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“Perfeito para me desenvolver”, afirma Tota sobre nova equipe

Principal expoente do ciclismo estrada feminino brasileiro vai pedalar nos dois próximos anos para a Movistar, uma das equipes de ponta do World Tour

Tota Magalhães Ana Vitória Magalhães ciclismo estrada Movistar Team
Tota com a camisa azul do Giro d'Itália (x/girowomen)

O ano de 2024 foi cheio de bons momentos para Ana Vitória Magalhães, a Tota Magalhães, principal nome do Brasil no ciclismo estrada feminino. Esteve nos Jogos Olímpicos de Paris, foi campeã nacional e vestiu a camisa azul no Giro d’Itália, uma das maiores provas da temporada. Mas a grande notícia ficou mais para o final do ano. O anúncio da transferência para a equipe espanhola Movistar Team, uma das mais importantes do circuito mundial, o chamado World Tour.

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“Sempre foi uma meta estar em uma equipe World Tour. Sabia que custaria chegar, porque a quantidade de gente que também quer, e com qualidades muito boas, é enorme. Sabia que daria trabalho. Mas confesso que não esperava ser tão rápido assim”, acrescentou a carioca, que completou 24 anos no final de outubro.

Em 2024, Ana Vitória competiu pela equipe italiana Bepink Bongioanni. Ano passado defendeu a espanhola Bizkaia Durango. Nenhuma das duas integra o World Tour. “Vai fazer agora dois anos que eu estou no ciclismo profissional aqui na Europa. Dois anos de treinamento, digamos assim, mais robusto”, diz. “Vamos ver como vai ser isso. Espero me adaptar o mais rápido possível. Espero que seja mais um passo no meu desenvolvimento. Tem muita margem para melhora”.

Lugar perfeito

Tota Magalhães entende que a Movistar “é o lugar perfeito para me desenvolver como atleta. Não só no meu perfil de ciclista, como também para ajudar a equipe. Tenho vídeos meus de três anos atrás falando que queria um dia estar na Movistar. É muito legal ver que, às vezes, podem ser sonhos altos, mas você pode chegar”, acrescentou.

A brasileira assinou um cotrato de dois anos com a equipe espanhola. No primeiro, o objetivo é crescer. “Vai ser um ano de aprendizado, de entender como essa estrutura é gigantesca, como é, de fato, trabalhar numa equipe World Tour”. Tota também está ciente da pressão que vem com a transferência. “Numa equipe World Tour, você está ali para ganhar e ponto. Se não ganhar, tem aquela pressão de, ‘putz, o que aconteceu aqui?’ O oposto da minha equipe esse ano”.

Treinamento e nutrição

A brasileira destacou o treinamento e a nutrição como pontos a serem melhorados no novo momento da carreira. “Em relação ao treinamento, em termos de zona e potência. Trabalhar com sensores de temperatura, altitude, coisas que eu nunca trabalhei. Treinamento de altitude, algo que eu nunca fiz, vou fazer essa temporada pela primeira vez. Um trabalho de força um pouco mais específico para o ciclismo”.

Na nutrição, citou o desafio da ingestão de carboidrato. “Hoje em dia, as melhores do mundo estão ingerindo 120 gramas de carboidrato por hora. Uma banana tem 20 gramas, imagina comer seis bananas por hora pedalando”, explica. “Numa corrida de quatro horas, são 480 gramas de carboidrato. É muita coisa, mais do que você consome em um dia. Tem que treinar o estômago para conseguir absorver isso”, detalha. A forma de ingestão é variada. “Gel, carboidrato dentro da garrafa, pequenas barrinhas”.

A ciclista classifica como “gigantesco” o espaço para melhora. “Inclusive é uma coisa muito falada (na Movistar). Isso me deixa cada vez mais motivada. Sempre fui uma pessoa que com muitos hábitos de um profissional. Sempre tive nutricionista, treinador, tudo certinho. Mas chegou num nível que agora é tudo interligado. Vou me adaptar a isso. Estou super animada. Não tem como não estar animada”.

Gregária

Tota Magalhães, como não poderia ser diferente, chega como gregária na Movistar Team. Assim, tem como principal função trabalhar para que a líder da equipe alcance os resultados programados. “Uma pessoa não consegue ganhar sozinha no ciclismo estrada. Então, ser gregária é algo muito importante”, explica. “Você já tem na cabeça que se uma pessoa da equipe ganha, você está fazendo parte disso”.

Para explicar melhor, a brasileira faz uma analogia com o futebol. “Comparando de uma forma não tão boa, um goleiro ou um zagueiro não faz gol, mas uma equipe não pode tomar gol para vencer. Você não está fazendo gol, mas se não tem você ali para defender sua líder, ela não vai a lugar nenhum”, diz. “A equipe valoriza muito isso, então ganhou uma, a equipe inteira está muito feliz”.

A ciclista reforça estar bem feliz com a função – “adoro esse trabalho” – e também acredita que se desenvolver da forma que imagina, vai ter mais liberdade alguma hora. “Obviamente, quero também um pouco dessa liberdade, mas hoje em dia eu estou muito feliz sendo gregária. Sinto super parte da vitória quando minha companheira ganha”.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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