Após conquistar o vice-campeonato no último ano, Henrique Avancini estava determinado a vencer a Cape Epic, na África do Sul, em 2020. O ciclista brasileiro só não esperava pela pandemia do Coronavírus, responsável por cancelar a principal prova de ultramaratona de mountain bike no mundo.
Em uma live no Instagram nesta quinta-feira (19), Avancini revelou que alguns competidores chegaram a desistir antes do cancelamento oficial, mas ele e o alemão Manuel Fumic, sua dupla, decidiram só sair da prova se a organização os retirasse, já que eram um dos favoritos ao título.
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“Voltei da África no domingo passado, a competição foi cancelada sexta-feira à noite. Foi um grande baque no meu planejamento. Encarava a Cape Epic com uma seriedade muito alta. Era meu objetivo número um e depois a gente ia olhar o resto da temporada. O Fumic estava em uma forma que eu nunca vi. A gente seria a dupla mais forte. É uma prova que acontece muita coisa, que a tática influencia muito, mas acho que seria difícil a gente não brigar pela vitória”, disse.
Mudança de planos e frustração pessoal
Além da vontade de vencer a competição, a Cape Epic teria um papel fundamental para o ano do brasileiro. Nos oito dias de prova, Avancini trabalharia para aprimorar a condição física ao máximo. Agora, ele projeta os próximos passos.
“A Cape Epic não era só um grande objetivo, mas eram 30 horas de alta intensidade que eu colocaria no meu corpo. Replicar isso nos treinos é muito desafiador. Dentro do nosso planejamento teria um impacto muito grande para a preparação do restante do ano. Perdemos o estímulo de competição que a gente teria ao disputar uma prova com um nível tão alto e com as condições que a Cape Epic é disputada”, disse.
“Eu retornei ao Brasil assim que possível, no domingo de madrugada. Tirei uma semana de folga para desacelerar a cabeça. Quando o atleta está concentrado para uma prova assim, o nível de atenção mental para os preparativos é muito profundo. Fiz toda a preparação mental e física voltada para a Cape Epic e quando você não tem a chance de competir por qualquer motivo que seja é desafiador para o atleta”, completou.
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Apesar de afetar o planejamento, a grande decepção de Avancini com o cancelamento da Cape Epic é pessoal. Desde 2016, o brasileiro faz dupla com Fumic na competição. A edição deste ano seria a última juntos, já que o alemão se aposenta ao final da temporada.
“O grande ponto negativo é que esse é o último ano dele (Fumic). Tivemos uma história bem legal na Cape Epic. É um privilégio participar de uma prova dessas com um amigo, é mais especial. No meu caso, eu participava com um amigo e brigando no topo do mundo na maior prova de duplas. Para mim e para ele o que mais pesa é o lado emocional nesse sentido de saber que era nossa última chance e pelo tanto que a gente se preparou. É uma grande frustração. Me agarro a outras coisas e aceito essa dura lição da vida”, finalizou.