Uma medalha olímpica não define ninguém. Um grande atleta não precisa de uma medalha no currículo para ser considerado um grande atleta. Pode parecer estranho, mas esse é o molho da magia do esporte. A medalha é um símbolo importante, eu sei, mas não é necessária. Valorizar só a medalha é igual julgar um livro pela capa.
O esporte não é uma ciência exata. O esporte espelha a nossa humanidade. A vida real é feita de ganhar e de perder. O contexto é mais importante do que o momento. A história mostra que existem atletas que têm uma medalha olímpica no currículo mas tiveram uma carreira inexpressiva. São homens e mulheres de uma conquista. Para entrar na história o retrospecto vale mais do que a medalha.
Um dos maiores jogadores de basquete da história dos Jogos Olímpicos nunca subiu ao pódio, por exemplo. O brasileiro Oscar Schmidt é lembrado até hoje pelos seus feitos em quadra. O Mão Santa, com 2,05m de altura, é o maior cestinha da história das Olimpíadas, com 1.093 pontos. Ele também é o maior pontuador da história do basquete, com 49.737 pontos.
Em 1988, Oscar tinha 30 anos quando representou o país nos Jogos de Seul. Na partida contra a Espanha, ele marcou 55 pontos e conseguiu a impressionante média de 42,3 pontos por jogo, recorde até hoje de maior cestinha de uma partida nos Jogos.
Basta olhar a carreira do Guga (ex-tenista Gustavo Kuerten) também. Ele é o maior tenista masculino da história do país e um dos maiores do mundo. Tricampeão de Roland-Garros, Kuerten foi o único tenista a ganhar de Peter Sampras e Andre Agassi no mesmo torneio. Ele entrou para o Hall da Fama da Associação de Tenistas Profissionais (ATP). Mas quando se fala em Jogos Olímpicos, Guga foi eliminado nas quartas-de-final dos Jogos de 2000, em Sydney, perdendo para Yevgeny Kafelnikov. Foi a sua única participação.
É difícil de acreditar, mas a judoca Erika Miranda não tem medalha olímpica. Com quatro pódios em Campeonatos Mundiais, ela tem uma carreira mais sólida e constante do que alguns judocas medalhistas olímpicos que contam com só um grande título em toda a carreira.
Fabiana Murer é outra atleta que pendurou as sapatilhas e não teve a oportunidade de subir ao pódio olímpico no salto com vara. Porém, ela teve uma carreira inquestionável. Foram quatro medalhas em campeonatos mundiais (sendo duas indoor). Ela foi campeã mundial, pan-americana, recordista brasileira e sul-americana da modalidade, mas a sorte nunca esteve com ela nos Jogos Olímpicos.
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Nas piscinas, Etiene Medeiros é a melhor nadadora da história do Brasil. Ela se tornou a primeira mulher do país a conquistar uma medalha de ouro em um Campeonato Mundial de Natação (tanto de piscina longa, quanto o de piscina curta) e em Jogos Pan-Americanos. Porém, terminou em oitavo lugar nos Jogos Olímpicos do Rio.
A lista de grandes atletas que não tiveram a oportunidade de subir ao pódio olímpico é grande. No país que só valoriza quem sobe ao pódio, grandes nomes do esporte mostram que uma carreira vai além de uma medalha.