Com dois pódios nas três primeiras competições do ano, Douglas Brose reassumiu a liderança do ranking mundial. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, o carateca revela as mudanças que precisou fazer para voltar ao topo do mundo
Três competições disputadas na temporada, duas finais, um ouro e uma prata e a liderança do ranking mundial da categoria até 60kg. Esse é o começo de 2018 de Douglas Brose, maior nome do caratê brasileiro. Ele começou a temporada com a medalha de prata na Premier League de Paris, ganhou o ouro na etapa Series A de Guadalajara, na Espanha, e acabou eliminado na primeira rodada na Premier League de Dubai, disputada no último fim de semana. Apesar do tropeço no último torneio, o bicampeão mundial voltou para casa, em Florianópolis, satisfeito com os resultados obtidos, mas preocupado também em arranjar recursos para continuar participando dos principais eventos do circuito da WKF (Federação Mundial de caratê).
“Está sendo um bom início de temporada, com duas medalhas, uma prata e um ouro, realmente um começo muito bom, mas nada disso me ilude, sei como são as competições, perde-se e ganha-se no detalhe, preciso manter o nível de caratê e a atenção necessária para continuar com os resultados”, comentou o atleta.
Para alcançar a liderança do ranking mundial no começo do ano, Douglas Brose revela que mudou sua estratégia de treinos e participações em campeonatos para 2018. “No ano passado, eu escolhi atrasar um pouco meu começo em competições por não ser um ano tão importante como é 2018. Então, eu consegui fazer a temporada de maneira diferente, mas também tive dificuldades para participar das etapas da Liga Mundial, por falta de apoio. Se não me engano, das 10, 11 etapas que tiveram, eu fui para apenas três, o que fez com que eu perdesse muitas posições no ranking, não conseguindo ficar nem próximo de liderar”, analisa Douglas Brose, que terminou 2017 na quarta colocação depois de ter como principais resultados o título de campeão pan-americano, as pratas em Leipzig e Salzburg pelo circuito mundial e o quarto lugar no World Games.
Douglas Brose vê uma ligação entre as medalhas conquistadas nesta temporada e o amadurecimento na sua forma de disputar cada luta nas competições. Tendo um estilo mais agressivo, procurando sempre o ataque nos confrontos, o brasileiro se vê mais preparado para os campeonatos e confrontos.
“Uma das coisas que mudou de 2016 e 2017 para 2018 foi a minha postura e estratégia dentro das lutas. Anteriormente muitos atletas, por eu ter um estilo de luta mais agressivo, passaram a ter uma luta mais defensiva e antes eu acabava me precipitando e tomava alguns pontos em contragolpes. Um exemplo dessa mudança foi na competição na Espanha. Três lutas eu ganhei por falta de combatividade dos adversários, que tinham e mantiveram uma postura defensiva, esperando a luta toda e a experiência e essa nova estratégia me deu as vitórias”, comentou.
Apesar do ótimo aproveitamento nas competições em que esteve presente, Douglas Brose ainda sofre com a falta de apoio e não sabe se conseguirá manter as participações nas etapas da Liga Mundial durante o ano. “Sofro ainda com a falta de apoio e não sei se conseguirei manter o número de participações nas próximas etapas da Liga Mundial”.
Caminho para Tóquio
Para as Olimpíadas de 2020, o caratê vai usar um novo ranking mundial. A partir do segundo semestre de 2018, algumas competições vão contar com pontuação olímpica e os resultados delas vão formar o grupo de atletas que estarão credenciados a participar da Tóquio 2020.
Sobre a possível participação em uma Olimpíada, Douglas Brose é sincero. “A possibilidade me motiva muito, mas para ser sincero somente isso. Não posso mudar minha preparação somente por conta da Olimpíada. Preciso ser justo comigo, venho a minha carreira inteira seguindo uma forma de preparação, que deu resultado, então eu preciso manter meu nível e a forma como faço tudo e não tentar de alguma forma diferente”, disse Douglas.
Junto com beisebol, softbol, escalada, surfe e skate, o caratê é uma das modalidades convidadas para a participação em Tóquio 2020. Para o atleta brasileiro, essa novidade pode melhorar o cenário da modalidade no país, principalmente no momento pós olímpico.
“Acredito que muitas coisas podem acontecer por conta dessa participação, mas ao meu ver será por etapas. Esse ano, não acredito em um crescimento grande, 2019 por ser o ano anterior ao evento, tenha-se um crescimento maior e em 2020, nos seis meses que antecedem o evento será um momento de muita divulgação e informação sobre o caratê. Contudo, dependendo do rendimento no evento, se formos bem, conquistarmos uma medalha, pode fazer com que o pós seja muito mais proveitoso para a modalidade como um todo, com o formato olímpico”. finalizou o atleta.