Durante uma coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (18), Joe Biden, presidente dos EUA, confirmou a possibilidade de um boicote diplomático de seu país aos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim-2022.
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Antes de mais nada, é necessário esclarecer que, em sua declaração, o presidente não cogita o impedimento da participação de atletas no evento, mas sim dos representantes do Estado americano nos Jogos.
A declaração foi feita após uma série de iniciativas do Congresso americano para pressionar o Presidente a anunciar um boicote. O que chama a atenção é que essas medidas partiram até mesmo de líderes democratas, como Nancy Pelosi, Presidente da Câmara de Deputados dos EUA.
Os parlamentares alegam que o governo comunista chinês estaria promovendo uma perseguição sistemática aos Uigures, na região de Xinjiang. A região fica no extremo Oeste do país, na fronteira com o Paquistão, Afeganistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Cazaquistão.
Quem são os Uigures?
O povo Uigur é de origem Turcomena e, em sua maioria, professa a religião Islâmica Sunita. Críticos de Pequim alegam que, com objetivo de promover a política de “Uma só China”, o governo estaria enviando milhares de uigures para campos de concentração.
O governo de Xi Jinping alega que na verdade os uigures estão sendo levados a centros de reeducação. O presidente, pertencente a etnia Han, a maior da China, afirma que lá eles recebem educação e que a política visa combater o terrorismo islâmico.
Contudo, as denúncias não partem apenas dos EUA. A União Europeia impôs sanções econômicas às lideranças chinesas sob a alegação de tortura e grave violação dos Direitos Humanos em Xinjiang.
Ao mesmo tempo, o governo chinês alega que tais denúncias são “baseadas em nada além de mentiras e desinformação”. Além disso, argumentam que seriam fruto de um pensamento “remanescente da Guerra Fria”, onde os EUA não aceitariam a existência de outra potência global.
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Uma nova Guerra Fria?
Ao longo dos últimos meses, a relação entre Washigton e Pequim tem sofrido inúmeros atritos em diversos temas.
Alguns exemplos são a Guerra Comercial, a disputa pelo Mar do Sul da China (que por sua vez leva a uma maior militarização da região), a autonomia de Taiwan e Hong Kong, a tentativa de proibição, por parte dos EUA, da participação da Huawei na tecnologia 5G de diversos países, a tentativa de banir o Tik Tok em seu território, entre outros aspectos.
Com a sucessão de Trump por Biden no comando americano, as disputas não apenas se mantiveram como ainda tomaram outras formas, como a briga pelo protagonismo global na pauta verde.
Ao olhar todas essas questões “extra esporte” fica mais fácil de entender tudo que cerca o anúncio de possível boicote americano aos Jogos de Inverno.
Portanto, a pergunta que fica é: Estaríamos voltando também a um período onde boicotes no esporte se tornarão novamente comuns?