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Larissa e Babi falam de maternidade: “Assumam quem vocês são”

No fim de semana do dia das mães, Larissa relembra gravidez da esposa Lili e nascimento de Gael, enquanto Babi revela sonho de adoção

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Larissa com a esposa e filho, e Babi com a namorada (Olimpíada Todo Dia)

Modalidades diferentes, idades distintas, e um sonho em comum: ser mãe. Larissa Maestrini, do vôlei de praia, já realizou o sonho, enquanto Babi Arenhart, do handebol, ainda espera pela maternidade. Elas, porém, têm mais um aspecto em comum. Ambas são e não tiveram problema em se declarar homossexual, algo ainda raro no meio do esporte. Por isso, no fim de semana do Dia das Mães, nada melhor do que ouvir as personagens principais dessa história.

Tudo mudou na vida de Larissa quando ela conheceu a também jogadora de vôlei de praia Lili Maestrini em um torneio na Suíça, em 2010. Três anos depois, as atletas se casaram. “Foi mágico e foi amor à primeira vista. E lá se vão 10 anos de amor e cumplicidade”, contou Larissa ao Olimpíada Todo Dia. 

O sonho de ser mãe sempre esteve presente na vida da capixaba, hoje com 38 anos. A realização do sonho, porém, não foi tão simples. No final de 2012, após conquistar o bronze nas Olimpíadas de Londres, Larissa se despediu das quadras para dar início ao processo de se tornar mãe.

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“Sempre me senti muito realizada, o vôlei me deu tudo. Mas faltava uma coisa: minha família. Sempre tive o sonho de ser mãe e quando conheci a Lili, tive certeza que seria com ela. E em 2013 tudo começou a se realizar. Casamos e comecei o tratamento para engravidar. Fiquei grávida por duas vezes, mas perdi o bebê”, relembrou. “Voltei a jogar em 2014 para as Olimpíadas e deu tudo certo, joguei a Rio 2016“.

A maternidade

A maternidade, no entanto, seguia falando mais alto. E em 2017, Larissa parou de jogar novamente para retomar o sonho. Sonho esse que se tornou realidade em outubro do ano passado. “Começamos todo o processo novamente. Dessa vez, a Lili tentou e ficou grávida de primeira. Foi muito especial. Hoje estamos com nosso príncipe (Gael) e super realizadas, completas”. 

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Larissa e o recém nascido Gael (Instagram/lili_maestrini)

Babi Arenhart, goleira da seleção brasileira de handebol, por sua vez, ainda está construindo a maternidade, mas também sempre teve o sonho de ser mãe. E tem planos diferentes. “Eu tenho o sonho de construir uma família, mas apesar disso, não tenho o desejo de engravidar neste momento e nem em um futuro breve. Meu sonho sempre foi adotar uma criança e eu acredito que o destino ainda vai me presentear com isso”, contou ao OTD.

Aos 33 anos, Babi ressalta que não gosta de fazer planos a longo prazo e prefere viver 100% o momento presente. Assim, enquanto a goleira não define os planos e espera para concretizar o sonho, Larissa já pensa no próximo filho.

“A sensação (quando Gael nasceu) foi indescritível. Me diziam que só quando fosse mãe saberia como é ser mãe, o amor infinito. E hoje estamos vivendo tudo isso. É mágico , especial demais. Estamos amando todas as fases e queremos ter mais filhos”.

A volta às quadras

Após realização do sonho de ser mãe, Larissa decidiu voltar às quadras. E desta vez, com uma parceira para lá de especial: a esposa e mãe de seu filho, Lili. 

“Não é fácil no início. Precisa de muita organização e disciplina. Demoramos um pouquinho para  organizar tudo, mas agora está bem tranquilo. O Gael nos ajuda muito com sua tranquilidade, é um menino muito bom. A vida de mãe e atleta é bem diferente na vida só de atleta. Mas considero que estamos nos adaptando bem a essa nova fase nas nossas vidas e carreira. Estamos felizes!”

Eu admiro muito as mães atletas que voltam a competir e treinar em alto nível após o nascimento de seus filhos. Acho isso lindo”, completa Babi.

+Adiamento de Tóquio muda planos de maternidade de atletas

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A dupla Larissa/Lili e o treinador e jogador, Ricardo (Instagram/lili_maestrini)

Cartão vermelho ao preconceito

A pauta LGBT, no entanto, ainda é um tabu e alvo de preconceito da sociedade, não sendo diferente no meio esportivo. Casos de homofobia contra atletas ainda são recorrentes e, até por isso, existe o medo de se declararem homossexual. Larissa e Babi são, portanto, exceções. Especialmente Larissa, que, felizmente, não enfrentou qualquer tipo de preconceito por ter um filho com outra mulher. 

“Tivemos total apoio sempre da família e pessoas próximas, e não tivemos problemas com o público. Pessoas que tem esse tipo de atitude, sinceramente, não merecem nem meu comentário”. 

“Eu acredito que cada um tem uma verdade e infelizmente muitos casais homossexuais ainda sofrem preconceito, mas também vejo que isso acontece com cada vez menos frequência, ou pelo menos é a verdade que eu quero acreditar. Qualquer pessoa tem o direito de construir a sua família da maneira que a fizer feliz e essa felicidade não deveria incomodar ninguém. Eu apenas desejo que cada um possa viver livremente a sua felicidade e que possam desfrutar do amor genuíno por suas famílias, sem ter que carregar um peso nas costas e a dor do preconceito por isso”, concorda Babi.

Assim, no primeiro dia das mães de Larissa, Lili e Gael, o recado é sobre amor. Rótulos muitas vezes escondem as essências e carregam consigo julgamentos. Por isso, antes de serem mãe homossexual, elas são simplesmente mães.

“Precisamos de amor, porque as pessoas esquecem os valores, esquecem de olhar para si, e só pensam em criticar, julgar. Nós não entramos nesse mundo. Vivemos o mundo do amor e da solidariedade e é esse o conselho e exemplo que queremos dar às pessoas. Sejam felizes! Sejam e assumam quem vocês são! Porque só assim serão felizes. E não esqueçam, as pessoas que te amam estarão sempre ao seu lado”.

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