleta achou que não seria justo continuar recebendo o dinheiro de seus vários patrocinadores e optou por suspendê-los. A decisão, entretanto, acabou deixando-o com o orçamento limitado e, para receber um dinheiro extra e manter o condicionamento físico, decidiu trabalhar como entregador do Uber Eats.
Medalhista de prata no florete nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, Miyake tinha vários patrocinadores consigo nessa preparação para a disputa das Olimpíadas em seu país natal em julho do ano que vem.
Mas com todas as competições canceladas e com os Jogos Olímpicos adiados para 2021 por conta do coronavírus, o japonês, em um gesto nobre, achou que não seria justo com seus patrocinadores seguir sendo patrocinado por eles, uma vez que ele não está exercendo as atividades para as quais lhe pagam.
“Achei que seria um pouco imprudente da minha parte ser patrocinado nessas condições, então pedi a eles [patrocinadores] para segurarem [o patrocínio] até que a situação se resolva,” afirmou Miyake em entrevista à Reuters.
Orçamento limitado
A decisão prejudicou a preparação para as Olimpíadas e o esgrimista japonês optou então por começar a entregar comida pelo aplicativo Uber Eats em sua bicicleta a fim de ganhar um dinheiro extra e, de quebra, manter o seu condicionamento físico.
Miyake disse que só recebe US$ 18,6 (Cerca de R$ 106) por dia, mas que esse dinheiro, acrescido as suas economias, é suficiente para que sobreviva sem ter de recorrer aos patrocinadores. Ele falou ainda que de quebra, consegue manter a forma sendo entregador do Uber Eats.
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“Por conta do lockdown [medida extrema do isolamento social adotada pelo governo japonês para conter a propagação do coronavírus] eu não conseguia mais ir ao ginásio treinar. Então pensei que sendo entregador do Uber Eats, poderia manter minha força física e não enfraquecer,” contou o esgrimista.
Problemas em se contaminar?
Questionado se não fica receoso em se contaminar sendo entregador, Miyake respondeu que não, além de explicar que toma todos os procedimentos possíveis de higienização.
“Você pode pensar que existe muito contato com pessoas por entregar comida na bicicleta, mas eu sigo as recomendações do aplicativo: coloco a comida em frente a porta do cliente e vou embora. Não há contato,” explicou Miyake.
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Ainda em busca de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, Miyake não sabe quando poderá voltar a usar seu equipamento de esgrimista e trinar com seus companheiros.
“A esgrima é um esporte que não combina com a situação atual da pandemia porque não podemos praticar sem que haja aglomeração de pessoas,” finalizou.