“Ele foi o empurrão que eu precisava para entrar no ciclismo profissional”. A frase é de Ana Vitória Magalhães, a Tota Magalhães, maior nome do ciclismo estrada feminino do país hoje. “Ele” é Bernardo Rezende, o Bernardinho, técnico de vôlei e um dos maiores personagens da história do esporte brasileiro. Modalidades tão distintas, distantes, mas um belo dia os caminhos dos dois se cruzaram e, muito graças a isso, Tota está hoje em uma das maiores equipes do mundo. Bernardinho tem sete medalhas olímpicas.
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“Um dia fui para uma corrida com ele, uma corrida amadora, e ganhei. Aí, a gente estava voltando para o Rio, no carro, e ele me perguntou: ‘Tota, o que você quer para o seu futuro?’ Eu falei: ‘putz, Bernardinho, tenho muita vontade de ser ciclista profissional, mas não sei se tenho fisiologicamente capacidade’. Ele falou assim: ‘vamos fazer todos os exames, vamos descobrir, entender como é esse mundo, para a gente ver se fisiologicamente você tem essa capacidade’. No dia seguinte, eu já estava fazendo o teste no laboratório de performance humana, que é um laboratório do Rio”, conta ela.
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Cabeça de campeão
Tota detalha que Bernardinho também apresentou-a para outras pessoas, “para eu entender um pouco como era a seleção brasileira, se existe um profissional no Brasil, o que eu tinha que fazer para estar competindo como profissional”. A ciclita acrescenta que, ao mesmo tempo, conheceu a LuluFive, “um projeto muito legal de equipe meio amadora, meio profissional no Brasil, que me ajudou muito a entender como é que funcionava uma prova de ciclismo.”
A amizade de Tota Magalhães com Bernardinho não ficou por ali. Desde então, o treinador de vôlei segue os passos, ou as pedaladas, da ciclista até hoje (veja nos comentários do post abaixo). “Toda semana rola uma troca de mensagens ou alguma coisa. De vez em quando a gente se encontra para almoçar ou jantar. Da última vez ele me deu um livro, Cabeça de Campeão. que estou lendo. Um grande amigo”, conta. “E, poxa, estamos falando de um cara medalhista olímpico. Você conversa com ele e acha que vai ganhar um ouro olímpico, sabe?”
Henrique Avancini
Outra inspiração da brasileira do ciclismo estrada é Henrique Avancini, atleta do mountain bike. “Foi um cara que eu olhava e falava assim, ‘caraca, o cara conseguiu o que muita gente quer, entrar na bolha, que é o ciclismo europeu, o ciclismo mundial’. E ser um dos menores do mundo. Eu pensava: ‘quero um dia poder ser isso daí no ciclismo de estrada’. Lógico, estou muito longe disso, mas, enfim, me inspiro muito na carreira que ele fez”, conta.
Henrique Avancini, nascido no Rio de Janeiro, como Tota Magalhães, e hoje com 35 anos, já não compete mais no circuito mundial. Enquanto esteve por lá, chegou a ser o primeiro do ranking mundial, em 2021. Venceu duas vezes o mundial de maratona, em 2018 e 2023, e foi vice-campeão no short track, em 2021. Foi vice-campeão dos Jogos Pan-Americanos, em Lima-2019, e campeão quatro vezes, duas como adulto e duas como júnior, no pan-americano da modalidade. Foi, ainda, campeão dos Jogos Sul-Americanos em 2014 e inúmeras vezes campeão brasileiro. Em Jogos Olímpicos, ficou com a 13ª colocação em Tóquio, no cross-country, a melhor colocação de um brasileiro na prova olímpica.
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