Quantidade é igual a qualidade? Nem sempre…
No início desta semana, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) emitiu um comunicado em seu site oficial, enaltecendo o fato de o país ter superado o número de modalidades classificadas para uma edição de Jogos Olímpicos. Até o momento, já estão garantidos em Pequim atletas representando 28 modalidades, duas a mais do que o COB enviou quatro anos atrás, para as Olimpíadas de Atenas. Mas antes de sairmos às ruas batendo bumbo e festejando nossa condição de “potência esportiva emergente”, convém refletirmos um pouco sobre o tema: será que apenas o aumento no número de participantes reflete uma evolução na qualidade da delegação olímpica brasileira?
Se o critério a ser levado em consideração for o de resultados obtidos, dá para cravar que sim. Em Atenas, por exemplo, participaram 247 atletas, que trouxeram de volta para o Brasil 10 medalhas, sendo cinco de ouro, feito nunca antes alcançado pelo país na história olímpica. A título de comparação, nos Jogos de Sydney, em 2000, com 205 atletas presentes em 20 modalidades, os brasileiros conquistaram 12 medalhas — nenhuma de ouro, seis de prata e seis de bronze.
Se é verdade que a realidade olímpica brasileira (turbinada pela dinheiro da Lei Agnelo-Piva) mudou radicalmente para melhor nos últimos oito anos, não dá para negar que os bons resultados obtidos estão concentrados em uma espécie de “elite” esportiva, formada pelo vôlei, iatismo, hipismo e judô. A maioria esmagadora dos atletas brasileiros, na prática, vai às Olimpíadas mesmo é para ganhar experiência, quando o correto seria que estivessem presentes nos Jogos apenas os melhores, aqueles em condição real de brigar por medalha.
Vale quanto pesa
Os Estados Unidos, maior potência olímpica do planeta, exibem bem o abismo que ainda terá que ser percorrido pelo Brasil no futuro. Nos Jogos de Atenas-04, os americanos compareceram com uma delegação formada por 531 atletas e voltaram para casa com 103 medalhas (35 delas de ouro). Para Pequim, a delegação americana deverá ficar em torno de 600 atletas (ainda não está fechada), que de acordo com as previsões dos dirigentes, poderão trazer 180 medalhas (42 de ouro).
Turma de calouros
A luta livre feminina e a canoagem de velocidade em canoa, que garantiram vaga para a China no último final de semana, podem também se orgulhar de um feito nada desprezível: nunca atletas destas modalidades estiveram antes em uma edição de Jogos Olímpicos. Nivalter Santos, na canoagem, e Rosângela Conceição, na luta feminina, sabem que entraram para a história. No caso de Rosângela, em dose dupla: ela já havia participado das Olimpíadas de Atlanta, em 1996, só que como reserva na equipe feminina de judô.