O objetivo do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para os Jogos Olímpicos Pequim 2022 era claro: evoluir em relação à última participação. E isso foi confirmado em diversos aspectos: em estreias, em número de provas e largadas e no desempenho final em várias modalidades. O último grande resultado veio justamente na última prova. O quarteto do bobsled ficou entre os 20 melhores do mundo e conseguiu, depois de cinco participações em Jogos Olímpicos, disputar a final neste domingo, 20, dia da Cerimônia de Encerramento. A estrutura oferecida aos atletas e o empenho deles em todas as disputas também foram motivo de elogio do COB.
-Bia Haddad e Anna Danilina vencem na estreia em Doha
“Eu estive na China e pude ver o nível de organização da Missão Brasileira liderada pelo chefe de missão Anders Pettersson e os colaboradores do COB. Também pude ver o talento e o esforço de 11 atletas da delegação para levarem a bandeira do Brasil também aos Jogos Olímpicos de Inverno. Não quero ser injusto com o trabalho de ninguém, mas tenho que destacar a atleta de esqui cross-country Jaqueline Mourão, com suas oito participações olímpicas em Jogos de Inverno e de Verão. Como um campeão olímpico, só posso aplaudir essa atleta incrível e versátil. Meus parabéns a todos os atletas brasileiros que honraram a participação brasileira em Jogos de Inverno iniciada em Albertville 1992”, disse Rogério Sampaio, diretor-geral do COB.
Evolução
Em número de provas, superamos em muito Pyeongchang 2018: foram 12 agora contra 07 na Coreia. Apesar do número de atletas menor, disputamos apenas uma prova a menos que em Sochi 2014. Em número de largadas, foram 14 – tivemos duas atletas nas mesmas duas provas do esqui cross-country -, um recorde. Em Pyeongchang foram 7 e em Sochi 13. Importante destacar que metade dessas 14 largadas foram de mulheres, algo inédito.
Outro ponto importante a destacar nessa campanha dos Jogos de Inverno foi a estreia na modalidade de skeleton e que tivemos representantes brasileiros nas provas de esquiatlo e sprint por equipes do esqui estilo cross-country e de moguls no esqui estilo livre pela primeira vez. Manex, que disputou o esquiatlo, se tornou o primeiro brasileiro a participar de quatro provas na mesma edição de Jogos Olímpicos de Inverno. Destaque para a participação no Sprint em que foi o melhor sul-americano da prova e, com 171.68 pontos FIS, bateu recorde de pontos do Brasil na modalidade em Jogos Olímpicos (superando Jaqueline Mourão em 2010 na prova de Distance).
Ainda em termos de desempenho, outras estreantes brilharam. Com o 26º lugar, Sabrina Cass se tornou a melhor sul-americana da história na prova de moguls em Jogos Olímpicos. Nicole Silveira foi ainda mais longe. Com o 13º lugar, é agora, a melhor latino-americana da história no skeleton em Jogos Olímpicos. Em termos de posição final, este também foi o segundo melhor desempenho do Brasil em Jogos de Inverno (atrás apenas do 9º lugar de Isabel Clark no snowboard cross em Turim 2006) e o melhor da história do Brasil em esporte no gelo.
“Saímos daqui com a sensação de dever cumprido. Realmente, é um investimento pro futuro. Os atletas de menos de 20 anos ainda não atingiram o seu ápice e vão estar melhor ainda em Milão-Cortina 2026. Fazer um atleta de alto nível é um trabalho de formiguinha e acredito que o COB e as Confederações de Gele e Neve estão investindo da maneira certas nos atletas que merecem”, analisou Anders Pettersson, chefe da Missão Pequim 2022.
A maior do Brasil
Mas não foram só as novatas que brilharam. Jaqueline Mourão chamou a atenção do mundo ao se tornar a atleta mais olímpica da história do Brasil com 8 participações em Jogos Olímpicos, superando nomes como Formiga, Robert Scheidt e Rodrigo Pessoa. Ela esteve em Atenas 2004, Pequim 2008 e Tóquio 2020 no ciclismo MTB e Turim 2006, Vancouver 2010, Sochi 2014 (nessa também disputou o biatlo), Pyeongchang 2018 e Pequim 2020 no esqui cross-country.
“A estrutura oferecida aos atletas e os serviços que os chineses colocaram à disposição dos envolvidos nos Jogos foram de um nível muito alto. E isso trouxe muitos resultados positivos para o Brasil. Podemos que dizer que a campanha em Pequim 2022 foi histórica por diversos motivos. Então, eu, como Chefe de Missão, não poderia estar mais satisfeito”, completou Pettersson.
Novos nomes
Um ponto importantíssimo é que houve uma grande renovação nessa delegação. Foram quatro atletas com 23 anos ou menos, idade limite para disputar o Pan-americano Júnior, por exemplo: Eduarda Ribera, 17 anos, Sabrina Cass e Manex Silva, de 19 anos, e Michel Macedo, de 23. Ainda teve o reserva de Michel, Valentino Caputi, de 17 anos.
Vale destacar também que o Brasil, de fato, esteve representado nos Jogos. Atletas das regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Sul competiram Pequim 2022. Manex Silva nasceu em Rio Branco, no Acre; Michel Macedo, em Fortaleza, no Ceará; Edson Bindilatti, em Camamu, na Bahia; Nicole Silveira, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul; e outros 6 atletas em cidades da Região Sudeste. Apenas Sabrina Cass nasceu fora do país, em New Haven (EUA).
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Covid marcou presença
Em relação à Covid, os dois atletas, Erick Vianna (bobsled) e Michel Macedo (esqui alpino), que testaram positivo na chegada, cumpriram todos os protocolos, o que exigiu um grande esforço de toda a equipe para organizar transporte, acomodação e alimentação individuais para cada um deles, conseguiram sair do isolamento e competir. Mas mais importante que isso, estão voltando para casa saudáveis.
“A segurança contra a Covid dentro da bolha foi muito grande. E, por isso, conseguimos cumprir com os dois objetivos da área médica. Um é deixar o atleta com saúde, apto a competir. Mesmo com os percalços tanto Erick quanto Michel disputaram provas em Pequim. Mas também garantir que vão retornar aos seus países com saúde, sem nenhum sintoma, e todos os membros estão voltando assim. Então, a Missão cumpriu com êxito esses dois quesitos”, disse Felipe Hardt, chefe