* Coluna publicada na edição de 14/12 do LANCE!
Principal palco das competições na Olimpíada e Paralimpíada Rio-2016, o Parque Olímpico da Barra da Tijuca ainda tenta se livrar do risco de virar um enorme elefante branco. Com a prefeitura e o governo do Rio de Janeiro passando por enormes dificuldades financeiras, pode sobrar para o governo federal a condição de administrar o complexo esportivo de mais de um milhão de metros quadrados e que custou R$ 2,3 bilhões, boa parte pagos pela União.
Durante encontro com jornalistas, editores, colunistas e blogueiros no Rio de Janeiro, na última segunda-feira, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, admitiu que a administração do Parque Olímpico segue indefinida, após o prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella, não ter mostrado intenção de assumir a gestão. Assim, o governo federal pode receber o “presente”, segundo disse Piccciani aos jornalistas.
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Se de fato assumir a gestão do Parque Olímpico, o ministério do Esporte já disse que irá organizar uma ampla agenda de eventos, com o objetivo de evitar a falta de uso das arenas. Será a única forma de não deixar que ocorra no Rio o mesmo cenário desolador de abandono que houve com diversas instalações em Atenas após os Jogos de 2004.
A única dúvida que fica é se vai dar para pagar essa conta.
O Senado Federal acabou de aprovar a PEC que controlará os gastos públicos pelos próximos 20 anos. As perspectivas políticas e econômicas do Brasil não são animadoras, de acordo com a análise de diversos especialistas. E o custo para manter o centro de tênis, as Arenas Cariocas 1, 2 e 3, além do velódromo olímpico não será modesto. Edital de concessão que a prefeitura do Rio lançou na época da Rio-2016 previa o pagamento de R$ 32 milhões anuais para quem administrasse as arenas (lembrando que a Arena do Futuro será transformada em escolas públicas).
A aventura olímpica brasileira trouxe para muitos uma esperança de novos tempos para o esporte brasileiro. Mas a realidade tem mostrado um cenário de incertezas e medo pelo futuro. A palavra “legado” nunca foi tão surrada como agora.