Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 14 de maio do Diário de S. Paulo
Em um primeiro momento, pode até parecer cruel a decisão do STJD da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) em banir definitivamente da modalidade os técnicos Jayme Netto e Inaldo Sena. Os dois foram excluídos em razão do turbulento caso de doping de cinco atletas da extinta equipe Rede, de Bragança Paulista, que explodiu às vésperas do Campeonato Mundial de Berlim, no ano passado. O episódio foi agravado pela confissão dos treinadores de que aplicaram conscientemente a substância dopante EPO (eritropoietina recombinante) nos atletas.
Para aumentar a dramaticidade da decisão anunciada pelo STJD, está o próprio currículo de Jayme Netto, responsável por formar a equipe do revezamento 4 x 100m rasos, medalha de prata nas Olimpíadas de Sydney, em 2000. Mas apesar do treinador apresentar uma longa folha de bons serviços prestados ao atletismo brasileiro, o banimento não pode ser encarado como uma espécie de inquisição esportiva.
Jayme Netto pode ser chamado de tudo, menos de ingênuo. Ao recomendar a aplicação das injeções de EPO em seus atletas, ela sabia que estava jogando sujo. Com isso, ajudou a fazer o atletismo nacional ter o ano mais vergonhoso de sua história.
Netto e Sena precisam agora reconstruir suas vidas. O atletismo é passado para eles. Deveriam seguir o exemplo da estrela americana Marion Jones, três medalhas de ouro olímpicas e que perdeu tudo por conta do doping. Amanhã, ela retorna ao esporte, aos 34 anos, só que jogando basquete na WNBA.
A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras pelo Diário de S. Paulo