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Tóquio 2020

Seleção da Austrália faz a 1ª manifestação política dos Jogos

As Matildas, como é conhecida a seleção australiana de futebol, utilizam a bandeira oficial aborígene em sua estreia em Tóquio

Seleção de futebol feminino da Austrália segura a bandeira aborígene

A Cerimônia de Abertura de Tóquio-2020 acontecerá apenas nessa sexta-feira (23), mas as competições de Futebol e Softbol já tiveram as primeiras partidas.

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E em umas dessas partidas, a seleção australiana feminina de futebol já deu o tom de quão importante serão as manifestações políticas nessa edição.

Durante a execução do hino nacional, ao invés da bandeira tradicional, as jogadoras seguravam a bandeira aborígene australiana.

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A relação entre a Austrália e os Aborígenes

É estimado que quando o capitão James Cook chegou na Austrália, em 1770, mais de um milhão de aborígenes ali moravam. Contudo, na virada do século 2000 esse número era menos de 450 mil, ante os mais de 19 milhões de habitantes.

Durante o período colonial, o governo britânico via os aborígenes como uma cultura inferior e que deveria ser sobrepujada. Porém, mesmo após a independência política isso foi mantido.

Entre 1910 e 1970, o governo australiano promoveu uma política de assimilação dos aborígenes, para extinguir sua cultura através da integração forçada a sociedade não-indígena. É estimado que cerca de 100 mil crianças nativas foram retiradas à força de suas famílias.

Na década de 60, quando houve a liberação do voto aos povos nativos, havia apenas 40 mil aborígenes em todo país.

A sociedade australiana precisava urgentemente passar por mudanças. E parte da sua população pressionava para isso.

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O início da mudança

No ano de 1991, o parlamento da Austrália instituiu o “Conselho para a Reconciliação Aborígene” cujo objetivo seria o de, durante 10 anos, analisar leis que deveriam ser revogadas e atos que pudessem promover uma convivência harmônica entre nativos e não-indígenas.

Após a revogação de inúmeras leis discriminatórias, em 1997 foi publicado o relatório “Bringing them home” (Tragam eles para casa), que detalhava a extensão das políticas de separação das crianças de suas famílias nativas.

Já em maio de 2000, foi realizado o Corroboree (nome de uma cerimônia aborígene) 2000 no Sidney Opera House.

Diversos líderes, entre aborígenes e não-aborígenes, incluindo o Primeiro-Ministro, se encontraram para assinar dois documentos: A Declaração Australiana Acerca da Reconciliação e o Mapa para a Reconciliação.

Além disso, os organizadores haviam convocado uma marcha pela reconciliação, na Sydney Harbour Bridge para o dia seguinte.

Então, cerca de 250 mil pessoas foram até a ponte, muitas com a bandeira aborígene (que se tornara oficial em 1995). Outras tantas carregavam cartazes com pedidos de desculpas. Eram pessoas comuns envergonhadas com as atrocidades cometidas por seu governo.

Dezenas de outras marchas ocorreram naquele ano, que pouco depois ficou marcado pelo gesto de Cathy Freeman, uma aborígene, acender a pira olímpica em Sidney-2000, em um claro indicativo de unificação do país.

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Desde então, a Austrália tem buscado cada vez mais integrar a sua população nativa, mas de uma maneira que respeite e valorize sua cultura.

É por isso que gesto das Matildas de usar a outra bandeira oficial da Austrália antes da vitória por 2×1 diante da Nova Zelândia é mais um passo de importante de valorização de seus povos.

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