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Crônicas Olímpicas

Perigo do mar aberto

Ao ver os nadadores se aventurando em rios, lagos ou mares, penso logo: tem que ter muita coragem. Já teve atleta mordido por tubarão.

Admiro as pessoas que praticam águas abertas. Além de nadar e ter fôlego, o nadador precisa de muita coragem. Sempre tive medo de entrar em água que não consigo enxergar o fundo. Tenho medo de peixe, de cobra, de água viva, raia ou qualquer outro bicho que possa me pegar desprevenido.

Ao ver os nadadores se aventurando em rios, lagos ou mares, penso logo: tem que ter muita coragem. Aqui em Brasília, por exemplo, a modalidade é praticada no Lago Paranoá. Lembro que um amigo me convidou para experimentar o esporte no lago. Até tentei, mas na hora H amarelei. Fiquei pensando logo do meu medo de encontrar alguma capivara ou jacaré, comuns no Paranoá.

Eu não sou o único medroso. Senti representado certa vez quando entrevistei a maratonista Poliana Okimoto. Ela contou que tinha medo de nadar no mar, por isso foi sofrido para ela mudar das piscinas para o mar aberto. “Tinha medo de bicho, tubarão, peixe, arraia, tudo!”, disse.

Se Poliana sempre teve medo, fico pensando o que passou pela cabeça do também maratonista Adherbal Treidler de Oliveira, 46 anos. Em julho de 2019, estava no Havaí para competir a prova da Travessia do Canal de Molokai. No meio da prova de 41,8km, ele foi mordido na coxa esquerda por um tubarão. Meu Deus, que desespero, susto, medo. Atacado, ele ficou bastante ferido e abandonou a prova.

A história da mordida de tubarão foi lembrada pelo jornalista Alexandre Pussieldi, no blog do Boach. Adherbal é um ícone das águas abertas no país. Ele é o criador da tradicional Travessia do Leme ao Pontal. Em 2019, o atleta consquistou o prêmio World Open Water Male Swimmer of the Year de 2019.       

O Brasil também teve reconhecimento internacional também no feminino no ano passado. A atleta Ana Marcela Cunha foi eleita pela Fina como a melhor atleta de águas abertas do mundo em 2019. Em dez anos de realização do prêmio, a brasileira conquistou seis títulos. Aprendi com as águas abertas que coragem mesmo não é enfrentar os animais, mas superar o próprio medo. Como fez Poliana Okimoto ao fazer uma escolha ousada de trocar as piscinas pelas águas abertas e, depois, se tornou uma das principais atletas da modalidade no país.

Breno Barros, 33 anos, gosta de olhar os diferentes esportes olímpicos de forma leve. Participei da cobertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, dos Jogos Olímpicos da Juventude de Argentina 2018 e da China 2014, dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, de Toronto 2015 e de Guadalajara 2011. Estive também nas coberturas dos Jogos Sul-Americanos da Bolívia 2018 e do Chile 2014.

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