Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 25 de setembro no Diário de S. Paulo
Uma triste rotina vem se repetindo nas últimas semanas, com a divulgação de novos casos de doping no atletismo brasileiro. Ontem, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) anunciou, através de nota oficial, o 16º caso em 2009: o fundista Daniel Lopes Ferreira, durante uma corrida de rua em Bauru no mês de agosto, usou anfetamina, de acordo com o exame realizado pela Agência Antidoping. Embora a entidade mereça elogios pela forma transparente e rápida com que vem tratando toda esta situação, uma coisa não pode ser esquecida: trata-se de um dos maiores vexames do esporte brasileiro.
Acha exagero? Mas será que pode ser considerado normal que exames apontem a presença de substâncias encontradas em remédios para cavalos, como foi o caso dos saltadores Fernanda Gonçalves e João Gabriel Souza? Ou então que uma atleta juvenil (Jenifer do Nascimento Silva) tenha sido flagrada por causa de um analgésico famoso e que há tempos se encontra na lista de medicamentos proibidos? Onde estava o treinador desta garota que não soube orientá-la decentemente?
A verdade é que o atletismo brasileiro vive uma crise moral sem precedentes. O sentimento de vergonha é inquestionável e estes 16 atletas trouxeram para o esporte do Brasil uma mancha que será difícil de tirar. Mas parece evidente que a CBAt também precisa repensar seriamente seus procedimentos daqui para frente no combate ao doping. Porque divulgar com rapidez e punir os culpados não é nada mais do que obrigação. Prevenir é fundamental.
A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo