Marie-Jose Perec é a maior atleta francesa de todos os tempos. Conhecida como “Gazela” pela sua figura forte e veloz, ela é tricampeã olímpica e a primeira atleta (e única mulher até hoje) a ganhar dois ouros olímpicos nos 400 metros. E ela poderia ter feito ainda mais história, se não fosse um infeliz episódio naquela que teria sido sua última Olimpíada.
Antes da glória, no entanto, o acaso. Marie-Jose Perec nasceu na ilha francesa de Guadeloupe e nunca pensou em ser atleta. Mas o destino quis que esporte entrasse em sua vida e teve a ajuda de um professor, que notou a velocidade da ainda pequena menina.
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Em 1984, aos 16 anos, ela foi recrutada por um técnico francês que a levou ao continente. E os resultados logo apareceram. Marie-Jose Perec ficou em segundo lugar nos 200 metros rasos no campeonato francês de juniores, já chamando a atenção. Mas foi quatro depois, que ela começou a despontar de fato.
Ela estabeleceu seu primeiro recorde nacional nos 400 metros e fez sua estreia olímpica nos Jogos de Seul-1988, quando chegou às quartas de final nos 200 m. Daí em diante, a ascensão foi meteórica.
As glórias olímpicas
Antes da Olimpíada de Barcelona-1992, Marie-Jose Perec foi pavimentando seu caminho e sua imagem. Em 1991, ela quebrou a barreira dos 11s nos 100 m e 50s nos 400 m, prova em que foi campeã mundial pela primeira vez.
Assim, ela chegou aos Jogos de Barcelona como favorita nos 400m e correspondeu às expectativas. A então atual campeã, Olha Bryzhina, liderou a prova na reta final, mas Perec usou suas passadas largas e elegantes, fazendo jus ao apelido de Gazela, para se afastar e vencer por quase dois metros.
Marie-Jose Perec continuou a dominar os 400m entre as edições dos Jogos, com mais um título mundial, e chegou novamente como favorita em Atlanta-1996. Ela obteve outra clara vitória e se tornou a primeira corredora a vencer os 400 m duas vezes em edições de Olimpíadas. Até hoje, apenas Michael Johnson igualou o feito.
Como se não bastasse, três noites depois, Perec voltou a fazer história. Na final dos 200m, ela derrotou Merlene Ottey da Jamaica por um metro e se tornou a segunda corredora da história a vencer os 400m e os 200m em uma mesma edição de Jogos Olímpicos.
De 1992 a 1996, Marie-Jose Perec foi a líder do ranking mundial nos 400 metros, exceto em 1993 quando, apesar das objeções de seu técnico, ela se concentrou nos 200 metros, marcando um recorde pessoal de 21,99 segundos.
Lesões e ameaça
Após os feitos alcançados em Atlanta-1996, Marie-Jose Perec não conseguiu manter o nível. Ela sofreu várias lesões e contraiu o vírus Epstein-Barr, que exauria sua energia, o que a obrigou a não participar do Campeonato Mundial de 1999. Ainda assim, ela conseguiu se classificar para Sydney-2000, mas se tornou alvo de jornalistas australianos que a viam como a principal oponente da favorita da casa, Cathy Freeman.
Isolada em um hotel fora da Vila Olímpica, Perec deixou a Austrália em meio ao frenesi da mídia pouco antes da corrida, alegando que um homem forçou sua entrada em seu quarto de hotel e a ameaçou. O episódio, então, impediu que ela fizesse mais história do já havia feito.
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Embora a “Gazela” não tenha se aposentado oficialmente até 2004, ela raramente competiu depois de Sydney, novamente sofrendo de lesões. E decidiu pendurar os tênis depois não ter um bom desempenho no Mundial de 2003.
Em 2007, ela se formou em Gestão Esportiva e é membro do clube ‘Champions for Peace’ (campeões pela liberdade), um grupo de mais de 70 atletas de elite comprometidos em promover a paz no mundo por meio do esporte. Marie-Jose Perec ainda foi eleita presidente da Liga de Atletismo de Guadeloupe e em 2013, entrou para o Hall da Fama da World Athletics (Federação Internacional de Atletismo).
