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Crônicas Olímpicas

A diversidade do universo olímpico

Ser jornalista que cobre esportes olímpicos é um problema. Os amigos e parentes pensam que você é uma espécie de algoritmo do Google voltado para o esporte. Eles acreditam que você sabe na ponta da língua tudo sobre as modalidades: de badminton ao tiro com arco. De futebol ao skate. Como se fosse fácil ser especialista em generalidades.

Mesmo os mais obcecados por esportes têm os seus momentos de apagão. Não é para menos. Uma edição de Jogos Olímpicos conta com mais de 30 esportes. Cada um é como um universo paralelo, com características, regras e público próprio. É quase impossível acompanhar tudo de perto, além de conhecer todos os atletas. Na verdade, eu queria ter uma memória igual a dos tiozões mais velhos que lembram de cabeça a escalação da Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1970 e o time do Flamengo que conquistou o Mundial de Clubes de 1981.

A dificuldade de falar sobre esportes olímpicos não é segredo para ninguém. O público é grande, porém segmentado. São dezenas de modalidades. Cada uma é como uma ilha, isolada. Quem gosta de natação, por exemplo, não necessariamente gosta de acompanhar as histórias de judocas ou esgrimistas. Vice-versa. Sei que é muita coisa para lembrar.

Tanto que não sei de tudo, que já fiquei mais perdido do que cego em tiroteio em algumas situações. Me lembro da primeira vez que assisti a uma partida de hóquei sobre a grama. Era a seleção brasileira. A única coisa que sabia era de que os jogadores tinham que fazer gol no adversário, igual ao futebol. De resto, era uma negação. Não sabia a quantidade de jogadores de cada lado, o tempo da partida, quando era falta, se tinha impedimento. Só achei os uniformes engraçados. Bem ao estilo armadura, os goleiros estavam vestidos para se protegerem das boladas que chegam até 120km/h.

Outra modalidade que fico um pouco perdido é a ginástica artística. Acho tudo lindo e nunca consegui acompanhar o raciocínio dos árbitros. A minha opinião é a mesma a dos árbitros somente quando os atletas caem no chão. De resto, nunca acerto. Quando acho legal, a nota é baixa. Quando penso que o ginasta não foi bem, os árbitros adoram. Confesso que tenho dificuldades para entender.

O judô é outro “tendão de aquiles”. Desculpe Mayra, Erika, Sarah Menezes, Rafaela Silva, Tiago Camilo e Baby. Só consigo identificar o ippon. Ainda bem que nas principais competições os tatames contam com um monitor indicando o placar, quando é yuko, wazari e a marcação do tempo.

Por outro lado, existem esportes que são fáceis de compreender, mesmo não acompanhando o dia a dia da modalidade. Ciclismo, corrida de rua, marcha atlética, natação, remo e triatlo são fáceis. Quem cruza a linha de chegada primeiro ganha. A graça de esportes olímpicos fica por conta da diversidade. A graça não é saber tudo, mas descobrir novidades a cada esporte, cada cobertura, cada história de vida dos atletas. Só sei que esse universo olímpico é muito interessante.

Breno Barros, 33 anos, gosta de olhar os diferentes esportes olímpicos de forma leve. Participei da cobertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, dos Jogos Olímpicos da Juventude de Argentina 2018 e da China 2014, dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, de Toronto 2015 e de Guadalajara 2011. Estive também nas coberturas dos Jogos Sul-Americanos da Bolívia 2018 e do Chile 2014.

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