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Ciclismo BMX

Renato Rezende começa ano em busca da 3ª Olimpíada

Temporada do BMX começa com Etapa da Austrália, chance dos pilotos somarem pontos e acirrarem a briga pela vaga nos Jogos de Tóquio

Renato Rezende vai à semi em Papendal e comemora volta por cima
Foto: Reprodução/Instagram

O ano do ciclismo BMX vai começar oficialmente. A partir de sexta-feira (31), os melhores pilotos do mundo disputam a etapa da Austrália da Copa do Mundo da modalidade. A competição, que será realizada na cidade de Shepparton, é a primeira etapa do ano, mas, mais do que isso, é a primeira oportunidade dos atletas somarem pontos para o ranking mundial.

Em ano olímpico, somar pontos pode significar conseguir uma vaga para Tóquio. Em 20º no ranking, Renato Rezende tem que ultrapassar o compatriota Anderson Ezequiel – que está em 19º – para conseguir uma vaga para disputar sua terceira Olimpíada. O piloto 13 vezes campeão nacional, esteve presente em Londres, em 2012, e no Rio de Janeiro, em 2016.

“A vaga é uma coisa que sempre está na cabeça, claro. Mas meu maior objetivo é ir bem em cada prova, focar sempre no melhor daquela prova. Os pontos vêm em consequência disso. As etapas da Copa do Mundo valem mais pontos, vamos ter quatro etapas aqui (na Austrália) e vai ser bem legal já competir quatro etapas de Copa do Mundo no começo de fevereiro.”, disse Renato ao Olimpíada Todo Dia.

Seu principal concorrente Anderson Ezequiel tem 24 anos e é quatro anos mais novo que Renato (que tem 28). Medalhista de prata nos Jogos-Pan Americanos e melhor brasileiro no ranking, Andinho, como é conhecido, vem embalado para a disputa. Em nenhum outro ciclo olímpico Renato teve uma briga tão acirrada para garantir a vaga olímpica. Isso, segundo ele, é bom para se forçar cada vez mais.

“O Andinho é um cara que eu conheço desde que começou no BMX. É uma pessoa que eu respeito muito e que me motiva muito, porque ele está andando muito bem e faz com que eu tente o meu melhor a cada dia.”, afirmou Renato, deixando claro que no BMX a rivalidade não existe. “Não é um esporte que é um contra um, não é como tênis, por exemplo, que se eu jogar contra ele, quem ganhar, passa. São sempre 8 pilotos na prova, então fica bem mais tranquilo. Quem tiver mais pontos, vai, então eu procuro pensar em mim, no meu melhor resultado.”

Anderson Ezequiel é o melhor brasileiro no ranking mundial. (Foto: Abelardo Mendes Jr/Rede do Esporte)

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Corrida Olímpica

Nos Jogos de Tóquio 2020, serão 24 pilotos de cada gênero na disputa. Para conseguir a vaga, os atletas têm três possibilidades classificatórias. São 18 vagas para os melhores no ranking mundial de nações, que será publicado no dia 2 de junho. A posição do país define a quantidade de vagas: os dois países líderes levam três vagas cada. Do terceiro ao quinto colocado fatura duas vagas cada. Do quarto ao 11º país do ranking garante um posto cada.

Atualmente, o Brasil está na 10ª posição do ranking masculino, ou seja, está garantindo uma vaga, que, no momento, é de Anderson Ezequiel. Caso o Brasil consiga subir bastante no ranking, pode conseguir duas vagas.

“Eu miro alto, né? Miro o pódio, final de Copa do Mundo, pódio de Copa do Mundo, e esse é meu objetivo.”, comentou Renato Rezende. “Se meu melhor for esse e o Andinho fizer melhor ainda, aí conseguimos até duas vagas, quem sabe.”

Há outras duas formas de conseguir a vaga para as Olimpíadas. Uma é de acordo com o ranking mundial individual fechado no dia 2 de junho: são três vagas para os primeiros colocados que ainda não tenham o país classificado no ranking anterior. A terceira forma é via Mundial de ciclismo BMX marcado para maio: são duas vagas para os melhores colocados no torneio.

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Preparação

A preparação de Renato Rezende para 2020 começou já em novembro do ano passado, com uma cirurgia na mão direita. Depois de passar a temporada inteira sem conseguir dobrar o dedo mindinho e não poder fechar a mão, o piloto aproveitou o fim do ano para resolver o problema e já começar a se recuperar para a pré-temporada.

Renato Rezende está otimista na busca por sua terceira Olimpíada. (Foto: Reprodução/Instagram)

Depois, Renato ficou três semanas treinando em Londrina, no Paraná, na pista de BMX da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo), no Autódromo Internacional Ayrton Senna – a única pista de BMX no Brasil com condições semelhantes às pistas de torneios internacionais. Já na Austrália, Renato está preparado para as dificuldades que as provas reservam.

“Eu consegui vir um pouco antes para me acostumar com o fuso horário, que é uma das maiores dificuldades (14 horas de diferença com o horário de Brasília). Outra dificuldade que vai ter aqui é o calor, porque está muito quente. Nessa primeira prova , está previsto mais de 40 graus de temperatura, então vai ser um desafio a mais. Outra coisa é o vento. Mas são coisas que são difíceis para todo mundo, então é tranquilo.”, explicou o piloto.

Terceira Olimpíada

Caso consiga a vaga para Tóquio, Renato Rezende representará o Brasil em Jogos Olímpicos pela terceira vez na carreira. A meta do carioca é ir melhor que nas outras edições.

“Na primeira, em Londres, eu tinha 21 anos, e estava super bem. Aí meu pneu da frente estourou, meu ombro saiu do lugar e tive que ir para o hospital e abandonar a prova.”, relembrou.

Em 2016, no Rio de Janeiro, Renato conseguiu superar uma fratura de clavícula no começo do ano e chegou bem para a disputa. Mas teve outro pneu furado e outra queda.

“Não consegui alcançar o objetivo. Então eu acredito muito que pode ser numa terceira chance. Estou me dedicando ao máximo e fazendo meu melhor a cada dia pra que isso seja possível.”, afirmou.

Renato Rezende representou o Brasil nos Jogos do Rio, em 2016. (Foto: Marcelo Pereira/Exemplus/COB)

Renato Rezende já foi o quinto melhor piloto de BMX do mundo em 2015. Em 2017, uma fratura no pé o tirou das competições e ele despencou no ranking, saindo do top 200. Nos anos seguintes, o piloto se recuperou. Em 2018, encerrou a temporada como o número 36 do mundo. E, no ano passado, chegou a 20ª posição. Completamente recuperado, Renato sabe que mudou nos últimos anos, mas não vê ansiedade no ano olímpico.

“Ano olímpico sempre é mais especial, não vejo nem como ansiedade, mas uma vontade maior de alcançar os objetivos e ir atrás dos sonhos. Hoje eu tenho muito mais experiência do que antes, estou numa forma física que eu acredito que nunca tive, então eu estou muito feliz e muito confiante para esse ano e estou esperando que seja um ano muito abençoado.”, projetou, otimista.

BMX Feminino

Além de Renato Rezende e Anderson Ezequiel, a primeira etapa da Copa do Mundo na Austrália também terá representante do BMX feminino. Aos 27 anos, Priscilla Stevaux é a 15ª do ranking mundial e foi a representante do Brasil na Rio-2016.

Priscilla Stevaux começa a temporada na Austrália. (Foto: Reprodução/Instagram)

Priscilla também tem chances de conquistar a vaga para Tóquio. Sua principal concorrente brasileira é Paola Reis, de 21 anos. Paola é a melhor brasileira no ranking (11ª), atual campeã brasileira e foi medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. A jovem piloto, no entanto, não estará presente na disputa australiana.

O esquema de vagas do BMX feminino é igual ao do masculino. Hoje, o Brasil ocupa a sexta colocação no ranking olímpico por países, o que garante uma vaga, atualmente com Paola Reis. Mas, caso o Brasil supere a Rússia e suba uma posição no ranking, ganha mais uma vaga na Olimpíada.

Melhor brasileira no ranking, Paola Reia foi prata no Pan de Lima. (Foto: Paola Abelardo Mendes Jr/Rede do Esporte)

“O feminino está até melhor colocado do que o masculino, elas têm grandes chances de conseguir duas vagas. As meninas estão andando super bem e eu estou torcendo muito para elas conseguirem duas vagas. Pra gente (homens) ainda é um pouco mais difícil, mas ainda não é impossível.”, comentou Renato Rezende.

O BMX entrou no programa olímpico nas Olimpíadas de Pequim, em 2008. É, portanto, um esporte recente. O Brasil ainda está crescendo na modalidade, mas, com cada vez mais pilotos, o futuro brasileiro sobre as duas rodas promete.

“O BMX do Brasil está evoluindo muito, pelos resultados dá pra ver isso. Cada vez mais pilotos andando bem. Hoje tem eu e o Andinho no top 20 mundial, tem a Paola e a Priscila no top 20 mundial, então o BMX está evoluindo muito. Está vindo uma nova geração e eu vejo um futuro muito promissor para o Brasil.”, finalizou Renato Rezende.

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