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Chiaki Ishii receberá homenagem no Prêmio Brasil Olímpico

Primeiro medalhista olímpico do judô brasileiro receberá Troféu Adhemar Ferreira da Silva

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(Foto: Gaspar Nobrega/COB)

Um dos maiores nomes do judô brasileiro será homenageado no Prêmio Brasil Olímpico (PBO) deste ano. Chiaki Ishii, responsável pela primeira de 24 medalhas que o esporte trouxe ao Time Brasil, receberá o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no evento que acontece nesta sexta-feira (15) no Rio de Janeiro. Ishii foi medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Munique 1972.

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Além de ter sido o pioneiro, o Comitê Olímpico Brasileiro destaca que o Sensei gerou outros medalhistas olímpicos em sua academia na Lapa, em São Paulo. Caso de Walter Carmona e Rafael “Baby” Silva. O judoca de 82 anos também é pai das atletas Tânia e Vânia Ishii. Vânia foi medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg 1999.

O Troféu Adhemar Ferreira da Silva é oferecido aos atletas brasileiros que se destacaram e construíram um legado consistente e eterno.

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Sensei Ishii sonhava em ser caubói

“Eu me sinto honrado por fazer parte do grupo seleto de grandes atletas que fizeram história e contribuíram para o esporte olímpico brasileiro. Para mim é um orgulho ver o judô que antigamente era visto como Arte Marcial e Defesa Pessoal se transformar em um Esporte Olímpico que traz medalhas e esperanças ao Brasil. Faz sentido o ditado do Mestre Jigoro Kano ‘Seiryoku Zenyo’, que significa ‘o uso mais eficiente da força’ e ‘Jita kyoei’, que significa ‘princípio de prosperidade e bem estar mútuo’. Eu sempre tive como objetivo o crescimento do Judô no Brasil e esses ensinamentos, como forma de respeito ao próximo, eu sempre preguei ao longo da minha carreira”, disse Ishii.

Chiaki, que significa 1000 outonos, perdeu a Seletiva japonesa para os Jogos Olímpicos de 1964, a primeira edição em que o judô seria disputado, para Isao Okano, que acabaria sendo campeão olímpico. Viajou por diversos países da América do Sul, mas resolveu parar no Brasil e virar caubói, inspirado nos filmes norte-americanos que via. Chegou ao Brasil com apenas um judogi e precisou trabalhar na agricultura, mais precisamente numa colônia japonesa em Presidente Prudente, antes de mostrar suas habilidades na arte do “Caminho Suave”.

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Chiaki Ishii fez história para o judô brasileiro em 1971

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(Foto: Gaspar Nobrega/COB)

“Com apenas um judogui nas costas, treinei e lutei muito até conquistar a medalha de bronze olímpica”, contou Ishii, que também foi o primeiro brasileiro a ganhar medalhas em Mundiais de judô, com o bronze em Ludwigschafen, em 1971. 

“Acredito que consegui apresentar aos brasileiros Judô, Sumô, esportes que fazem parte da cultura japonesa para os brasileiros. E, através da minha conquista e treinamentos, passar a confiança e fazer acreditar que se eu consegui ganhar a medalha nos Jogos Olímpicos, então todos podem. O segredo é treinar, se dedicar. Passar essa autoconfiança aos atletas das quais treinei como Aurélio Miguel, Walter Carmona e Rogério Sampaio e vê-los conquistando as medalhas olímpicas é um motivo de muito orgulho para mim. Assim como ver o Judô se tornar  um dos esportes olímpicos mais praticados no Brasil. Vejo a minha contribuição desta maneira”, completou o mestre de 82 anos.

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Frutos de Ishii

Depois de sair dos Jogos Olímpicos Montreal 1976 e Moscou 1980 sem medalhas, vieram quatro em Los Angeles 1984. E, claro, com uma ajuda de Chiaki Ishii.

“Aos 18 anos, eu tinha a certeza de que seu conhecimento e método poderiam contribuir muito para o meu desenvolvimento. Mudei-me para sua academia na Lapa e foi nesse período que ocorreu meu maior aprimoramento técnico. Todos da minha geração buscavam igualar seu feito, mesmo ele já tendo chegado ao Brasil com uma bagagem da maior escola de judô do mundo, achávamos que esse feito estava cada vez mais próximo”, contou Walter Carmona, que também conquistou medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1984 e foi o segundo brasileiro a subir ao pódio num Campeonato Mundial, com o bronze em Paris, em 1979. 

Desde Los Angeles 1984, judocas brasileiros têm marcado presença no pódio, além de colecionarem conquistas em Campeonatos Mundiais e Jogos Pan-americanos, tanto no masculino quanto no feminino. E muito disso se deve ao “samurai brasileiro”.

“Sensei Ishii é patrimônio do esporte brasileiro, pioneiro e nossa base de referência. Ele permitiu aos futuros atletas continuarem sonhando. É um ídolo. Foi uma enorme referência para os meus técnicos e, consequentemente, para mim também. Sensei Ishii é a nossa base, ele precisa ser presente em todas as gerações”, completou Ketleyn Quadros, judoca que se tornou a primeira atleta brasileira a conquistar uma medalha em esporte individual, o bronze em Pequim 2008.

Homenageados com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva

2001 – Nelson Prudêncio – Atletismo
2002 – João Gonçalves Filho – Natação e Polo Aquático
2003 – Amaury Antonio Passos – Basquete
2004 – Maria Lenk – Natação
2005 – Agberto Guimarães – Atletismo
2006 – Aída dos Santos – Atletismo
2007 – André Gustavo Richer – Remo
2008 – João Havelange – Natação e Polo Aquático
2009 – Joaquim Cruz – Atletismo
2010 – Eder Jofre – Boxe
2011 – Bernard Rajzman – Vôlei
2012 – Hortência – Basquete
2013 – Torben Grael – Vela
2014 – Vanderlei Cordeiro de Lima – Atletismo
2015 – Gustavo Kuerten – Tênis
2016 – Bernardinho – Vôlei
2017 – Lars Grael – Vela
2018 – Jackie Silva – Vôlei de Praia
2019 – Oscar Schmidt – Basquete
2021 – Janeth Arcain – Basquete
2022 – Daiane dos Santos – Ginástica
2023 – Chiaki Ishii – Judô

(Com informações do Comitê Olímpico do Brasil)

Interessado em cinema, esporte, estudos queer e viagens. Se juntar tudo isso melhor ainda. Mestrando em Estudos Olímpicos na IOA. Estive em Tóquio 2020.

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