Oi Zanetti, como andam as coisas por aí?
Espero que a sua preparação para Tóquio esteja bem, na medida do possível, é claro. Estou te escrevendo para revelar uma coisa. Nunca vou esquecer aquela segunda-feira, 6 de agosto de 2012. Era a primeira vez que eu estava nos Jogos Olímpicos e acompanhava uma apresentação sua. Foi um dia mágico que mudou a minha vida, como também deve ter mudado a sua, imagino.
Não sei se você lembra, era verão em Londres, mas fazia frio. Acordei cedo, fui até a estação de King’s Cross e atravessei a cidade de metrô para acompanhar a ginástica artística na Arena de North Greenwich. Tudo era novo para mim.
Sabe Zanetti, quando você colocou a medalha no peito eu tive a certeza de que nada neste mundo é dado de presente, mas com esforço e dificuldade. Foi uma aula que mostrou que a perseverança é favorável e a recompensa um dia chega.
Recordando hoje, aquele primeiro lugar teve gosto de esperança. Você mostrou para todos os jovens brasileiros do quanto cada um era capaz. Você transmitiu a esperança de sermos melhores no presente do que éramos no passado. Se você conseguiu, eu poderia conseguir realizar os meus sonhos também.
Você foi o último a se pendurar nas argolas na final. Fiquei 2 minutos sem respirar, hipnotizado, vendo a sua apresentação. Já não enxergava um atleta, mas um artista no espetáculo ao estilo Cirque du Soleil. Fiquei impressionado quando você mostrou como se faz um verdadeiro crucifixo, imóvel, igual ao Cristo Redentor com os braços abertos sobre a Guanabara. Quando vi no telão, aqueles 15.900 pontos acenderam uma explosão de alegria.
Quando tudo terminou, voltei para o hotel e coloquei a cabeça no travesseiro ainda impactado ao ver um jovem do interior paulista ganhar o mundo. Uma página da história tinha sido escrita naquele dia por um gigante de 1,56m. Eu estava lá e presenciei o Brasil se tornar o país da ginástica, mesmo que tenha sido só naquele dia.
Voltando ao assunto Arthur (posso te chamar assim?), aquela segunda-feira mudou a minha vida porque foi ali que percebi o que me fazia feliz: viver e contar histórias como aquela por meio do jornalismo. Foi o meu dia “D”. Eu já trabalhava com esporte quando cheguei em Londres e já tinha um Pan no currículo, mas o ouro mostrou que eu estava no caminho certo. Ele me fez acreditar nos meus sonhos, Arthur.
Quatro anos depois vibrei novamente com o seu pódio no Rio. Em Tóquio, espero ver novamente você dando o máximo nas argolas. Se ganhar ou não, é o mistério do esporte que iremos saber só na hora. O mais importante é que você continue levando esperança e alegria para os brasileiros, pois estamos precisando.
Grande abraço e, se tudo der certo, nos vemos na terra do Pikachu.