Texto de Aline Regina, Giovanna Campos e Henrique Marsura
Gritos dizendo “Kmon”, magnésio no ar e muita conversa. É mais ou menos esse o cenário que uma pessoa encontra em um ginásio de escalada esportiva. A modalidade, marcada pelas paredes e agarras coloridas, onde atletas se aventuram em vias, tenta sua estreia como esporte olímpico desde 2008, mas o sonho se tornou real apenas este ano, na edição que acontecerá em Tóquio-2020.
Eventos como o Campeonato Mundial de Escalada e a Copa do Mundo de Escalada definiram as primeiras 13 vagas para os Jogos Olímpicos. No entanto, os brasileiros não se destacaram nestas competições.
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Outra chance de conquistar a vaga olímpica será pelos campeonatos continentais. No caso do Brasil, é o Campeonato Pan-Americano de escalada esportiva. O evento acontece em Los Angeles, nos Estados Unidos, começando nesta terça-feira (24) e vai até o próximo domingo (1º/3).
O atleta que conquistar o primeiro lugar no pódio feminino e masculino consegue a vaga para Tóquio e estará entre os 20 que competirão pela medalha olímpica.
Para a estreia em Tóquio, a competição de escalada acontecerá de maneira combinada, ou seja, juntando as três modalidades (boulder, dificuldade e velocidade) e gerando uma pontuação média. Quer entender mais sobre as modalidades da escalada? Assista o vídeo especial que abre este texto.
Escalada brasileira em busca de um sonho
A escalada esportiva ainda não é um esporte popular no Brasil, mas a entrada nos Jogos Olímpicos está trazendo mais visibilidade ao esporte. O mercado está aquecido: novos ginásios estão surgindo, assim como novos patrocinadores.
No Pan, oito atletas da seleção estarão representando país: Bianca Andrade, Luana Riscado, Thais Makino, Hellen Christina, Cesar Grosso, Felipe Ho, Jean Ouriques e Pedro Nicoloso. Tanto Cesar, quando Bianca, são atletas que moram na Itália e por isso contam com uma estrutura mais atualizada de treino.
Pensando em como melhorar a performance no período que antecede a competição, Felipe Ho, Jean Ouriques, Thais Makino e Luana Riscado chegaram nos Estados Unidos mais de 40 dias antes do campeonato. Assim, puderam treinar nos ginásios onde alguns de seus adversários também estavam treinando.
Felipe Ho explica que a estratégia é importante para aumentar o repertório de treino: “Em São Paulo, eu frequento os mesmos ginásios sempre, então é muito bom ir para fora e escalar coisas novas”, afirmou. Além disso, ele entende que a necessidade de adaptação nos novos ginásios também é um fator que ajuda no crescimento dentro da modalidade.
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O analista de performance da Seleção Brasileira , Arthur Gáspari, explica que os treinos nos Estados Unidos foram definidos em duas etapas: a primeira delas, mais volumosa, com cerca de duas sessões por dia — os atletas treinavam uma modalidade no período da manhã e outra a tarde. Com a aproximação da competição inicia-se a segunda fase: o ritmo de treinos diminui e os atletas têm alguns dias de descanso.
Tanto Ho como Thais Makino perceberam evoluções no período de treino fora do Brasil. Na modalidade de velocidade, os dois apresentaram recordes pessoais, Makino marcou 11s75 e Ho 7s22.
Em relação aos resultados no Pan, Gáspari declara que as expectativas são de que boa parte do time brasileiro alcance as semifinais e alguns deles as finais. “Quanto a estar no pódio ou não, adianto que é o evento mais acirrado dos últimos anos e a gente vai fazer o melhor para conseguir as melhores posições”, afirmou.