A poucos meses dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, os atletas brasileiros começam a entrar na fase final de preparação para a competição mais importante do mundo. Considerado o maior ciclista do país de todos os tempos, Henrique Avancini não é exceção. No ano que vem, ele terá a oportunidade de colocar ainda mais o seu nome na história na modalidade do Brasil, que jamais conquistou uma medalha olímpica no ciclismo.
Em 2019, Avancini colecionou bons resultados, que segundo ele, contribuem para o seu amadurecimento e crescimento como atleta, já de olho em Tóquio. No ano em que comemora cinco temporadas na equipe internacional Cannondale Factory Racing, ele ganhou provas da Copa do Mundo, terminou em segundo lugar na Cape Epic, foi campeão brasileiro nas categorias XCO e Maratona e vai terminar o ano como vice-líder do ranking mundial.
“Eu avalio a temporada de 2019 como extremamente positiva. Conquistei minha principal meta, que era ser consistente ao longo do ano. Ainda preciso de mais experiência competindo na ponta do pelotão e nesse ano consegui disputar todas as provas no pelotão da frente e testar diferentes estratégias, conhecer mais os meus adversários. Isso agrega muito para o meu futuro. Tive também grandes resultados, talvez tenha faltado aquela vitória super expressiva, mas isso é parte do necessário para que esse grande dia venha no futuro, especialmente em um ano tão importante como 2020”, analisou Avancini em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
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A maior conquista de 2019, porém, talvez tenha sido alcançar um patamar que o coloque entre os grandes nomes do ciclismo mundial e o alce a potencial candidato à medalha olímpica em Tóquio 2020.
“Eu consegui construir um status esse ano e isso era algo que eu almejava, não chegar aos Jogos Olímpicos como uma zebra. Eu mostrei performances que me colocam nesse patamar e entro não como favorito, mas sim como candidato ao pódio. Então eu não começo o ano com aquela pressão de ter que provar alguma coisa, apenas refinar, e sei que tenho espaço para crescimento ainda, o que me anima. Então vou para 2020 bastante tranquilo e mega motivado”, pontuou o atleta de 30 anos.
Se engana quem pensa, no entanto, que a preparação para as Olimpíadas de Tóquio começa agora. O processo é longo e teve início ainda em 2018. Avancini contou que vem fazendo um trabalho bastante minucioso e detalhado para se adaptar às condições especificas da pista japonesa, desde o cuidado com o corpo até a parte mental.
“Acho que eu nunca planejei nada tão bem em termos de preparação específica, tão voltada a detalhes. Eu sempre gosto de me lembrar e lembrar as pessoas que nas Olimpíadas é uma prova de um dia. É uma chance, uma largada e em uma competição outdoor, que é extremamente instável. Às vezes o investimento para um dia pode ser algo frustrante… Mas eu prefiro ver toda essa preparação como uma oportunidade de crescimento e amadurecimento para o meu futuro como atleta”, explicou.
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Futuro este que pode ganhar um capítulo histórico em 2020. O Brasil nunca chegou a uma Olimpíada com uma chance de medalhar no ciclismo mountain bike como agora com Henrique.
“Ao longo da minha carreira, o que eu mais venho buscando fazer é quebrar barreiras. A possibilidade de conquistar a primeira medalha olímpica brasileira no ciclismo traz alguma pressão, é uma responsabilidade, mas é acima de tudo uma honra. Me sinto realizado e, independente do que aconteça, eu sei que sou um brasileiro em uma modalidade que há anos é dominada por europeus e que conseguiu construir um nível para chegar ao Jogos Olímpicos como candidato à medalha. Isso não me satisfaz, mas já me traz bastante alegria”, destacou.
E tudo isso vai muito além de Tóquio ou qualquer resultado que Avancini conquistou e ainda vai conquistar.
“Passa um filme na cabeça… Está mais para um longa metragem, com muitas histórias (risos). E por vários motivos, não só pela minha história como atleta, mas pelo quanto que a bike cresceu no Brasil, o quanto o esporte se desenvolveu. O patamar que a gente vem alcançando como modalidade no país é o cenário dos sonhos quase, e poder ser parte e ver isso de perto é extremamente especial e mágico”, exaltou antes de concluir.
“A medalha olímpica é um grande sonho e eu sei que vai ajudar ainda mais esse crescimento do ciclismo brasileiro. Mas o meu maior sonho é quando eu me aposentar das pistas poder olhar para trás e ver que eu deixei um legado. Eu sempre gosto de dizer que eu não vejo minhas conquistas como o ponto final, o ápice, e sim como o ponto de partida para gerar outras coisas, como o crescimento daquilo que eu amo, que é a bike”.