O Comitê Olímpico do Brasil (COB) terá uma nova gestão para o ciclo de Los Angeles-2028. Nesta quinta-feira (3), aconteceu a eleição da presidência do COB para o próximo quadriênio. Com apoio dos atletas, a chapa de oposição composta por Marco La Porta e Yane Marques venceu a disputa contra Paulo Wanderley e Alberto Maciel Júnior por 30 a 25. Assim, La Porta será o 10º presidente do COB, com Yane Marques se tornando a primeira mulher vice-presidente da entidade.
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Marco La Porta foi oficial do Exército durante 30 anos e na sua época nas forças armadas praticou o triatlo e se tornou treinador da modalidade. Em 2017 ele foi eleito presidente da Confederação Brasileira de Triatlo e no ano seguinte assumiu a vice-presidência do COB. Yane Maeques foi medalhista olímpica do pentatlo moderno em Londres-2012, sendo a maior atleta da história do Brasil na modalidade. Após se aposentar, Yane foi para a gestão pública, trabalhando nas secretarias de Esportes e de Educação da prefeitura do Recife. Yane Marques também já foi presidenta da Comissão de Atletas do COB (CACOB).
A CACOB inclusive teve um papel fundamental na eleição de La Porta e Marques. Na eleição, votam os 34 presidentes de confederações, 19 membros da comissão de atletas, assim como os dois representantes brasileiros no COI (Bernard Rajzman e Andrew Parsons). Com 55 votantes, ganha quem conseguir 28 votos. Com os atletas indo em bloco, outros 11 eleitores também votaram em Marco La Porta e Yane Marques.
A questão do terceiro mandato
A disputa pela presidência do COB era entre duas chapas. A situação era representada pelo atual presidente Paulo Wanderley e seu vice Alberto Maciel Júnior. Paulo Wanderley é ex-presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), enquanto Alberto Maciel Júnior já presidiu a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd). Já a oposição montou uma chapa encabeçada por Marco La Porta, ex-vice presidente do COB e a medalhista olímpica Yane Marques, que já foi presidenta da Comissão de Atletas do COB.
A principal questão dessa eleição era sobre o número de mandatos de Paulo Wanderley. Ele assumiu a presidência do COB em 2017, quando era vice-presidente, quando Carlos Arthur Nuzmann renunciou. Em 2020, Wanderley concorreu à eleição e saiu vencedor, iniciando um novo mandato a partir de 2021, que permanece em vigor até os dias atuais – será encerrado no ano que vem.
Diversos atletas e grupos, como a Pacto pelo Esporte, a Comissão de Atletas do COB e a Atletas pelo Brasil; e políticos, como o deputado federal Luiz Lima (PL-RJ), questionaram a regularidade da candidatura. Para eles, há o descumprimento do próprio estatuto do COB e do Artigo 18-A da Lei Pelé, que prevê o limite máximo de oito anos no cargo de liderança da entidade. A preocupação é que um novo mandato de Paulo Wanderley possa culminar no cancelamento de recursos públicos para o COB.
Atletas em bloco
Em 2020, Paulo Wanderley contou com o apoio da Comissão de Atletas (CACOB) para vencer a eleição. Mas quatro anos depois, os atletas ficaram preocupados com a situação da chapa de Paulo Wanderley e o que isso poderia impactar o financiamento do esporte olímpico brasileiro e o que isso poderia refletir em algumas Confederações. Em meio a esse processo, a CACOB apontou Yane Marques, ex-presidenta da comissão, para compor uma das chapas.
Os atletas fizeram um trabalho para conseguir todos os votos do seu bloco em Marcos La Porta e Yane Marques. O grupo tem direito a 19 votos e se movimentou para assegurar todos na votação. Assim, a CACOB trabalhou para trazer ao Brasil a esquiadora Jaqueline Mourão que vive no Canadá, enquanto Gustavo Guimarães, o Grummy, fez viajou no meio da disputa do Sul-Americano de polo aquático que está acontecendo nesta semana na Colômbia.
A campeã mundial de basquete Hortência Marcari faz parte da CACOB, mas não tem direito a voto. Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, ela comentou sobre a preocupação dos atletas para que a Lei Pelé fosse cumprida. “Esse artigo 18-A foi uma briga dos atletas. Na minha época, os cartolas ficavam ali praticamente eternos. E os atletas tinham direito a nada. E quem é o protagonista do esporte? São os atletas. Então devemos ter o direito de escolher os nossos representantes. Antigamente eles ficavam lá por muito tempo e pareciam que as confederações eram deles. O perigo disso é que caso o Wanderley ganhe, a cadeia toda do esporte corre risco”, explicou Hortência que não tinha direito a voto, mas trabalhou dentro da CACOB para ajudar a manter os atletas unidos na hora da votação.
Conselho de administração
A Assembleia Geral do COB também elegeu um novo conselho administrativo. Ele é composto por 13 membros. Além do membro independente, pelo presidente do COB; pelos membros brasileiros do COI; pelos presidentes e pelo vice-presidente da Comissão de Atletas; e por sete presidentes das Entidades Nacionais de Administração do Desporto filiadas ao COB. Na eleição para o membro independente, Daniela Castro foi o nome escolhido. Ela é advogada e diretora executiva do Pacto pelo Esporte. Na votação, Daniela Castro teve 29 votos contra 26 do ex-ministro de Esporte Ricardo Leyser.
Os membros das ENADs eleitos foram os seguintes:
Felipe Tadeu Moreira Lima Rêgo Barros (handebol) – 50 votos
Radamés Lattari Filho (voleibol) – 50 votos
Rafael Girotto (canoagem) – 41 votos
Jodson Gomes Edington Junior (tiro esportivo) – 39 votos
Karl Anders Ivar Petterson (desportos na neve) – 37 votos
Flavio Cabral Neves (wrestling) – 34 votos
Flavio Padaratz (surf) – 29 votos
Não-eleitos para o Conselho de Administração::
Magali Moreira de Souza Oliveira (remo) – 22 votos
José Roberto Santini Campos (badminton) – 22 votos
João Luiz Araújo da Cruz (tiro com arco) – 21 votos
Ernesto Teixeira Pitanga (triatlo) – 15 votos
Patric Machado Tebaldi (dança esportiva) – 11 votos