Douglas Brose já conquistou quase tudo no caratê. Campeonatos Sul-Americanos, Pan-Americanos e até Mundiais, duas vezes. Mas no ano que vem, ele terá a oportunidade de coroar a carreira com “a medalha que falta”. A Olimpíada Tóquio-2020 marcará a estreia da modalidade no programa olímpico e não poderia deixar de ter um de seus maiores nomes presente em um momento tão especial para a modalidade. Brose, no entanto, ainda não tem a vaga garantida.
Mas o campeão tem treinado forte e até mudou de categoria para realizar o sonho olímpico, que pode acontecer exatamente daqui a exatos 365 dias.
A mudança de categoria
Normalmente, Brose luta na categoria até 60 kg, que não é olímpica. Portanto, para estar em Tóquio-2020, ele teria que disputar a categoria até 67 kg. Na Olimpíada, entretanto, cada país só pode ter um representante em cada categoria e Vinícius Figueira é o melhor brasileiro no ranking no peso -67 kg e está muito perto de garantir a vaga.
Assim, sem a possibilidade matemática de ir às Olimpíadas na categoria mais próxima ao seu habitual, Brose decidiu lutar 15 kg acima de seu peso, tudo pelo sonho olímpico. Em fevereiro, ele disputou então a Seletiva e o Pré-Olímpico nacional já pela categoria até 75 kg, venceu e garantiu a vaga no Pré-Olímpico Mundial.
+ SIGA O OTD NO FACEBOOK, INSTAGRAM, TWITTER E YOUTUBE
“O sonho de competir uma Olimpíada é maior que tudo. Eu quero estar lá de qualquer maneira. Não deu para estar em categoria, vou tentar outra”, destacou em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, logo após se classificar para o Pré-Olímpico Mundial, que acabou adiado de maio deste ano para junho do ano que vem.
A preparação
Como é de se imaginar, a mudança de categoria traz também uma mudança na preparação, desde o ganho de peso até a adaptação à diferenças técnicas entre os dois pesos. Os treinos foram alterados para que ele ganhasse mais massa muscular, mas ideia não é ganhar muito peso e sim chegar no limite mínimo da categoria e não passar muito disso.
Em relação aos treinos técnicos, Douglas Brose e sua equipe têm trabalhado em duas frentes: a distância e a força, os dois pontos que mais mudam de uma categoria para outra. Os atletas são maiores, mais fortes, e a distância é maior entre os competidores.
+Brose explica adaptações à nova categoria e ao coronavírus
“A preparação segue forte aqui. Recebemos o calendário prévio de 2021, com o Pré-Olímpico confirmado a princípio para junho. Sigo no treinamento, mantendo também um controle para não passar do ponto em momentos que não têm necessidade. E tentando organizar as competições preparatórias que eu vou fazer, de uma forma que esse planejamento me auxilie e eu chegue bem preparado para o Pré-Olímpico e consequentemente para os Jogos”.
Além disso, quanto ao adiamento de Tóquio-2020, Brose enxerga com um sentimento misto. “Por um lado sim, porque você ganha um tempo maior de preparação para essa nova categoria, mas é também um tempo meio inútil, porque não tem competições, não dá para ter um grupo grande de treino… Então você ganha com esse período maior por um lado, mas ao mesmo tempo você não consegue usufruir com qualidade desse tempo por causa das questões da pandemia”, pontuou.
A medalha que falta
Em 2021, Douglas Brose tera 35 anos e poderá viver o momento mais especial da carreira para lá de vitoriosa. Mesmo lutando em uma categoria diferente, sua experiência e seus resultados, que o colocaram na elite do caratê mundial por anos, fazem com que ele chegue forte para disputar o Pré-Olímpico e garantir, assim, a vaga em Tóquio-2020.
“Pelo o que eu estou me dedicando, se eu conseguir chegar a Tóquio vai ser um sonho poder lutar pelo esporte que eu amo e defender a bandeira brasileira em um palco olímpico. Eu já fiz isso em diferentes países, de diferentes formas, mas num palco olímpico seria algo extraordinário. Seria o ápice da minha carreira”.
Uma vez conquistada a vaga, Brose terá portanto 40% de chance de medalhar no caratê em Tóquio-2020. Isso porque são 10 atletas por categoria e quatro sobem ao pódio. E para ele, a conquista é possível.
“A expectativa para Tóquio é que seja uma competição muito boa. E pela preparação que eu venho fazendo, mesmo adaptado, que seja possível conquistar uma medalha olímpica. Não é ‘impossível’, é muito possível. E essa é a ideia, essa é cabeça. Isso é onde eu espero chegar, nessa medalha olímpica, com certeza. Não tem como não pensar nisso”.
“É a medalha que me falta. Eu já ganhei todas as competições dentro do circuito mundial, liderei o ranking por quase cinco anos… Então acredito que o que me falta realmente é ganhar essa medalha olímpica e que se deus quiser, vai ser uma de ouro. Tenho treinado e batalhado para isso”, concluiu.