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Paris 2024

‘É difícil’, dizem ciclistas sobre competir em prova multiclasses

Sabrina Custódia e Carlos Alberto comentam sobre a dificuldade de competir em prova com atletas de deficiências menos severas

Carlos Alberto Soares em ação na disputa da resistência multiclasses do paraciclismo estrada nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024
(Foto: Douglas Magno/CPB/Arquivo)

Clichy-sous-BoisDepois de completarem a corrida de rua C1-3 do ciclismo estrada na Paralimpíada de Paris-2024, os brasileiros Carlos Alberto Soares e Sabrina Custódio comentaram sobre a dificuldade de competir em uma prova multiclasses, neste sábado (07). Eles são das classes C1 e C2, respectivamente, e enfrentaram atletas da classe C3, com deficiências menos severas que as deles.

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“É difícil porque eles acabam tendo um ritmo de corrida mais forte. São atletas que têm uma limitação menor do que as demais. Da classe C3 e C2, têm alguns atletas que sobressaem sobre a gente. Para nós das classes mais baixas, é desafiador. É emocionante estar correndo com os caras mais fortes, mas é bem desafiador, e aí a chance de medalha nossa é reduzida. Largamos em 33 para brigar por três medalhas”, falou Carlos em entrevista ao Olimpíada Todo Dia após a prova.

Classificação esportiva no ciclismo

Existem quatro grandes grupos de classes no paraciclismo, de acordo com o grau de severidade da deficiência dos atletas. As classes são reunidas em grupos de acordo com o tipo de bicicleta utilizada, com iniciais H (handbike), T (triciclo), C (bicicleta speed) e B (tandem, para atletas com deficiência visual). No caso do grupo C, os atletas possuem comprometimento nos membros superiores e/ou inferiores, mas conseguem pedalar com as pernas e usam a bicicleta modelo speed.

Há cinco classes dentro do grupo C, em que, quando menor o número, mais debilitado é o atleta. Portanto, o C1 é o mais debilitado, enquanto o C5 é o menos debilitado. A maioria das provas do programa paralímpico são “específicas” para cada classe, mas ainda há disputas que reúnem multiclasses. Isto acontece não só no ciclismo, mas também em outras modalidades dos Jogos Paralímpicos.

Em Paris-2024

No caso do ciclismo, houve 49 provas individuais em Paris-2024, entre pista e estrada, das quais 18 reuniram mais de uma classe. Nesses casos, em provas de contrarrelógio, em que o que importa é o tempo, existe a chamada “fatoração”. A fatoração reduz o tempo de ciclistas de classificações mais baixas e o transforma em um número equivalente ao esforço em comparação a ciclistas de outras classificações.

Sabrina Custódia em ação na corrida de rua do paraciclismo Paralimpíadas Paris-2024
(Foto: Alessandra Cabral/CPB/Arquivo)

Nas corridas de rua, isso não acontece. Desde Londres-2012, há duas provas de resistência (em cada naipe) envolvendo as classes C: uma que reúne as classes C1-3 e outra que reúne as classes C4-5. Em Paris-2024, Carlos Alberto Soares (C1) terminou em 23º lugar entre 32 atletas na corrida C1-3, enquanto Sabrina Custódia (C2) foi a 14ª entre 15 competidoras. Em ambas as disputas, um C3 foi campeão e houve um atleta C2 no pódio.

“É bem difícil, porque a gente acaba sendo de uma classe mais baixa competindo com classe mais alta. Assim, é legal porque eles acabam puxando mais o rendimento da gente que é uma classe inferior. Porém, é mais difícil para a gente conseguir passar deles. Mas a gente tem que ir pra luta, né? Não pode desistir só porque está com qualquer classe mais alta. Tem que ir pra a luta e tentar, pelo menos tentando está bom”, falou Sabrina Custódia.

Satisfação dos brasileiros

Apesar de ficarem distantes de brigas por medalhas, Sabrina e Carlos gostaram de suas participações em Paris-2024 e se sentiram felizes por terem completado a prova de resistência, que envolveu 71km no masculino e 56,8km no feminino. Antes de competirem neste sábado, os brasileiros já haviam disputado duas provas do ciclismo em Paris-2024, uma na pista e outra no contrarrelógio da estrada.

“Hoje a prova foi mais emocionante. Eu posso dizer que foi uma devida corrida de Paralimpíada, com público, com um percurso bem desafiador. Tinha bastante parte que podia te fazer campeão ou também podia te tirar da corrida. Eu fiz uma prova tentando não estar dentro de nenhuma queda, mas estar entregando o meu melhor da corrida. Estou feliz com o meu resultado. Infelizmente ainda não estou na medalha. Eu acredito que é um processo que a gente vai trabalhar”, falou Carlos Alberto.

“Foi um ano bem difícil para mim, não consegui treinar muita estrada por ter a clavícula quebrada. Depois que eu melhorei, foquei mais no velódromo. Então, o resultado que eu tive aqui, só de ter completado a prova, já estou feliz demais. Foi um percurso bem difícil, com subidas bem íngremes. Temos que nos preparar mais para as próximas. Mas tá bom. Estou feliz com o meu resultado. O nosso foco é mais o velódromo mesmo e a estrada é consequência”, disse Sabrina.

Paulistano de 23 anos. Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estou no Olimpíada Todo Dia desde 2022. Cobri a Universíade de Chengdu, o Pan de Santiago-2023, a Olimpíada de Paris-2024 e a Paralimpíada de Paris-2024.

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