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Brose mantém sonho olímpico com apoio de especialista

Sem chances de ir a Tóquio por ter tido o ciclo prejudicado por lesões, Hernâni Veríssimo quer ajudar Douglas Brose a conseguir a vaga em sua categoria

Douglas Brose, Lucélia Brose e Hernâni Veríssimo
Douglas Brose posa ao lado da esposa e treinadora Lucélia, do filho Daniel e de Hernâni Veríssimo após o treino em Florianópolis (Reprodução/Facebook)

Douglas Brose é o maior vencedor da história do caratê brasileiro com duas medalhas de ouro e duas de prata conquistadas em Mundiais, além de duas pratas e dois bronzes em Jogos Pan-Americanos. Aos 35 anos, completados no último mês de dezembro, o atleta quer realizar mais um sonho em sua carreira: disputar os Jogos Olímpicos. Para isso, tem contado nos treinamentos desde o fim doa no passado com a ajuda de Hernâni Veríssimo, principal nome do país na categoria até 75 kg, que será a que Brose vai lutar no Pré-Olímpico Mundial, em maio, em Paris.

Paulista de Piracicaba, Hernâni Veríssimo, de 25 anos, era apontado como a principal esperança de conseguir uma vaga na Olimpíada entre os atletas até 75 kg depois de ser bicampeão pan-americano em 2016 e 2017. Mas três lesões de ligamento cruzado anterior o atrapalharam no ciclo para Tóquio e agora o que ele quer é ajudar o amigo na conquista da vaga.

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“Sem dúvida alguma, eu gostaria de estar correndo atrás dessa vaga, mas, como tudo na minha vida eu luto até o limite. Se não deu certo, não era para dar mesmo. Ajudar o Douglas é mais do que uma honra. Ele sempre me ajudou desde novo com seus ensinamentos. Hoje eu posso retribuir fazendo com que ele tenha um bom parceiro de treino pra chegar mais que preparado na disputa da vaga. Ele se tornou um amigo, queremos ver sempre nossos amigos vencendo”, afirma o hoje sparring de Douglas Brose, que agradece. “Treinar com ele está sendo fundamental para minha adaptação na categoria”, afirma.

Douglas Brose - Pré-Olímpico
Após duas medalhas em Mundiais, Douglas Brose sonha com pódio olímpico (Renato Aoki)

Apesar de toda a experiência, Douglas Brose precisa se adaptar à nova categoria, já que todos os grandes resultados que obteve na carreira foram contra atletas de até 60 kg, que não faz parte do programa dos Jogos. O ranking olímpico juntou os caratecas de 60 kg e 67 kg na briga por uma vaga em Tóquio. Por esse sistema, o brasileiro Vinícius Figueira está muito perto de carimbar o passaporte, enquanto Brose não tem mais chances matemáticas.

Como apenas um atleta por país pode participar de cada categoria na Olimpíada, não restou a Douglas Brose outra alternativa a não ser disputar e vencer, em fevereiro do ano passado, a seletiva brasileira para o Pré-Olímpico Mundial na categoria até 75 kg. “Fiquei muito contente que o Douglas venceu. Era o mais preparado para representar o nosso país. Eu não participei porque estava me preparando para fazer cirurgia”, explica Hernâni Veríssimo.

Um ajuda o outro em Floripa

Mas os treinos em Florianópolis não estão sendo bons apenas para adaptar Douglas Brose à nova categoria. Para Hernâni Veríssimo representa a volta ao caratê, já que ele não compete desde setembro de 2019. O drama do carateca com as lesões começou exatamente um ano antes, em 2018.

hernâni veríssimo nos jogos pan-americanos
Hernâni Veríssimo lutou com ligamento rompido e foi prata no Pan de Lima (Renato Aoki)

Hernâni Veríssimo rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em setembro de 2018, durante a disputa de uma etapa da Karate 1 Series A, em Santiago, no Chile. A cirurgia só foi feita em novembro e ele ficou seis meses em recuperação até voltar a lutar. A corrida olímpica não podia esperar e o piracicabano competiu na Premier League de Xangai, na China, e na Karate 1 Series A de Montreal, no Canadá. Acabou rompendo de novo o mesmo ligamento. Mesmo lesionado, disputou os Jogos Pan-Americanos de Lima e ganhou a medalha de prata.

“Foi uma vitória pessoal muito importante para mim. Eu lutei todas as lutas sem poder fazer o movimento de chute porque você perde a estabilidade do joelho. Então, todos os meus ataques eram em linha. Eu só podia ir para frente e para trás. Não podia fazer movimentos bruscos saindo de lateral ou giros em cima do pé porque senão o joelho ia sair do lugar. Foi minha primeira participação nos Jogos Pan-Americanos e eu não queria perder a oportunidade de competir. Por isso que eu bati o pé para lugar e consegui ainda um bom resultado”, revela orgulhoso.

Um mês depois, no entanto, rompeu o ligamento cruzado do joelho direito, que estava sobrecarregado pelos meses competindo com o esquerdo comprometido. Com os dois joelhos lesionados ao mesmo tempo, chegou ao fim o sonho olímpico de Hernâni Veríssimo, que conta com a ajuda de Douglas Brose para voltar à melhor forma.

Juntos em Fortaleza

A sequência de treinos de Douglas Brose e Hernâni Veríssimo termina em 18 de janeiro, quando ambos embarcam juntos para Fortaleza, onde vão participar de um camping com a seleção brasileira de caratê até 12 de fevereiro. Lá, Brose pretende definir como será o planejamento para que ele possa chegar na ponta dos cascos no Pré-Olímpico e encarar de igual para igual lutadores 15 kg mais pesados.

Uma hipótese é disputar a etapa de Lisboa da Premier League de caratê, marcada para acontecer entre os dias 19 e 21 de fevereiro. O problema é que lá, Douglas Brose não poderá lutar entre os atletas de até 75 kg. “Para disputar a Liga Mundial, o atleta precisa estar entre os 200 melhores do ranking mundial da categoria. Então, eu só poderia lutar na 60 kg. Isso que vou decidir com minha equipe. Se vale a pena baixar peso para competir no -60 kg para voltar ao ritmo de competição ou se busco competições alternativas para já lutar no -75 kg”, explica.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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