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Um bóia-fria que ganhou o mundo

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 7 de novembro do Diário de S. Paulo


O adeus do bóia-fria

Difícil imaginar um atleta que represente tão bem a essência do povo brasileiro como Vanderlei Cordeiro de Lima. Franzino (1m68), magro (54kg) e de origem muito humilde, Vanderlei passou os 20 anos de sua carreira lutando contra todas as adversidades possíveis. Até uma medalha de ouro olímpica na maratona lhe foi tirada na marra, a poucos quilômetros da chegada. Mas nem por isso o paranaense de Cruzeiro D’Oeste tornou-se uma pessoa amargurada ou frustrada.
Foi com esta mesma serenidade que na última terça-feira Vanderlei Cordeiro anunciou sua aposentadoria do atletismo, cansado das lesões constantes que o atormentavam há tempos. A despedida já tem até data marcada: 31 de dezembro, durante a disputa da tradicional Corrida de São Silvestre. Vanderlei não tem chance de vitória, mas depois de tudo o que ele realizou na carreira, isso é o que menos importa.

Admirador do MST

O atletismo surgiu tarde na vida de Vanderlei. Com 18 anos, ele começou a disputar suas primeiras corridas e viu que este seria um caminho melhor do que ganhar um salário mínimo por mês como bóia-fria, cortando cana e colhendo algodão na roça de Tapiras (PR). Foi lá que ele se tornou fã do Movimento dos Trabalhadores RuraisSem-Terra (MST), segundo revelou ao DIÁRIO, em reportagem de Nicolau Radamés Creti, um dia depois de ter ficado em terceiro lugar na São Silvestre de 1996, sua melhor colocação na prova pedestre.

Drama e glória

Vanderlei Cordeiro de Lima conquistou alguns resultados significativos, como as duas medalhas de ouro pan-americanas (1999 e 2003) na maratona. Nada que se compare com o drama na maratona das Olimpíadas de Atenas-04. Vanderlei assumiu a liderança e caminhava para uma vitória histórica. Até que no quilômetro 37 foi atacado e derrubado pelo ex-padre irlandês Cornelius Hornan. Salvo por um torcedor grego, o brasileiro retornou à prova, mas não segurou a reação do italiano Stefano Baldini, que levou o ouro. Com raça, Vanderlei garantiu a medalha de bronze, quando foi mais aplaudido pelo público no estádio do que o próprio campeão olímpico.

Obama complica Rio-16

Há um sentimento global de satisfação com a eleição do democrata Barack Obama para a presidência dos EUA. Mas se tem alguém que não vê muitos motivos para festejar é o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. Embora tenha mandado uma mensagem de felicitações, Nuzman sabe que a vitória de Obama transforma em grande favorita a candidatura de Chicago para ganhar a sede das Olimpíadas de 2016. E, por tabela, complica bastante a vida do Rio na disputa.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sexta-feiras no Diário de S. Paulo

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