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Coronavírus

Esgrimista Guilherme Toldo revela cenário de pavor na Itália

O atleta brasileiro da modalidade Florete está em Porto Alegre, mas mora e treina na cidade de Frascati, província de Roma

Guilherme Toldo na etapa de Paris da Copa do Mundo de florete esgrima
Guilherme Toldo está em Porto Alegre, mas mora e treina na Itália (Eva Pavía/BizziTeam/FIE)

O esgrimista Guilherme Toldo estava com sua vaga praticamente garantida para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Antes de a Olimpíada ser adiada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), o atleta da modalidade Florete estava treinando para o Grand Prix de Anaheim, quando poderia sacramentar sua classificação por ser a última prova da corrida olímpica. Porém, tudo mudou com o avanço mundial da pandemia de coronavírus. No Brasil desde o dia 16 de março, Toldo antes disso, passou por Itália, onde treina e mora, e Espanha.

“Hoje o cenário lá (Itália) é de pavor. As pessoas falam comigo e dizem que não aguentam mais ficar em casa. Estão realmente preocupadas e assustadas e buscando soluções para poder resistir a mais essa dificuldade. Todos esperam que essa coisa acabe logo. Está um problema bem complicado. Por ser o primeiro país que a doença chegou sem contar a China, a população não tinha a real noção e não conseguia entender, então tiveram dificuldade de aceitação para ficar em casa e de tomar essas ações de fechar os locais de agrupamento de pessoas”, revelou o esgrimista, que vive e faz sua preparação na cidade de Frascati, província de Roma.

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Mesmo assim, Toldo tem uma impressão que pode ser preocupante para os brasileiros. “Em comparação com o Brasil, vejo que lá a conscientização foi mais rápida, que as pessoas se informaram antes e com mais velocidade e conseguiram encontrar soluções para o problema um pouco mais rápido. Por esse problema ter aparecido na Itália antes do Brasil, percebo que as pessoas estão passando por aqui o mesmo processo que ocorreu lá. É bem semelhante porque no início ainda não tinham a real a dimensão do problema. Talvez lá o processo tenha sido mais complicado porque a doença veio da China, não de outros países ao redor. Portanto, algo distante de ser analisado e previsto”, avaliou Toldo.

Passagem por quatro países em um mês

O esgrimista está em Porto Alegre, mas anteriormente esteve nos Estados Unidos, de 3 a 15 de março, se preparando para Grand Prix de Anaheim, que foi cancelado por causa da pandemia. “Estava treinando nos Estados Unidos desde o dia 3 de março, pois justamente por causa do coronavírus fiquei com medo que os aeroportos parassem. Então, tomei a iniciativa de sair antes da Itália para ter esse conforto para treinar, me habituar com fuso horário, clima e todas as dificuldades que temos em viagens”, contou.

Porém, antes disso, passou por dois dos países com mais casos da doença: Itália e Espanha. “Antes dos Estados Unidos estive na Espanha entre os dias 28 de fevereiro e 03 de março. Fui para lá junto com meu amigo esgrimista Carlos Llavador. Nós moramos no mesmo apartamento na Itália e tivemos essa ideia de passar antes pela Espanha para ter algum tempo a mais de definição de quando poderíamos viajar para os Estados Unidos para a competição. Na Itália o cenário, no final de fevereiro, já era caótico. Já tinham previsões ruins”, explicou Toldo.

ilustração Challenge Internacional de Florete Masculino
Guilherme Toldo fez história na Rio-2016 (Foto: Wander Roberto/Exemplus/COB)

Adiamento dos Jogos Olímpicos

Guilherme Toldo representou o Brasil nas Olimpíadas de Londres-2012 e Rio-2016 e estava bem próximo de confirmar a vaga para Tóquio. Na competição disputada no Brasil, o atleta alcançou as quartas de final e se tornou o brasileiro que chegou mais longe em um torneio de esgrima olímpico. Com 27 anos, o esgrimista concordou com a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), mas lamentou o fato de não ter o evento na data que estava estipulada dentro do calendário.

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“Tenho duas opiniões: por ser uma epidemia de dimensões mundiais, como cidadão entendo que é uma situação alarmante e que nem os Jogos Olímpicos poderiam fazer com que esse problema desaparecesse, portanto, era uma situação inevitável e infelizmente não tinha o que fazer. Temos que ser civilizados o suficiente para perceber que existe um problema que atinge milhares de pessoas ao redor do mundo e sermos sensíveis para não deixarmos nossos interesses como atleta prevalecerem”, disse.

“Falando como atleta, por ter feito planejamento de quatro anos e um esforço para elaborar um treinamento específico para mim durante esse período, obviamente fiquei chateado em ter que postergar a Olimpíada. As competições do circuito mundial durante a temporada, o treinamento, e a preparações física e mental, são elementos complicados e difíceis de regular e que tem uma importância direta e significativa para o resultado. Se for feita uma proporção entre a qualidade do treinamento com os resultados obtidos a relação é direta. Mas entendo que é uma situação delicada, única e exclusiva e que é maior do meu interesse individual, enfim, como atleta entendo que o raciocínio mais sensato foi colocado em prática”, concluiu.

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