O caratê faz parte do programa oficial dos Jogos Pan-Americanos desde Mar del Plata 1995. De lá para cá, o Brasil lidera o quadro geral de medalhas do torneio com a ajuda de Douglas Brose, gaúcho que construiu a vida e a carreira em Santa Catarina. Ao todo, ele já foi ao pódio em três oportunidades, sendo inclusive o atual campeão da categoria de até 60kg do kumite. Em conversa com o Olimpíada Todo Dia, destacou o sonho do bicampeonato e torce por permanência da modalidade no plano olímpico.
Em Lima 2019, o desejo do atleta é manter o título. Como não poderia ser diferente, a delegação brasileira chega com status de favorita e quer abrir vantagem na liderança. Considerando todo o retrospecto, o país já levou 35 medalhas (nove de ouro), mas tem Venezuela e Estados Unidos como rivais diretos. Brose faturou o Campeonato Pan-Americano de caratê no início do ano e também é um dos principais favoritos na corrida do ouro na capital peruana.
“Eu já participei de três Jogos Pan-Americanos. Tive duas medalhas de bronze (Rio 2007 e Guadalajara 2011) e fui campeão em Toronto 2015. O meu desejo é continuar com essa medalha de ouro. Fui campeão Pan-Americano esse ano, onde estiveram todos os atletas que disputarão os Jogos Pan-Americanos. Foi um bom teste. A minha ideia é conseguir mais uma medalha de ouro para o Brasil e ter um posicionamento melhor em uma futura prioridade de vaga nas distribuições continentais dos Jogos de Tóquio 2020”, afirmou Douglas.
Por sinal, a competição era o principal evento da modalidade. O quadro mudou a partir da introdução no calendário olímpico para Tóquio 2020, mesmo sem presença garantida para as edição seguintes. “Os Jogos Pan-Americanos, para nós caratecas, eram os nossos Jogos Olímpicos. Era a nossa maior competição olímpica dentro desse ciclo. Com o caratê nos Jogos Olímpicos de Tóquio, faz com que os Jogos Pan-Americanos tenham uma importância ainda maior pelo fator de prioridade numa futura divisão de vagas continentais. Esse Pan vai ter um fator diferencial. Toda a equipe está muito bem preparada. O caratê brasileiro vai conseguir mostrar mais ainda o seu poder e o seu domínio aqui nas Américas”.
Por enfrentar os rivais com frequência, o brasileiro acredita que leva a melhor quem realizar movimentos inesperados e diferenciados no momento da luta. “É fundamental (conhecer os adversários). O lado bom é que você consegue saber, mais ou menos, todas caraterísticas técnicas do seu adversário, mas isso também serve para ele. Nós trabalhamos em estudar os atletas e tentar mudar algumas coisas, mas no momento exato da luta conta quem é mais inteligente, quem consegue improvisar melhor. Naquele momento em que você estuda o adversário, não necessariamente ele vai fazer tudo aquilo que você estudou”, completou Douglas Brose.
Marcando presença em Olimpíadas pela primeira vez, o caratê precisou de muito apoio e reconhecimento ao longo dos anos para alcançar este feito. O Comitê responsável por Paris 2024 deixou a modalidade de fora da lista de esportes escolhidos, gerando revolta entre os adeptos, que protestaram após a decisão. A luta para que o projeto seja revisto ainda continua. “O caratê estar em Tóquio foi uma conquista após muitos anos dentro da Federação Mundial. A gente já tentava esse posto nos Jogos Olímpicos. Conseguimos para Tóquio, no Japão, onde tudo nasceu. O caratê estar lá vai ser um momento ímpar, um divisor de águas dentro do caratê mundial. A notícia de ainda não ter sido incluso para Paris faz com que os atletas foquem cada vez mais em Tóquio e coloquem mais energia ainda nesses Jogos Olímpicos, pode ser a única oportunidade do caratê nesses próximos anos e ciclos olímpicos. Está sendo feito um trabalho muito forte pela Federação Mundial para que o caratê esteja em Paris e para que esse legado não pare em Tóquio, mas continue por Paris, Los Angeles e assim vai”.