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Coronavírus

Colada no caos, patinadora brasileira relata clima nos EUA

Isadora Williams mora perto de Nova York, epicentro do vírus no país que registrou mais de mil mortes decorrentes do coronavírus em apenas um dia

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Isadora Williams é filha de brasileira (instagram/isadorable96)

A brasileira Isadora Williams vive em Montclair, no estado de Nova Jersey, Estados Unidos, a cerca de 20 quilômetros de Nova York, epicentro dos casos do novo coronavírus (covid-19) no país, que resitrou quase 1,2 mil mortes somente nesta quinta-feira (2).

O rápido avanço da pandemia na metrópole preocupou a patinadora. Só lá foram registradas até quarta (1º), mais de mil mortes. “É assustador, pois moro perto. Todas as pessoas estavam dentro de casa, em quarentena. Muitos mercados e lojas fechando, não tinha as coisas necessárias. Dirigi até a casa dos meus pais (em Washington, capital do país) porque está mais tranquilo que Nova York. É muito triste”, relata Isadora Williams para Lincoln Chaves, repórter da TV Brasil.

A disseminação do novo coronavírus pelo mundo impactou a temporada de preparação da brasileira. No dia 16, ela disputaria o Mundial de Patinação no Gelo em Montreal, no Canadá, mas o evento foi cancelado cinco dias antes da abertura por conta da pandemia. Seria a quinta participação dela na competição, a quarta vez consecutiva. “Foi muito triste (o cancelamento) porque treinei muito forte, de maneira muito intensa. Mas, acho que foi saudável para todos e o mais importante para atletas e público, pois é um vírus muito sério”, conta a atleta de 24 anos.

Quando Isadora Williams destaca a intensidade dos treinos, não é exagero. Antes do novo coronavírus, eram três horas diárias no rinque de patinação, além de atividades na academia duas vezes por semana. E nessa rotina de atleta profissional, inclua o expediente como professora da modalidade e dedicação à faculdade de Economia que cursa em Montclair. Agora, o jeito tem sido improvisar para manter a forma, pensando na próxima temporada de gelo. “Por causa do coronavírus, a academia e a pista onde treino estão fechadas, então tenho feito tudo em casa, como ioga e pilates. No máximo, caminhar ou correr aqui perto”, descreve.

Coração verde e amarelo em Nova York

Em tempos sem a pandemia de coronavírus, o dia a dia de Isadora Williams já é atribulado nas imediações de Nova York. Mas, sempre há espaço para uma nova tarefa. “Quero praticar mais o idioma português. Eu moro sozinha, então não falo muito. Converso com minha mãe, escuto muita música brasileira, tenho uma amiga com quem falo em português. É fácil entender as perguntas, mas um pouco difícil de responder ainda”, conta. “Fico um pouco nervosa também (risos)”.

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Ela tem o sangue e o coração verde e amarelos. Apesar de nascida nos Estados Unidos, tem mãe brasileira e escolheu, aos nove anos, defender a bandeira da terra natal da progenitora. “A cultura brasileira sempre me encantou. Como a comida, amo a moda e a música. Adoro Marisa Monte, Tom Jobim e amo Anitta! É muito importante competir pelo Brasil”, destaca.

A temporada atual é a décima de Isadora Williams como atleta brasileira. Da estreia — Mundial de Juniores de 2010, na Holanda, aos 13 anos — para cá, foi a primeira patinadora do país a ganhar uma medalha internacional: em um torneio tradicional disputado em Zagreb, na Croácia, em 2012. Ela também foi pioneira em participações na Olimpíada de Inverno, estreando em 2014 (Sochi, na Rússia), repetindo a dose há dois anos (Pyeongchang, na Coreia do Sul), quando fez história ao chegar à final do programa longo – apresentação de quatro minutos. Nunca uma latino-americana foi tão longe.

“A vibe dos Jogos é diferente. No Mundial, como é só a patinação, é mais competitivo. Na Olimpíada, com muitos outros esportes, eu diria que é mais divertido. É só de quatro em quatro anos, então classificar é especial”, afirma. “Na próxima (Olimpíada de Inverno, em Pequim, na China, em 2022), quero chegar entre as 20 primeiras. Na Coreia, fiquei em 24º, então quero melhorar”, completa.

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Isadora Williams nas Olimpíadas de Inverno, em 2018 (Gustavo Harada/COB)

Referência

Apesar de ter feito história na patinação brasileira no exterior, foi no ano passado que Isadora Williams deixou a marca dentro do país. Em outubro, disputou pela primeira vez o campeonato nacional de patinação no gelo, realizado em um shopping de Canoas, no Rio Grande do Sul. O evento teve 40 competidores de diferentes faixas etárias. “Vi o progresso de muitos patinadores, saltos melhores, piruetas melhores. Fico feliz porque eles me apoiam bastante. A gente se fala no Instagram, eles me enviam vídeos com saltos e piruetas para assistir, fazer comentários”, conta a atleta, que foi campeã na categoria sênior.

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Por enquanto, ela é a única brasileira a figurar no ranking mundial da União Internacional de Patinação (ISU, sigla em inglês). Cenário que ela acredita que mudará. “Às vezes, as pessoas dizem que patinação é só para países de clima frio, mas os Estados Unidos possuem lugares quentes com pistas muito boas, como no Texas, ou na Califórnia. No Brasil, há muitas crianças que amam esse esporte. Agora, tem uma pista grande (com 500m quadrados, inaugurada em fevereiro em São Paulo). Antes, só havia pistas pequenas, em shoppings. A modalidade está crescendo. Quero mais brasileiros comigo na próxima Olimpíada!”, torce.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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