A dupla de campeões da open na Brasil Ride, formada pelo brasileiro Henrique Avancini e o tcheco Jiri Novak, levou os amantes do mountain bike ao delírio neste sábado (21), ao conquistarem o título de 2017 da maior ultramaratona das Américas com 5min12 de vantagem para Michele Casagrande e Fabian Rabensteiner. Com o resultado, Novak colocou seu nome no patamar mais alto de vencedores da principal categoria, sendo o primeiro ciclista a ganhar três títulos nas oito edições. Já Avancini, agora bicampeão de sua prova favorita, teve o prazer de proporcionar ao companheiro o encerramento perfeito para uma carreira profissional vitoriosa no esporte. Além dos 500 competidores da Brasil Ride, a Maratona dos Descobrimentos, disputada entre Arraial d’Ajuda e Trancoso, com 73,4 km, lotou a região com mais 1.000 bikers de todo o Brasil.
Após terminar a terceira etapa na liderança por um segundo e ver os italianos Michele Casagrande e Fabian Rabesteiner liderarem na quarta e na quinta provas, Henrique Avancini e Jiri Novak se recuperaram na sexta-feira (20), durante o cross country (XC), disputado individualmente. Apesar de Fabian ter sido vencedor da penúltima prova, cerca de um minuto à frente de Jiri, Avancini conseguiu excelente vantagem para Michele e a diferença, que era de 10 segundos para a dupla europeia, virou 21 segundos para a parceria tcheco-brasileira.
Assim, na sétima e última corrida, os campeões Avancini e Novak não apenas administraram a vantagem. Marcaram seus dois adversários, não os deixaram fazer uma fuga bem sucedida, e colocaram mais de cinco minutos de vantagem sobre eles.
Se antes do início da Brasil Ride, Jiri Novak já sentia um clima especial no evento, junto da família de Henrique Avancini, agora sua carreira termina com chave de ouro. “É incrível para mim. Me sinto muito bem por ter feito sete dias de prova nessa corrida louca que é a Brasil Ride. Na etapa final, aceleramos demais, e os últimos quilômetros foram maravilhosos. No downhill, o Fabian caiu e foi difícil para ele, porque depois vinha uma serra. Depois disso fizemos 20 km em velocidade máxima”, contou Jiri.
“Vivi uma semana maravilhosa com a família do Henrique Avancini, que é um cara muito legal. Com Hans eu me divertia demais e agora com o Henrique também. Seu pai, sua irmã e sua esposa, ótimas pessoas”, disse Jiri. “Estou certo de que vou terminar a carreira. Quando você está no topo, é fácil de cair. Então, a hora de parar definitivamente é agora”, finalizou o único tricampeão da open – 2014, 2015 e 2017.
Henrique Avancini não escondeu a felicidade em conquistar seu bicampeonato (2013 e 2017) e fazer parte de um momento especial na vida de seu companheiro. “Nos distanciamos na metade final da etapa e o Jiri estava muito forte. Praticamente ficou na frente o tempo inteiro. É um dia especial em função do nível da Brasil Ride. Acredito que nunca uma competição teve tanto equilíbrio, com a diferença nunca sendo maior que 25 segundos até a decisão. E também pela parceria como Jiri. Ele se aposenta e é algo especial para um atleta, que agora vira uma lenda. O único tricampeão da open. Quem já correu a Brasil Ride sabe, não é nada fácil”, afirmou.
“Me entreguei tanto na competição também por isso. Fiz tudo que podia para ele sair com esse título. Ele merece muito. Estou bastante emocionado, principalmente por fazer parte deste momento dele, por uma questão de respeito. Ser ciclista é uma vida bonita de se levar, mas também muito dura. Quando alguém escolhe ser atleta, tem de abrir mão de muita coisa boa e intensa, mas chega esse momento, de terminar. Tenho certeza que é especial”, concluiu Avancini, que confirmou sua melhor fase na carreira. Em 9 de setembro ele conquistou o histórico quarto lugar no Mundial de MTB, realizado na Austrália.
Satisfação pelo esforço feito – Apesar do vice-campeonato, os italianos da Trek Selle San Marco saem de Porto Seguro com a certeza de que fizeram o melhor durante os sete dias de evento. Entre quedas e dias de liderança, Michele e Fabian garantiram emoção do começo ao fim. “Foi um dia difícil para nós. Estávamos muito cansados e não foi possível vencer. Jiri e Henrique estavam muito fortes. Foi um importante resultado para mim, em minha primeira participação na Brasil Ride. Ganhamos uma etapa e ficamos em segundo em várias outras, ou seja, fomos realmente bem”, disse Michele. “Foi bem duro, do começo ao fim demos o máximo, embora tivemos azar em algumas provas. Feliz pelo segundo segundo lugar e só temos que parabenizar os campeões”, contou Fabian.
Raiza bicampeã na Ladies – Raiza Goulão e a francesa Margot Moschetti completaram a Brasil Ride com vitórias nos sete estágios, sem dar chances para as rivais. Na última prova, Raiza reconheceu a força de sua jovem companheira, que foi a protagonista. “Fui bicampeã em grande estilo. Foi uma surpresa correr com a Margot, porque o entrosamento foi perfeito. A Margot é forte no plano e na subida, enquanto nas partes técnicas eu a ajudei. Ela teve dificuldades na quinta etapa, mas hoje ligou o motor e fez a diferença”, disse Raiza. “Foi uma semana ótima aqui no Brasil, em uma corrida linda e incrível. A Raiza não foi apenas uma ótima companheira, mas também uma grande anfitriã. Estou feliz demais pela conquista”, avaliou Margot.
Melhores homens das Américas – Após pintarem como surpresa no prólogo, Mario Antonio Verissimo e Kennedi Sampaio conseguiram garantir, neste sábado, o título inédito da disputa da camisa branca da Brasil Ride, a dos melhores ciclistas das Américas. A diferença, que era de mais de oito minutos, caiu para menos de dois minutos, mas não o suficiente para José Gabriel Marques e Daniel Carneiro tirarem o troféu de Mario e Kennedi. “Sensação incrível. O Mario e eu somos principiantes e lutamos todos os dias, no limite, para segurar essa camisa. Conseguimos e saímos como título”, destacou Kennedi. “Para nós foi mais que uma conquista, porque é nossa primeira vez em uma das ultramaratonas mais duras do mundo. O objetivo era apenas terminar e fomos campeões, apesar do pneu furar e ter feito os últimos dois quilômetros no aro”, explicou Mario Antônio.
Pentacampeonato na máster – O holandês Bart Brentjens e o goiano radicado em Brasília Abraão Azevedo garantiram, neste sábado, o quinto título da Brasil Ride correndo juntos. Foi o oitavo de Abraão, que segue como único atleta a ter ganhado o evento em todas edições. Diferentemente das últimas quatro conquistas, desta vez a dupla de lendas do esporte não teve vida fácil, com os tchecos Ondrej Fojtik e Robert Novotny, bicampeão da open, vencendo duas das sete etapas.
“Feliz demais pelo título, ainda mais com toda a dificuldade que foi para conquistá-lo. A prova foi dificílima, com pouca certeza de quem venceria até cruzarmos a linha de chegada na frente. O alto nível é bom para o esporte e para a Brasil Ride, porque ajuda na evolução. Várias categorias foram bastante disputadas e fico contente com o título, o oitavo e com certeza o mais difícil para mim”, relatou Abraão.
Promessa e casamento no domingo – A edição de 2017 da Brasil Ride terá um gosto ainda mais especial para o casal Manuela Castello, de 30 anos, e Erico Feltrin, de 47. Juntos há mais de dois anos, a dupla de Brasília tinha muito mais em jogo na ultramaratona do que somente receber a camisa de finisher, após o término do sétimo e último estágio. Mesmo em sua primeira participação no evento, o foco de Erico e Manu estava em cumprir uma promessa: se completassem a prova, eles se casariam neste domingo, em Arraial d’Ajuda, no Alto do Mucugê. Eles fizeram bonito no pedal e a cerimônia está mais que confirmada.
“Nos conhecemos em um grupo de pedal e a primeira vez que ficamos foi há pouco mais de dois anos. Desde então, nunca mais nos largamos. Eu sempre acordava às 5h para treinar e ele ficava de preguiça, até começar a alterar a rotina dele. Começou a fazer planilha e pedalar junto comigo, e deu certo”, relembrou Manuela. “Vir para Brasil Ride sempre foi um outro patamar. Porém, um dia disse para ela que se a gente completasse, eu casaria. Ela sempre me colocou na pressão e eu topei o desafio. Não sabíamos se seria possível completar, então pensamos em algo pequeno. Mas, treinamos, buscamos resultados como o Festival de Botucatu, e vimos que seria realidade”, contou Erico, que terá cerca de 50 convidados no casamento marcado para amnhã (domingo).
Mundial 24h é lançado na Brasil Ride – – Está confirmado o primeiro evento de promoção do Campeonato Mundial 24h de Mountain Bike, que será realizado de forma inédita no País, em julho de 2019, em Costa Rica (MS). Nos dias 25 e 26 de novembro, o município do Centro-Oeste brasileiro receberá o Eliminator (XCE). O anúncio oficial do evento de apresentação da competição internacional foi feito durante a cerimônia de premiação da sexta etapa da Brasil Ride, nesta sexta-feira (20), e contou com a presença do prefeito costarriquense, Waldeli dos Santos Rosa.
“Confirmamos em primeira mão que o Brasil terá o primeiro Mundial 24h de MTB no País. Várias pessoas sairão daqui como os campeões do mundo de 2019, em Costa Rica (MS). Este é um presente que nós damos a vocês, amantes do ciclismo”, anunciou Mario Roma. “Tivemos a sorte de escolher uma cidade que é um exemplo. Uma grande Brasil Ride, que as pessoas se respeitam, por isso gostaria de parabenizar o prefeito Waldeli Rosa por tudo que lá vi, e dizer que tivemos coragem de trazer para cá um projeto de três anos”, completou Roma.
O Eliminator, em novembro, terá a presença de alguns dos melhores bikers do País, como Henrique Avancini, Sherman Trezza, Wolfgang Soares, Ricardo Pscheidt, Roger Renso, Lukas Kaufmann, Halysson Ferreira, Allyson Lucas, José Gabriel Marques, Daniel Carneiro, Robson Ferreira, Hugo Prado Neto, João Firmeza, Marco Antônio Veríssimo, Kennedi Sampaio e Brou Bruto. Estes atletas foram convidados para serem embaixadores do Mundial e ajudarã na divulgação do evento de 2019.
“Costa Rica é uma cidade que está entre as 100 melhores do Brasil para se viver no País, em termos de segurança. Organizamos o município e queríamos transformá-lo em um local turístico. Temos lindas cachoeiras e ficávamos sonhando em estar no centro da atração turística. Começamos com o esporte de aventura e organizamos a Copa América em 2015 e agora vamos encarar um desafio maior, o Mundial 24h”, explicou o prefeito Waldeli Rosa.
Top 3 da open na sétima etapa
1-Henrique Avancini (BRA) e Jiri Novak (CZE) – 2h47min32
2-Michele Casagrande (ITA) e Fabian Rabensteiner (ITA) – 2h52min23
3-Hans Becking (HOL) e Sebastian Fini (DIN) – 2h53min40
Top 3 da open na classificação geral final
1-Henrique Avancini (BRA) e Jiri Novak (CZE) – 23h24min49
2-Michele Casagrande (ITA) e Fabian Rabensteiner (ITA) – a 5min12
3-Hans Becking (HOL) e Sebastian Fini (DIN) – a 15min52