[Em parceria com Gabriel Gentile] Além de defender as cores do Brasil, Ulan Galinski também deve representar o início de um novo ciclo no ciclismo mountain bike brasileiro. Os Jogos Olímpicos de Paris-2024 serão os primeiros após a aposentadoria de Henrique Avancini, multicampeão e principal nome da modalidade no país nos últimos anos. Estreante em Olimpíadas, Ulan tem a benção e mentoria de seu ídolo de infância para assumir o cargo vago.
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Cria do Vale do Capão, na Chapada Diamantina, o baiano sempre teve a bicicleta fazendo parte do seu dia a dia. Contudo, Ulan Galinski entrou para o mountain bike pela pura influência dos amigos. Na época, praticava e se interessava por outras modalidades até que um certo encontro e uma conversa no colégio o fizeram focar no MTB.
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“Tive o meu primeiro contato no Brasil Ride, que era uma prova que trazia atletas de diversos locais do mundo […] Acabei conhecendo o Avancini, tirei uma foto com ele. Fiquei sabendo que ele era o melhor atleta do Brasil. Foi a primeira vez também que vi estruturas de equipes profissionais, que tinham pessoas que realmente viviam daquilo. Então, foi ali que deu aquele clique”, disse.
Tempos depois, uma conversa na escola selou o seu destino. “O meu professor de educação física me chamou para uma conversa e falou: ‘Ulan, você tem facilidade para praticar vários esportes e isso é muito legal. Mas se você não se dedicar a apenas um, não vai ser bom o suficiente em nada’. E foi onde eu decidi escolher apenas um esportes e, em 2015, comecei a levar mais a sério e comecei a entender como funcionava todo esse processo para me tornar atleta profissional”, contou Ulan.
Ídolo, adversário e chefe
Em competições internacionais, Ulan Galinski representa as cores do Brasil e também da da equipe Caloi/Henrique Avancini Racing. Como o próprio insinua, o tem como chefe e antes integrante, Avancini. O contato com o seu ídolo foi fundamental para o processo de amadurecimento de Ulan dentro e fora das pistas.
“Acredito que o destino uniu nós dois por algum motivo muito especial. O Henrique sempre foi muito influente nessa questão de passar conhecimento. Com ele ainda em atividade, sempre tentou me ensinar e orientar. Acabou que em 2023, por conta desse processo, cheguei à elite, e a gente acabou tendo bons embates. Boas disputas dentro da pista. O meu ídolo se tornou meu chefe, meu mentor, depois se tornou o meu rival. Ele me ensinou grandes lições dentro das pistas e também fora delas”, destacou.
“O legado maior que o Henrique construiu foi que ele conseguiu oferecer ao mountain bike brasileiro, além de todo envolvimento e crescimento, foi criar essa esperança no coração dos meninos mais jovens que estavam começando no esporte. E ali, vendo ele competir contra os melhores do mundo, ele conseguiu plantar essa sementinha dentro de mim”, destacou Ulan.
Trajetória de evolução
O início do ciclo olímpico não foi de acordo com o programado pelo baiano. Após 2022, ele engatou uma boa sequência de resultados para assumir a liderança no ranking na corrida da vaga olímpica em Paris-2024. Além disso, antes de carimbar o passaporte, ainda teve também que superar seu amigo Alex Malacarne, concorrente pela vaga.
“Acabei assumindo a liderança no meio de março, porém não me iludi com esse sentimento. Tentei manter sempre os pés nos chão, encarar uma prova de cada vez, independentemente de estar na frente ou não. O Alex acabou crescendo também nessa reta final e tirou bastante a diferença Somos rivais, porém temos um respeito mútuo muito grande um pelo outro. Foi algo muito importante para a gente porque, nessa busca pela vaga olímpica, nós dois evoluímos bastante”, ressaltou. Correndo pela Caloi/Henrique Avancini Racing, Ulan entrou para a história como o segundo brasileiro a terminar no top-20 de uma etapa da Copa do Mundo.
Condição privilegiada
Ulan Galinski não está entre os principais favoritos ao pódio do mountain bike masculino em Paris-2024. Atualmente, ocupa a 24º lugar no ranking mundial, mas mostrou evolução, pois entrou no top-30 pela primeira vez neste ano. No Mundial do ano passado, Ulan ficou em 38º lugar no cross-coutry olímpico. Para Ulan, estar fora do radar do pódio é um privilégio nessa sua primeira experiência em Jogos Olímpicos. A prova está marcada para a segunda-feira (29).
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“Acredito que estou em um bom lugar. Não tenho expectativa e pressão em cima de mim. Não estou no radar dos principais atletas do mundo. Nesse momento, eu encaro isso como certa vantagem. Então, é um privilégio que tenho nessa Olimpíada por ser minha primeira experiência, mas que não quero ter na próxima porque quero chegar em Los Angeles como um dos favoritos”, disse.