Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 6 de novembro do Diário de S. Paulo
A notícia do doping de Daiane dos Santos caiu como uma bomba no esporte brasileiro. No ano em que quase três dezenas de casos foram descobertos no país, a confirmação de que a carismática ginasta também foi flagrada tem um peso terrível. Ainda mais da forma com que ocorreu: em um teste fora de competição, num período em que ela se recupera de uma cirurgia no joelho e não tinha ainda previsão de retorno às competições. Mais improvável, impossível.
Se causou espanto por um lado, as justificativas encontradas para explicar o caso Daiane despertam irritação. O Pinheiros, clube da atleta, admitiu que ela usou uma substância proibida, mas que a ginasta seria inelegível para o doping por estar se recuperando de uma cirurgia. Depois, bateu de frente com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), acusando a entidade de não informar à federação internacional da modalidade (FIG) os medicamentos que Daiane estaria ingerindo.
Sem entrar no mérito desta briguinha besta entre clube e confederação, ninguém pode se esquecer de uma questão fundamental: a responsabilidade de Daiane dos Santos no episódio. Não estamos falando de uma atleta iniciante, mas sim da maior ginasta brasileira em todos os tempos, com duas finais olímpicas no currículo. Ela conhece (ou deveria conhecer) os regulamentos antidoping e está em uma lista de atletas indicados pela FIG que podem ser testados a qualquer momento. Daiane bobeou feio e não há duplo twist carpado que possa aliviar sua barra.
A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo