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Com 1,75 m, lenda do vôlei provou que altura não é documento

Tricampeã olímpica e mundial, Mireya Luis precisou esconder uma gravidez e superar uma depressão para entrar para história e ser até hoje uma das melhores jogadoras de vôlei de todos os tempos

Mireya Luis - Vôlei
Mireya Luis é tricampeã olímpica e mundial com a seleção de Cuba (Divulgação)

Altura, geralmente, é um requisito fundamental para um(a) atleta de vôlei. Mas não para Mireya Luis. Com 1,75 m, ela provou para o mundo que alguns centímetros a menos não fez diferença para ela liderar a seleção cubana de vôlei para ser tricampeã olímpica e mundial, e se tornar umas da maiores jogadoras da modalidade de todos os tempos. 

Mireya Luis fez história na seleção cubana, somando mais de 40 medalhas nos mais importantes torneios de vôlei do mundo. A seleção brasileira, inclusive, conheceu bem de perto o talento da adversária, que adiou a primeira medalha de ouro da equipe em Atlanta-1996 e Sydney-2000. 

O início da vida pessoal e profissional de Mireya, no entanto, foi repleta de acasos. E o primeiro deles foi o seu próprio nascimento. Depois de seis filhos homens, enfim nasceu a primeira mulher, Mirta. A mãe, Catalina, queria ligar fazer uma cirurgia para não ter mais filhos, mas o marido não concordou. E daí, nasceu Mireya. 

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A segunda casualidade foi sua entrada no vôlei. E foi justamente Mirta a grande incentivadora. Ela conheceu a modalidade ainda na escola e chegou a jogar pela seleção juvenil de Cuba. Ela insistiu para que os treinadores da Escola de Iniciação Esportiva dessem uma chance para a irmã, que relutavam pela altura de Mireya, com 1,48m, aos 11 anos. 

A treinadora pediu então que Mireya pulasse e alcançasse o teto, que ficava a 2,45m do chão. E ela conseguiu não uma, mas várias vezes. Começava ali uma história lendária. Quatro anos depois deste episódio, ela já estava na seleção adulta de vôlei de Cuba. 

Pequena gigante

Com apenas 19 anos, Mireya Luis já estava no meio de um time repleto de estrelas da geração anterior à sua. Em 1986, às vésperas de seu primeiro Mundial, entretanto, ela descobriu que estava grávida de sua primeira e única filha. A gravidez foi mantida em sigilo e apenas nove dias após dar à luz, ela voltou a treinar. E no Mundial, foi peça importante na campanha que rendeu o quarto lugar. 

Três anos mais tarde, veio a estreia no lugar mais alto do pódio, quando levou à seleção ao ouro na Copa do Mundo e foi eleita a melhor jogadora do torneio. A consagração, no entanto, veio nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992. Em sua estreia no maior evento do mundo, Mireya Luis foi decisiva para que seu time chegasse à medalha de ouro, a primeira do país e da geração de ouro do vôlei cubano. 

Mireya Luis - Vôlei
Geração de ouro de Cuba (Instagram/mireyaluishernandez)

A partir de então, Mireya firmou-se como líder de uma geração que dominou o vôlei nos anos 90. Mireya Luis e a seleção cubana de vôlei conquistaram Campeonatos Mundiais, Grand Prix e mais ouros olímpicos. Em Atlanta-1996, as então campeãs olímpicas bateram a seleção brasileira de Ana Moser, Fernanda Venturini e companhia na semifinal para repetir o feito e defender o título. As conquistas, entretanto, foram pouco perto do talento dentro de quadra de Mireya Luis. 

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A pequena gigante impressionava. Eram 1,75 metros de puro talento, força e potência. Mireya Luis era capaz de saltar mais de 1,0 m do chão, atingindo em torno de 3,35 m no momento do ataque. Tinha ainda muita versatilidade e a um vasto repertório de técnicas individuais, brilhando também nos bloqueios e no jogo tático.

Depressão e aposentadoria

Mireya Luis - Vôlei - Seleção cubana de vôlei
Mireya Luis se aposentou em 2001 (Divulgação/FIVB)

A carreira de Mireya Luis, no entanto, entrou em decadência após o bicampeonato olímpico. Começou a perder espaço na seleção e sofreu com uma crise depressiva depois do Pan de 1999. Com uma lesão no ombro ainda, ela foi dúvida para os Jogos de Sydney-2000. Ainda assim, foi convocada para sua terceira Olimpíada. E mesmo que no banco na maior parte do tempo, ela foi tricampeã olímpica. 

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No ano seguinte, em 2001, chegava ao fim, com festa e presença de Fidel Castro, a carreira vitoriosa e marcante de Mireya Luis como jogadora da seleção cubana, mas se manteve perto do esporte, sendo coordenadora das seleções de vôlei de quadra e praia. E o seu legado ficou escrito na história do esporte. Não à toa, nenhuma outra geração conseguiu conquistar três ouros olímpicos consecutivos como a liderada pela pequena gigante.

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