Em Toronto 2015, 18 esgrimistas iniciaram a corrida por medalhas na categoria da espada masculina. O brasileiro Nicolas Ferreira participou da competição e garantiu a passagem para as fases eliminatórias, a exemplo do compatriota Athos Schwantes. No duelo das oitavas de final, encarou o estadunidense Jason Pryor, que levou a melhor na ocasião. Agora, o atleta paulista obteve a classificação para Lima 2019 e novamente terá a oportunidade de disputar os Jogos Pan-Americanos. Em conversa com o Olimpíada Todo Dia, ele destacou a expectativa para o que vem por aí.
Na carreira, Nicolas também já representou o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Com maior vivência na modalidade, ele almeja resultados mais expressivos desta vez. “A medalha, sem dúvida nenhuma, é o principal objetivo. Nos Jogos Pan de Toronto, eu perdi de 15 a 12 para o americano. Ele acabou medalhando, ficou em terceiro lugar. Foi muito próximo esse resultado. Três pontos são quase nada na esgrima. O objetivo é a medalha. Nos Campeonatos Pan-Americanos, eu já fui vice-campeão. É algo muito real, não é sonhar demais. Sem contar o fator esporte, em que tudo pode acontecer. É uma competição muito curta, muito rápida, com poucos atletas. Qualquer erro significa uma queda na primeira fase, um acerto pode ser a vaga na final. (A expectativa) é a medalha, sem dúvida nenhuma”.
A preparação ao longo da temporada conta com períodos de treinamento na Europa, especialmente em Roma. Promover novos métodos de trabalho e enfrentar desafios constantes auxiliam no desempenho em competições importantes do cenário da esgrima. “Os treinos sempre muito fortes aqui no Pinheiros e fora do Brasil no início do ano. O pessoal da espada masculina, em especial, tem uma preparação em Roma, na Itália. A gente tem uma sala de esgrima que tem ligação com o Pinheiros. O meu técnico de lá e o técnico daqui, o Marcos Cardoso, sempre estão em contato. Normalmente eu fico dois meses do início do ano por lá, treinando e fazendo todo o Circuito Mundial. No período de janeiro e fevereiro tem umas três Copas do Mundo. Depois disso, eu joguei mais umas três Copas, duas aqui nas Américas e outra na Europa. Consegui resultados muito importantes, ganhando de atletas campeões mundiais e medalhistas olímpicos. Eu sinto que essa, sem dúvidas, vai ser a edição dos Jogos Pan-Americanos em que eu vou participar com mais força. Não só com a experiência, quatro anos mais velho, mas esgrimisticamente falando”.
“O Pinheiros tem uma infraestrutura absurda. Viajando todos os países em que eu pude competir, não existe isso. Não existe mesmo. O Pinheiros é uma excelência absurda. A esgrima é um esporte tipicamente europeu, não tem como fugir disso. A grande diferença (entre Brasil e Itália) é a quantidade de atletas de alto nível que a gente pode jogar contra. Você sendo o melhor atleta em um local, você tende a manter o seu nível. Você sendo um dos atletas mais fracos ou tendo atletas mais fortes do que você na sala de esgrima, isso te puxa a jogar no alto rendimento. E também um aspecto que faz toda a diferença é a proximidade (entre cidades) das Copas do Mundo, que são tipicamente na Europa. Quando eu estou em Roma, em duas horas eu viajo para uma competição na Alemanha, em duas horas eu viajo para jogar uma competição em Paris. Aqui, são no mínimo dez horas de viagem. Faz toda a diferença na preparação da competição”, completou Nicolas Ferreira.
Considerando o retrospecto geral de todas as edições dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil conquistou uma medalha de ouro, quatro de prata e treze de bronze. Para os desafios em Lima, a tendência é de crescimento. “Em relação à esgrima, a gente está com uma nova geração muito forte. A ‘velha geração’, em que eu me enquadro embora tenha só 26 anos, é muito mais experiente. Sem dúvida nenhuma, vamos conseguir resultados inéditos. Eu acredito que a gente consiga medalhas na maioria das provas. Não só pelo fato do treino forte, mas também com a motivação e a garra que todas os atletas estão tendo agora”, garante Nicolas.
Além do esporte, o esgrimista está finalizando a faculdade às vésperas do Pan no Peru. “Eu estou no último semestre de engenharia de produção. Então, esse semestre vai ser bem gostoso, com Jogos Pan-Americanos mais TCC (risos). Mas não tem como fugir disso. A carreira esportiva e a outra carreira têm que andar em paralelo. Eu estou conseguindo levar bem, já passei por um Jogos Pan, passei por uma Olimpíada. Esse último semestre vai ser junto com Lima”.
Título em Lima ou nota 10 no TCC? “Os dois. Se é ouro no Pan, é 10 no TCC com certeza, os professores não vão me reprovar (risos)”.