A imagem do COB está absolutamente desgastada e a ordem lá dentro é criar, rapidamente, fatos para tentar reconstruí-la. Essa Comissão feita às pressas é parte dessa estratégia. Assim como faz parte dessa estratégia publicar algumas licitações publicas de baixo valor e sem relevância, veiculadas em jornal de grande circulação. O grosso mesmo, fica sem licitação e é feito em consultorias no exterior, com contratos escondidos a sete chaves, embora seja tudo pago com dinheiro do povo (vejam a EKS na Suíça).
Juridicamente, essa Comissão de Atletas não tem efetividade alguma dentro dos poderes estatutários do COB. Nada mais é do que um Conselho Consultivo, digamos assim, cujas deliberaçoes serão encaminhadas ao COB meramente a título de sugestão. O COB não está obrigado a acatar nenhuma deliberação dessa Comissão, pelo que ela não tem força alguma. É pura espuma.
Notem que o Presidente da Comissão tem o direito de presenciar as Assembléias Gerais do COB , desde que não eletivas e que, enquanto possa falar, não tem direito de voto. Ou seja, novamente, sem eficácia. Hoje, o Presidente dessa Comissão já é membro da Assembléia Geral do COB. Assim, nenhum novo Atleta terá assento na Assembleia Geral do COB. Fica tudo como está. Até nisso a patota teve o cuidado de deixar tudo como está. Aliás, o autoritarismo e as aberrações já começam pelo próprio regulamento da Comissão que, em vez de ser debatido com os Atletas, foi-lhes imposto goela abaixo.
Percebam, ainda, que a forma de eleição dos Membros é indireta. As Confederações vão indicar os dois candidatos. Alguma dúvida de que serão escolhidos “vacas de presépio”? No Comitê Internacional Olímpico não é assim. O voto é livre dos Atletas, em urna fixada na Vila Olímpica.
A obrigação de seguir os regulamentos do COB não deixa de ser uma ordem para rezar de acordo com a cartilha da entidade. Ou seja, saiu da linha, punição. Lei da mordaça mesmo.
Dar direito de voto aos Atletas, dar poder aos Atletas de interferir nos destinos do Comitê, de saber quanto recebe e quanto gasta de dinheiro, quanto ganham seus funcionários, de opinar e ter voz nos critérios de aplicação da verba pública que mantém o COB, de ter força nos planejamentos olímpicos brasileiros, de opinar nos contratos firmados com terceiros, por exemplo, isso não muda nada e os Atletas continuam como mero coadjuvantes, ou nem isso.
Essa Comissão não tem poder legal algum de interferir em nada do COB. Serve para mascarar os problemas maiores do esporte olímpico nacional, para dar a impressão de que o COB ouve os Atletas e usá-los para palanque, escada, para os interesses pessoais dos atuais dirigentes. O Atleta que aceitou integrá-la o faz, ou ou porque faz parte do sistema e tem interesses pessoais, ou porque não está nem ai com a coisa e anda no vai da valsa, ou para por no curriculum, ou porque é puxa saco de carteirinha, ou até mesmo por pura inocência. Duvido que a maioria tenha sequer lido o regulamento.
E também duvido que daqui a quatro anos alguém diga que essa Comissão contribuiu com alguma mudança nos rumos do esporte olímpico brasileiro.