Coluna Diário Esportivo, publicado na edição de 8 de maio do Díário de S. Paulo
A visita da comissão do COI ao Rio de Janeiro na semana passada, para avaliar as condições da cidade que está se candidatando a sediar os Jogos Olímpicos de 2016, foi um verdadeiro show de ilusões. Desesperados para causar boa impressão, os integrantes do comitê da candidatura brasileira fizeram uma grande maquiagem nas poucas instalações esportivas em condições de uso, como o Parque Aquático Maria Lenk, o Engenhão e o Maracanã.
Além disso, preocuparam-se em não deixar a comissão do COI passar por trajetos onde estivessem moradores de rua. Surpreendentemente, a presença de favelas ao lado de estádios e ginásios foi “ignorada” no vídeo mostrado no primeiro dia da sabatinas oficiais. Até a sempre carismática presença do Rei Pelé foi usada pelos organizadores para impressionar os membros do COI.
Truculência sem sentido
Mas de que adianta todo este esforço para tentar transformar o Rio de Janeiro em algo que está longe de ser quando para isso é necessário apelar à violência? O repórter do “Estado de S. Paulo”, Pedro Dantas, foi agredido pela polícia carioca durante o trajeto da comissão pelo metrô, mesmo depois de se identificar como jornalista.
Os integrantes da comissão avaliadora mostraram-se “impressionados” com o que viram no Rio. Palavras semelhantes também foram ditas em Tóquio e Chicago, outras candidatas. É bom que os dirigentes cariocas não se iludam: é preciso mais do que uma boa maquiagem para ganhar uma sede olímpica.
A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo