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Ciclismo Mountain Bike

Italiano e russo seguem na liderança da ultramaratona de mountain bike na Bahia

A sétima edição da Brasil Ride, principal prova de MTB das Américas, aproxima-se de sua metade, com uma disputa intensa entre os melhores ciclistas do mundo. Neste terceiro dia de prova, os atletas tiveram pela frente a primeira das duas etapas Rainha, com 92,1 km e 2.894 metros de altimetria acumulada. O destaque do dia foi a dupla da Trek San Marco II, composta por Fabian Rabensteiner (ITA) e Alexey Medvedev (RUS), que recuperou-se de um problema mecânico para vencer o terceiro estágio em 3h30min33. Pouco menos de dois minutos depois, chegaram Daniel Geismayr (AUT) e Joachen Jab (ALE), em 3h32min11. Tiago Ferreira (POR) e Roel Paulissen (BEL) completaram o pódio, em 4h35min37.

O italiano Fabian Rabensteiner e o russo Alexey Medvedev mostraram porque já podem ser apontados como um dos principais favoritos ao título da edição, com duas vitórias e a presença no pódio em todos os dias. Após Fabian ter um problema em seu câmbio próximo do km 30, a dupla perdeu cerca de três minutos dos principais rivais, para em seguida buscar os líderes, Daniel e Joachen, a poucos quilômetros do fim. Eles acrescentaram assim mais cinco minutos para Tiago e Roel, agora com 6min09 de folga na classificação geral, após as três etapas.

“Não foi um dia tão quente como os anteriores, mas estava muito úmido. Apesar de não ser uma etapa tão longa como a segunda, era bem difícil porque tinham muitas subidas e algumas muito íngremes. Havia muitos single tracks e todos muito técnicos, algo que me agrada. Talvez fosse até melhor ter uma bike full suspension para as características deste estágio”, avaliou Alexey. “Estamos realmente contentes com o resultado obtido e a manutenção da Yellow Jersey de líder”, complementou o ciclista da Rússia.

A segunda colocação no dia colocou a dupla da Centurion Vaude, formada por Daniel Geismayer e Joachen Jab no páreo pelo título. Algo especial para Daniel, que em 2015 esteve muito próximo do título ao lado do seu compatriota Herman Pernsteiner, que se acidentou poucos meses antes da Brasil Ride 2016. “Foi um dia bom, porque fomos rápidos. No prólogo e no segundo dia nós ainda não estávamos com as pernas boas, devido ao jet leg. O calor é um problema para nós, mas agora nosso corpo está bem adaptado. Estou positivo para os próximos dias. É uma sensação muito boa estar outro ano na briga pelo título”, analisou Daniel. “Gostei muito de estar acampado aqui na fazenda. Os atletas ficam juntos, amadores e profissionais. Mais aventura do que ficar no hotel. Gostei muito”, contou o austríaco.

Companheiro de Daniel, o alemão Joachen compete pela primeira vez a principal ultramaratona de MTB das Américas. “A corrida é muito difícil. A temperatura e a umidade são fatores muito difíceis para nós europeus. Saímos de 10, 11 graus e voamos bastante tempo para chegar aqui na quinta-feira, dois dias antes da prova”, destacou Joachen. “Estamos ficando cada vez melhor e nos acostumando bem”, concluiu.

Atual campeão do mundo de MTB Maratona, Tiago Ferreira reconheceu as dificuldades do dia. Mesmo não rendendo bem, ele e Roel seguem na vice-liderança. “Foi um dia bem complicado. A etapa foi dura, nos obrigando a caminhar com a bike em certos momentos, porque as subidas eram muito íngremes. Temos ainda bastante coisa pela frente. Vamos ver como serão os próximos”, comentou o atleta.

Top 10 – Terceiros colocados nos dois dias anteriores, Hugo Prado e Lukas Kaufmann (SUI) terminaram na quarta posição, seguidos de Ricardo Pscheidt e José Montoya (CRI), no melhor dia da dupla Trek Latin America. Completaram as dez melhores colocações Sherman Trezza (BRA) / Wolfgang Soares (BRA), Christopher Maletz (ALE) / Christian Kreuchler (ALE), Leão Pinto (POR) / Gilberto Góis (BRA), Edson Gilmar (BRA) / Bruno Martins (BRA), Hernani Sistelo (POR) / Andrew Rodrigues (POR).

Máster – Na categoria Máster, mais uma vez Bart Brentjens e Abraão Azevedo demonstram sua superioridade entre os atletas com 40 a 49 anos, com a terceira vitória consecutiva para os campeões mundiais. “Tínhamos muitas subidas e várias delas bem íngremes, bem difíceis de pedalar. Foi legal pelos single tracks, bem difícil como tem que ser uma prova por estágios”, destacou Bart Brentjens. “Duas das subidas eram difícilimas. Consegui chegar melhor do que na última etapa. E para variar o Bart consegui completar tranquilo. Nesta quarta teremos a segunda etapa Rainha, que promete ser tão dura quanto essa”, disse Abraão.

Família italiana unida pelo ciclismo – Enquanto a dupla mista formada pelos italianos Piero Pellegrini e Annabella Stropparo está percorrendo as trilhas de Guaratinga ou de Porto Seguro, onde participam da sua quinta edição da Brasil Ride, a pequena Victoria, de apenas 7 anos, aguarda ansiosa pela chegada de seus pais, os líderes da sétima edição. Esta é terceira vez que ela acompanha os pais nesta jornada, que são casados há 12 anos. “É bom demais ter nossa filha aqui. Para ela é uma ótima experiência, de poder conhecer lindos lugares e ótimas pessoas”, contou Piero. “É muito legal estar com a família completa aqui de novo. É a primeira vez que ela acampa e a cada momento na tenda é novidade e piadas entre nós. Fico muito feliz pela vivência dela”, comentou Annabella.

Nos últimos cinco anos, apenas em uma oportunidade o casal não competiu junto. Depois de não ir bem em 2015, Annabella decidiu voltar a competir com o marido como nos anos anteriores. “Prefiro competir com minha esposa. Ela foi atleta profissional por muito tempo, enquanto eu nunca fui profissional, apesar de pedalar há 28 anos. Temos a mesma paixão e foi pelo ciclismo que eu a conheci, mesmo que para mim seja apenas um hobby”, relembrou Piero, de 50 anos. A dupla venceu as três etapas desta edição e estão próximos do título.

Aos 48 anos idade, a italiana que já conquistou 17 campeonatos italianos (três de maratona, sete de cross country e outros sete de cyclocross), foi nesta etapa a melhor entre as mulheres, chegando mais de 30 minutos antes da primeira dupla feminina do dia, Ivonne Kraft (ALE) e Celina Carpinteiro(POR). “Estou tão cansada depois desta etapa tão intensa, que não sei nem dizer se estou feliz ou não. Mas é um sentimento muito bom competir bem uma prova tão bacana como a Brasil Ride e ser a melhor mulher”, completou.

Quarta etapa – Nesta quarta-feira (19) o desafio prometer ser ainda mais intenso do que o da terceira etapa. A distância será menor do que os 92,1 km desta terça, 85,3 km, e a altimetria cerca de 70 metros maior, com 2.963 m. O percurso tem início nas estradas de terra no sentido de Guaratinga, com single track pelas matas e pequenas trilhas até a vila de Cajuita. Propriedades de cacau e trechos de Mata Atlântica por onde se locomoviam os antigos tropeiros da região, com subidas intensas, finalizam o desafio.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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