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Lauro Chaman se espelha em adversários para seguir até LA

Aos 37 anos, Lauro Chaman quer seguir competindo até Los Angeles 2028 e, para isso, se espalha em campeões paralímpicos

Lauro Chaman pousa para foto durante participação no Tour do Rio
(Foto: Luana Campos)

Depois de um ano recheado de grandes competições, que envolveram os Jogos Paralímpicos e os Mundiais de Paraciclismo de Pista e de Estrada, Lauro Chaman entrou em reta final de temporada. Participando do Tour do Rio neste final de semana, o duas vezes medalhista paralímpico conversou com o Olimpíada Todo Dia, fez uma análise da temporada e demonstrou que já está pensando no futuro. Aos 37 anos, ele quer seguir competindo e usa os próprios adversários como espelho para tentar chegar até Los Angeles-2028.

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“Vou seguir ano após ano. Com certeza, o ano que vem eu quero continuar competindo. No final do ano que vem, a gente vai vendo. Enquanto Deus me der saúde, eu vou tentar estar treinando e competindo. Só que aí não cabe só a mim, tenho que ver o tanto que vai evoluir o esporte, se eu vou conseguir chegar lá [na próxima Paralimpíada] com chances de medalha ou não. Sou um cara bem sincero e realista. Sou sonhador, mas também realista”, falou Chaman.

“O atual campeão paralímpico de estrada estava no pódio no Rio. O Daniel (Gebru), que ganhou a Paralimpíada no Rio e estava no pódio comigo, também pegou medalha agora em Paris. Os dois foram de ouro. Acho que se eles seguem e têm essa gana, também tenho que ter aqui e seguir mais uns anos aí. Sabemos que é muito difícil, mas eu amo fazer o ciclismo”, continuou o multicampeão. “Pretendo seguir, para chegar em mais uma Paralimpíada. Nunca se sabe, o sonho nunca acaba”.

Lauro Chaman refere-se ao ucraniano Yehor Dementyev e ao holandês Daniel Abraham, que dividiram pódio com o brasileiro na Rio-2016 e voltaram a conquistar medalhas nos ciclos seguintes, incluindo em Paris-2024. Abraham, de 39 anos, foi ouro nas três últimas Paralimpíadas, sendo que triunfou no contrarrelógio C5 da capital francesa, enquanto Dementyev, de 37, vai ao pódio desde Londres-2012, tendo sido ouro na corrida de rua C4-5 na última edição.

Batidas na trave

Diferente dos dois europeus, Lauro Chaman não voltou ao pódio de uma Paralimpíada após conquistar um bronze no contrarrelógio e uma prata na corrida de rua na Rio-2016. Ele bateu na trave em Tóquio-2020 e em Paris-2024, obtendo três quarto e dois quintos lugares no acumulado dessas duas edições. Na capital francesa, entre agosto e setembro deste ano, ele teve um quinto lugar na perseguição individual C5 da pista, um quarto no contrarrelógio e outro quinto na corrida de rua.

Lauro Chaman durante participação no paraciclismo pista dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024
Chaman durante participação na pista em Paris-2024 (Foto: Alessandra Cabral/CPB)

Apesar dos “quase” pódios por três vezes na competição mais importante do ano, não se pode avaliar a temporada de Chaman de forma negativa. Isto porque ele obteve medalhas nos dois Campeonatos Mundiais que disputou, faturando uma prata na perseguição individual (pista), em março, no Rio de Janeiro, e uma prata no contrarrelógio e um bronze na corrida de rua (estrada), em setembro, em Zurique, na Suíça. O próprio atleta fez uma análise e comentou sua temporada.

“Eu acredito que é um ano de mistas emoções. Foi muito legal ter ganhado duas medalhas no Campeonato Mundial [de estrada], sou muito grato. Estou indo em todas as competições para tentar ganhar. Eu não conquistei medalha na Paralimpíada, mas dei o meu melhor e fiz além do que dava. Nunca treinei e me dediquei tanto na vida e acabei ficando em quarto e duas provas em quinto. Isso é o esporte e é isso que o deixa tão maravilhoso porque a gente tem que saber lidar com certas frustrações”, disse Chaman.

Crescimento do paraciclismo

O Mundial de Paraciclismo Estrada de 2024, aliás, foi histórico para o Brasil. Acontecendo cerca de duas semanas depois do fim da Paralimpíada, o país conquistou sete medalhas. Além das duas de Lauro Chaman, Marco Antônio Ferreira e Gilmara do Rosário também obtiveram outras duas cada, enquanto Jady Malavazzi faturou um ouro – o primeiro de uma atleta brasileira no feminino. A participação rendeu elogios de Lauro, que vê o crescimento do paraciclismo no Brasil.

“A gente também foi muito bem com a Jady no Campeonato Mundial, que foi a primeira mulher a ser campeã mundial. Vemos a evolução do paraciclismo e eu sou muito grato de fazer parte desse desenvolvimento e de ver a modalidade crescendo tanto. Com certeza, vai colher bons frutos na próxima Paralimpíada e, quem sabe, eu esteja lá disputando também”, falou ele. “Os Jogos Paralímpicos são a maior competição do universo. Quem sabe eu consiga correr mais quatro anos, treinar e cuidar da parte do corpo e seguir mais um pouco para disputar mais uma edição e tentar de novo mais uma medalha para o Brasil”.

Calendário - Lauro Chaman disputa o Mundial de ciclismo no final de setembro
Lauro Chaman chegou a 24 medalhas mundiais na carreira (Foto: Alessandra Cabral/CPB)

Participação no Tour do Rio

Por fim, Lauro Chaman também falou sobre sua participação no Tour do Rio, evento que reúne grandes nomes do ciclismo estrada internacional. Competindo contra atletas convencionais, o atleta da Swift Carbon Pro Cycling Brasil – única equipe brasileira de nível continental participando da competição – conseguiu finalizar as duas primeiras etapas com bons resultados: ficou em 16º lugar na primeira etapa e em 23º na segunda.

“O nível é altíssimo, é uma das competições mais fortes, se não for a mais forte, aqui das Américas. É um trajeto extremamente duro e sacrificante. Para mim, sendo um atleta paralímpico competindo no convencional com grandes atletas que estão aqui, é muito importante para se preparar para as próximas competições. Dentro das nossas limitações, a gente dá o nosso melhor, correndo com bastante alegria e isso que vale”, disse Lauro.

“Aqui no Tour do Rio é uma prova sofrida, mas eu gosto disso. Eu não desanimo porque eu estou para trás, porque a gente sabe que é uma régua muito grande a minha diferença para os colombianos da NuBank e do Team Medellin. A diferença é um caminhão, mas mesmo assim, eu disputo, tento dar o meu melhor todos os dias”, finalizou ele, que nasceu com o pé virado para trás, perdeu o movimento do tornozelo após passar por cirurgia para corrigir o problema e teve artrofia na panturrilha.

Paulistano de 23 anos. Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estou no Olimpíada Todo Dia desde 2022. Cobri a Universíade de Chengdu, o Pan de Santiago-2023, a Olimpíada de Paris-2024 e a Paralimpíada de Paris-2024.

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