O Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil ganha, oficialmente, mais uma estrela do esporte, nesta quinta-feira (15). Indicada na turma de 2020, Aída dos Santos foi a primeira mulher do Brasil a disputar uma final olímpica e o 4º lugar no salto em altura, em Tóquio 1964. Aída eternizou seus pés em uma cerimônia restrita na sede do Comitê Olímpico do Brasil, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, onde se emocionou com a homenagem.
ETERNIZADA 💚💛
— Time Brasil (@timebrasil) July 15, 2021
Aída dos Santos é a nova integrante do Hall da Fama do COB.
Ela foi homenageada nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro.
Merecido demais! 😍 pic.twitter.com/gkz20r3YBg
“Como mulher negra, e um dos maiores exemplos do Movimento Olímpico, Aída tem uma história que merece ser reverenciada, celebrada e honrada por todas suas lutas, conquistas e glórias. A primeira mulher do Brasil a disputar uma final olímpica e o 4º lugar dela no salto em altura, em Tóquio 1964, obtendo o melhor resultado individual de uma atleta brasileira nos Jogos Olímpicos até Pequim 2008, é, sem dúvidas, motivo de orgulho para todos nós”, diz o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley Teixeira.
“Quando entrei para o atletismo nem sabia que tinham competições como Sul-americano e Jogos Olímpicos. Esporte individual tinha que ter índice. Eu não estava com índice. Fui competir por acaso e fiz o resultado. Hoje, os atletas têm psicólogo, nutricionista. Eu viajava de avião da FAB. Melhorou o material humano, mas não os resultados”, diz a mais nova integrante do Hall da Fama. Se Aída pudesse dar um conselho aos atletas que vão participar dos Jogos, seria enfática: “Já que estão em Tóquio é porque mereceram. Sejam perseverantes e pensem que são tão bons quantos os outros. Briguem pela medalha de ouro”.
Esporte em família
Aída dos Santos estava em companhia da filha Valeskinha, campeã olímpica de vôlei em Pequim 2008, quando recebeu a homenagem do presidente Paulo Wanderley. Também estiveram presentes à cerimônia, o campeão olímpico e diretor-geral do COB, Rogério Sampaio, a diretora Financeira do COB, Isabele Duran, o diretor Administrativo Ricardo Mathias, e o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Wlamir Leandro Motta Campos.
“Aída é uma referência. Hoje nós temos quatro atletas do atletismo no Hall da Fama e ela é a primeira mulher. Tem um simbolismo muito grande. Em 2012, a Confederação Brasileira de Atletismo instituiu uma medalha com o nome da Aída dos Santos. Nossas atletas medalhistas em campeonatos mundiais e em olimpíadas recebem a medalha Aída dos Santos. Isso mostra a dimensão dela e sua referência para as mulheres. Ela era uma estrela solitária e hoje ilumina com seu brilho todo o atletismo nacional”, afirma o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Wlamir Campos.
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O Hall da Fama tem como objetivo valorizar os heróis olímpicos brasileiros e realizar homenagens todos os anos, desde 2018, a personagens que contribuíram de maneira marcante com o esporte olímpico no Brasil, promovendo o Olimpismo e inspirando novas gerações.
Quem é Aída dos Santos
Criada no Morro do Arroz, em Niterói (RJ), Aída é a sexta filha de um pedreiro e uma lavadeira. Começou a trajetória no esporte no vôlei, mas uma amiga a levou para praticar atletismo. Descoberta pelo Fluminense, na primeira competição que ganhou chegou a apanhar do pai porque “medalha não enchia barriga”. No Vasco, não ia aos treinos porque usava o dinheiro da passagem para comprar comida. No primário trabalhava de doméstica, na faculdade, ia às aulas de manhã, trabalhava à tarde e treinava à noite. Formou-se em geografia, educação física e pedagogia. De 1975 a 1987, foi professora de educação física na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Viajou para o Japão sem técnico e sem material de competição específico para sua prova e ainda enfrentou muita dificuldade para compreender as instruções em japonês. Apesar de tudo isso, se transformou na primeira mulher do Brasil a disputar uma final olímpica. A marca de 1,74m que ela alcançou na final foi a melhor entre as brasileiras por mais de três décadas. Quatro anos mais tarde, nos Jogos da Cidade do México, Aída mostrou ser uma atleta completa e participou da prova de pentatlo, ficando na 20ª colocação.
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É mãe da jogadora de vôlei Valeska Menezes, a Vakeskinha, campeã olímpica em Pequim 2008, ao lado de quem Aída conduziu a tocha olímpica da Rio 2016. Criou um instituto para promover a inclusão social por meio do vôlei e do atletismo, contando, ainda, com reforço escolar gratuito, apoio de psicólogo e serviço social.
Em 1995, a UFF inaugurou uma pista de atletismo com o nome dela. Em 2006, recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no Prêmio Brasil Olímpico e, em 2009, foi agraciada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do COI.