Com um nome desses, Athos Schwantes não poderia ser outra coisa além de um mosqueteiro moderno, um esgrimista. Brincadeiras à parte com os Três Mosqueteiros (Athos, Porthos e Aramis), romance histórico escrito pelo francês Alexandre Dumas, o atleta olímpico da espada vive, respira e defende a esgrima diariamente em três atos diferentes, mas interligados entre si. Um por todos, todos por um!
ATO I – ATLETA
Athos Marangon Schwantes, 35 anos, é um esgrimista brasileiro, filho de Ronaldo Vadson Schwantes, integrante da última equipe a conquistar uma medalha na esgrima em Jogos Pan-Americanos, em 1975, na Cidade do México. Athos começou a treinar aos 9 anos e já disputou as Olimpíadas de Londres-2012 e Rio-2016. “Com esse nome não tinha como fazer futebol, tinha que ser esgrima, né”, brinca.
Como não poderia ser diferente, Tóquio 2020 está na mira. “Esse ano consegui me manter em primeiro do ranking brasileiro, e foi assim que eu me garanti para participar do Pré-Olímpico de esgrima das Américas, que foi adiado também por causa do coronavírus. Estamos aguardando as novas datas. Vou disputar essa vaga contra os melhores de cada país das Américas do Norte, Sul e Central.”
“Minha rotina antes da pandemia era bem cheia como atleta, tinha a fisioterapia, a preparação e o condicionamento físico, acompanhamento nutricional e, claro, o treino em si. Já em janeiro, eu pedi um afastamento da confederação, para me dedicar na missão Tóquio 2020.”
Uma missão complicada e que cobraria muito de Athos, tanto que ele saiu do Brasil para seguir treinando “Fui para a Itália para treinar e fazer essa preparação lá, nesses dois meses antes do pré-olímpico. E aí aconteceu toda essa crise. Quando fui para o Grand Prix de Budapeste (Hungria), já estava toda a questão do coronavírus se espalhando pela Europa. A Federação Internacional (FIE) liberou e os atletas não estavam se cumprimentando com as mão, estava um clima ruim, sem poder se cumprimentar, ficava aquela dúvida, muito ruim jogar assim.”
ATO II – TÉCNICO
“Depois da Rio-2016, eu comecei a investir na área de técnico.” Nascido, criado na esgrima, esse parece um caminho natural para Athos. Voz pausada, clara, uma vontade enorme de passar o conhecimento.
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“É um trabalho que demanda atenção e foco. Dou aulas particulares de esgrima para Isabela Abreu, do pentatlo moderno. A gente começou a trabalhar junto em fevereiro do ano passado. Tínhamos como objetivo nos classificarmos para Lima (Jogos Pan-Americanos de 2019) e nós dois conseguimos. Bacana isso.”
De toda a delegação brasileira presente em Lima 2019, Athos era o único a estar como técnico e atleta.
Só que o “esgrimista professor” não só fica no alto nível. Athos também dá aula no Clube Curitibano, para infantil, e em uma academia particular. “Estou com meus aluno que estão crescendo com uma estrutura super bacana, são pessoas focadas.”
Athos reforça o papel do esporte, tanto para quem tem pretensões de seguir profissionalmente, como para quem usa a esgrima como hobbie. “O esporte continua sendo uma ferramenta incrível de bem-estar, de ser um instrumento da saúde, de desestressar do trabalho.”
ATO III – DE TERNO E GRAVATA
Além de atleta e técnico, Athos também é coordenado técnico das categorias de base da Confederação Brasileira de Esgrima.
“Esse momento que esgrima brasileira está vivendo agora é muito bom. Nós temos a atual campeã mundial ( Nathalie Moellhausen), temos algumas leis de incetivo no esporte, coisa que na década de 90 não tinha e que só começou na década de 2000. Incentivos em várias esferas, federal, estadual e municipal, então estamos tendo uma oportunidade única para os atletas poderem se dedicar exclusivamente e viver da esgrima.”
Athos é um verdadeiro paladino da esgrima e acredita, cada vez mais, que o esporte vai se desenvolver no país.
“Eu vejo isso tudo de forma muito positiva. Os atletas recorrem às leis de incetivo, se dedicam com mais tranqüilidade, vivendo da esgrima, botando mais foco nos treinos, se dedicando exclusivamente. Essa é uma realidade que se pensarmos 20 anos atrás parecia impossível.”