Os Jogos Olímpicos de Melbourne-1956 estava em sua reta final. Foi quando um garoto de apenas 17 anos resolveu enviar uma carta para o comitê organizador, sugerindo uma mudança na cerimônia de encerramento da Olimpíada. A ideia foi considerada genial numa época em que o mundo vivia as tensões políticas da Guerra Fria entre as superpotências Estados Unidos e União Soviética e os organizadores correram contra o tempo para conseguir aplicá-la.
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O garoto era John Ian Wing, um aprendiz de carpinteiro descendente de chineses. Poucos dias antes do fim dos Jogos, ele escreveu uma carta anônima aos organizadores sugerindo que os atletas de todos os países entrassem juntos no estádio na cerimônia de encerramento para simbolizar uma unidade global. “Durante o desfile haverá apenas uma nação. Guerra, política e nacionalidade serão esquecidas. O que mais alguém poderia querer se o mundo inteiro pudesse ser como uma única nação. Bem, você pode fazer isso de uma maneira pequena. É assim que eu acho”, dizia um trecho da carta.
A ideia atraiu o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, Wilfred Kent Hughes, mas só faltava um dia para a cerimônia de encerramento. Ele convou então uma reunião na Vila Olímpica com todos os chefes de missão dos países, que concordaram com a mudança, que foi repetida depois em todas as edições dos Jogos.
O curioso é que a carta escrita por John Ian Wing foi anônima e ele só teve sua identidade revelada 30 anos depois, quando o historiador do Comitê Olímpico Australiano, Harry Gordon, o encontrou na Inglaterra para onde o idealizador do novo formato do desfile de atletas na cerimônia de encerramento se mudou nos anos 60.
Em 1986, John Ian Wing foi levado para a Austrália para ser homenageado. Depois, voltou ao país por conta dos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 e em 2006, nos 50 anos de aniversário da Olimpíada de Melbourne, ele foi recebido novamente na cidade para comemorações.
Outra curiosidade é que John Ian Wing não tinha condições, na época, de comparecer à cerimônia de encerramento. Ele, aliás, foi ao cinema enquanto Melbourne se despedia dos Jogos. Quando o filme terminou, revelou que assistiu à reprise da festa na televisão de uma vitrine de uma loja de departamentos e revelou a Gordon: “Os atletas pareciam estar fazendo o que eu queria que eles fizessem. Mas não tinha certeza se era por causa da minha carta ou se os organizadores já haviam planejado aquilo”.
Nos jornais do dia seguinte à cerimônia de encerramento, foi revelado que a ideia que mudou para sempre o final de todas as edições dos Jogos Olímpicos tinha sido anônima. Inclusive, a imprensa pediu para que o autor da carta se apresentasse. Mas, na época, John Ian Wing não quis confessar a autoria porque não havia contado da iniciativa ao pai e ficou medo de que ele ficasse bravo.
Antes da sugestão dada por John Ian Wing, os atletas entravam na cerimônia de encerramento do mesmo jeito que faziam na abertura, separados pelas delegações de seus países.
PROTOCOLO DA CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO
No protocolo atual da cerimônia de encerramento das Olimpíadas, é tocado no começo da festa o hino nacional do país-sede e logo em seguida acontece a entrada das bandeiras de todas as nações que participaram das competições, cada uma delas carregada por um atleta que tenha tido destaque nos Jogos.
Logo em seguida, começa o desfile dos atletas. Eles andam em massa e sem nenhuma ordem particular. Eles entram no estádio após o programa artístico e permanecem no centro do campo ao longo de toda a cerimônia.
Após o desfile dos atletas, é realizada cerimônia de vitória. O Comitê Olímpico Internacional, com a ajuda do Comitê Organizador, decide qual evento terá suas medalhas entregues durante a cerimônia de encerramento, geralmente é a maratona masculina como foi o caso dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016. Nas primeiras edições dos Jogos, todas as medalhas foram apresentadas no último dia.
O próximo elemento do protocolo é a apresentação dos atletas eleitos por seus pares para a Comissão de Atletas do COI durante os Jogos. Em nome dos atletas, esses novos membros, em seguida, apresentam um buquê de flores aos representantes dos voluntários, como uma homenagem e sinal de gratidão pelo trabalho realizado durante os Jogos.
Na Rio-2016, pela primeira vez na história olímpica moderna, foi oferecido um local de luto particular para os atletas da Vila Olímpica. Isso incluía uma pedra de Olympia e permitia a todos os atletas lamentar aqueles que haviam falecido, de uma maneira especial e digna. Durante a cerimônia de encerramento, houve um momento de lembrança para permitir que todos se lembrassem de entes queridos que já se foram, mas que foram importantes na vida de todos.
O sétimo elemento do protocolo é a bandeira grega sendo levantadado lado esquerdo da bandeira olímpica. O hino nacional grego é tocado simultaneamente. Este é um símbolo da ligação entre os Jogos da Antiguidade e os da era moderna.
Então chega um momento solene, a bandeira olímpica é abaixada ao som do hino olímpico. Os prefeitos da atual cidade anfitriã e da próxima cidade anfitriã se juntam ao Presidente do COI. O prefeito da cidade anfitriã entrega a bandeira ao presidente do COI, que a entrega ao prefeito da próxima cidade anfitriã. A bandeira do próximo país anfitrião é então levantada à direita da bandeira do atual país anfitrião, ao som do seu hino. Essa entrega é um destaque simbólico. A bandeira geralmente será exibida na prefeitura da cidade anfitriã nos próximos quatro anos.
Para marcar ainda mais essa transição de uma cidade para outra, um segmento artístico da cerimônia de encerramento, com duração de oito minutos, é dedicado à próxima cidade anfitriã. Este segmento é um convite para a juventude do mundo participar dos próximos Jogos.
Após esse segmento da cerimônia, que nos projeta para o futuro, o Presidente do Comitê Organizador faz um breve discurso agradecendo aos atletas e voluntários, antes de passar a palavra ao Presidente do COI, que declara encerrados os Jogos e convida os jovens do mundo a vir juntos para a próxima edição dos Jogos Olímpicos, quatro anos depois. O último elemento do protocolo é, sem dúvida, o mais comovente: a chama olímpica é extinta no estádio.