Henrique Avancini começa nesta sexta-feira uma dura maratona, que vai durar seis semanas e contempla quatro etapas da Copa do Mundo de mountain bike na Europa, o Campeonato Brasileiro em Mairiporã e os Jogos Pan-Americanos de Lima, competição que ele vai participar pela primeira vez, mas na qual ele já se coloca como grande favorito à medalha de ouro.
“Eu acho que eu chego este ano como favorito. Serão meus primeiros Jogos porque em 2011 eu resolvi não competir por causa de uma lesão que eu vinha tratando. Chego provavelmente como o grande favorito para esses Jogos”, acredita o ciclista, que é disparado o melhor colocado nas Américas no ranking mundial.
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Henrique Avancini é hoje o terceiro do mundo com 1577 pontos, atrás apenas do italiano Gehard Kerschbaumer (1877) e do suíço Nino Schurter. Os ciclistas das Américas mais próximos ao brasileiro no ranking são o Christopher Blevins, dos Estados Unidos, 16º, o compatriota Guilherme Muller, 31º, e o também americano Keegan Swenson, 37º. Os quatro são os únicos atletas do continente no Top 40, todos os outros 36 são europeus.
Apesar do ranking, Henrique Avancini não vê a vitória como certa e destaca a importância que a participação nos Jogos Pan-Americanos vai trazer para ele tendo como objetivo a Olimpíada de Tóquio. “Eu vejo os Jogos com uma importância muito grande. Apesar do nível de competição ser menor, os Jogos têm sempre um lado emocional. Então, não quer dizer que um cara que não consiga competir comigo numa Copa do Mundo, não vá conseguir me bater nos Jogos Pan-Americanos. Então essa parte de gerenciar peculiaridades numa competição no formato de Jogos vai ser muito importante para o meu desenvolvimento para os Jogos Olímpicos”, explica.
Para estar em Lima para a disputa dos Jogos Pan-Americanos, Henrique Avancini teve que fazer um exercício de logística. Serão muitas competições e viagens num curto espaço de tempo. A partir desta sexta-feira ele disputa a etapa de Vallnord, em Andorra, da Copa do Mundo de mountain bike. Entre os dias 12 e 14 estará em Les Gets, na França. De lá, volta ao Brasil para a disputa do Campeonato Brasileiro em Mairiporão entre 19 e 21. Após a competição nacional, viaja ao Peru para o Pan, cuja prova de Cross Coutry está marcada para o dia 28, e, na sequência, terá mais duas etapas de Copa do Mundo na Europa: Val di Sole na Itália (2 a 4 de agosto) e Lenzerheide, na Suíça (9 e 11 de gosto).
“Se eu avaliar a minha logística, os Jogos Pan-Americanos não se encaixam no meu ano. A data é muito ruim. Está entre duas rodadas duplas na Europa, Campeonato Brasileiro, então em seis semanas faço duas semanas na Europa, uma semana no Brasil, uma semana no Peru e mais duas semanas na Europa. Logisticamente é horrível, mas eu quis encaixar os Jogos Pan-Americanos porque é uma oportunidade que eu tenho de testar minha equipe de estafe para os Jogos Olímpicos, de ter uma mini experiência, um mini treinamento de vários aspectos como um todo para os Jogos Olímpicos. Eu estou encarando os Jogos Pan-Americanos deste ano com bastante seriedade”, explica o ciclista, que fez um único pedido especial ao Comitê Olímpico Brasileiro para estar em Lima.
“Eu confio muito nas pessoas à minha volta. Então, nos Jogos Pan-Americanos, o único pedido que eu fiz ao Comitê Olímpico é que as pessoas que trabalham comigo ao longo do ano, ao longo das últimas temporadas sejam mantidas como pessoas de estafe para mim e para o Time Brasil, que for representar o país nos Jogos Pan-Americanos. Isso para mim é o mais importante. Confio muito nas pessoas à minha volta, então, independente do desafio que a situação trouxer, a gente vai saber lidar”, garantiu o atleta, que terá companhia de Guilherme Muller e Jaqueline Mourão na equipe brasileira que vai representar o país no Mountain Bike.
Mas antes de se concentrar nos Jogos Pan-Americanos, Henrique Avancini disputa neste fim de semana a etapa de Vallnord, em Andorra, da Copa do Mundo de Mountain Bike. Esta será terceira etapa da temporada. Na primeira, em Albstadt, na Alemanha, o brasileiro ficou em quinto no short track e teve problemas mecânicos no cross country, terminando apenas em 18º lugar. Na segunda, em Nove Mesto, na República Tcheca, os resultados foram melhores: 3º no short track e 4º no cross country.
“Acho que essas duas primeiras etapas foram sólidas, foram abaixo da minha expectativa que eu tinha na pré-temporada, pelo tanto que eu me desenvolvi na transição entre as temporadas eu esperava resultados melhores”, analisa. “Só que desde o começo do ano eu tracei como objetivo vencer uma Copa do Mundo. Então, no meu último bloco de preparação, a gente arriscou em alguns pontos e meu corpo não absorveu bem. O fato é que eu cheguei para estas das primeiras etapas com uma perda de rendimento considerável, comparado ao meu começo de temporada e comparado ao que a gente projetava”.
Apesar disso, Henrique Avancini não desanima e projeta resultados melhores a partir de Vallnord, etapa desta semana, e de Les Gets, na França, semana que vem. “O que eu tiro de positivo é que ainda assim os resultados foram bastante satisfatórios. Eu tive três top 5 nos quatro eventos, terminei em 18º. no Cross Country da Alemanha, mas eu tive um problema mecânico quando eu estava em terceiro lugar. Ainda era muito cedo na prova, começo da terceira volta de um total de sete, mas era um cenário OK e provavelmente eu terminaria no top 5 ou dentro do top 10, nessa faixa”, analisa o ciclista, que, no entanto, não está satisfeito.
“Eu tiro como um bom começo de ano. Saio das duas etapas, após as quatro corridas, os dois shorts tracks e os dois cross countries olímpicos, na quinta colocação no geral. É um bom começo. É melhor do que eu tive no ano passado, mas eu sigo no meu objetivo. Não estou muito ligado no geral da Copa do Mundo este ano, embora eu ache que tenho tudo para fazer no mínimo mais um top 5 geral, top 3 ou até o título geral é uma coisa viável, mas não é para onde minha atenção está voltada. Meu grande objetivo é vencer uma etapa da Copa do Mundo. É o que eu quero, é o estado que eu quero alcançar até pré-Jogos Olímpicos. Eu estou construindo a consistência. Sou um dos atletas que mais anda na ponta desde o ano passado, mas eu quero desenvolver a capacidade de, além disso, vencer uma grande competição no formato olímpico”, finaliza.