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Breaking

A dança que saiu das ruas para os Jogos Olímpicos

Cercado de curiosidade, desconfiança e globalmente um sucesso entre os mais jovens, breakdance fará sua estreia olímpica em Paris-2024

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Dança, arte urbana e esporte moldaram o breakdance (Instagram/paris2024)

Dança, arte urbana e esporte, tudo junto e misturado. Esse é o breakdance ou apenas breaking, a mais nova modalidade olímpica confirmada já como integrante do programa dos Jogos de Paris-2024.

Com milhões de bboys e bgirls em todo o mundo, e obviamente com brasileiros na parada, as famosas batalhas estarão no centro dos holofotes ao longo desses próximos quatro anos até que se atinja o ápice na capital francesa.

Mas vamos por partes, porque o breakdance está engatinhando como modalidade olímpica e, como toda novidade, desperta muitas curiosidades. São muitas as dúvidas e indagações que vão desde o que é, como será e por que tornou-se um esporte olímpico.

breakdance breaking red bull bc one
Batalha feminina de breaking no Red Bull BC One (Instagram/redbullbcone)

Break o quê?

Direto e reto, o breakdance é um estilo de dança de rua formado por três grandes movimentos urbanos nascidos nos EUA, principalmente na década de 70. O Break, o Popping e o Locking. Calma que a gente explica.

O Break vem dos ‘passinhos’ de James Brown e é o mais livre dos movimentos. O Popping é uma dança robótica replicada por humanos e foi muito usada por Michael Jackson, com muito mais swing, claro. Por fim, o Locking é um estilo em que se dança com braços e mãos tocando o solo.

Em resumo, o breakdance é como se James Brown, com toda sua ginga e ‘pés soltos’, fizesse um moonwalk do Michal Jackson ao mesmo tempo em que desça até o chão fazendo um ‘quadradinho de oito’ com giros e piruetas, sacou?

Ah, e toda dança precisa de música, e o estilo está imerso no hip-hop, funky ou breakbeat eletrônico. Nada melhor que um vídeo para as coisas ficarem mais claras.

É olímpico!

Ao incluir no programa esportivo da Olimpíada de Paris-2024 o breakdance, comprovou-se a tendência em tornar os Jogos Olímpicos cada vez mais “urbanos” e conectados com as novas gerações.

Tudo dentro do script que o COI (Comitê Olímpico Internacional) vem adotando nos últimos anos, desde o lançamento da Agenda 20+20, em 2014.

O projeto, lançado pelo presidente da entidade, o alemão Thomas Bach, tem como objetivo declarado tornar os Jogos Olímpicos mais sustentáveis do ponto de vista financeiro e busca conquistar um público que não tem muito interesse em acompanhar o ‘tradicional’ evento esportivo.

Por exemplo, o público do breaking – acredite, é enorme no mundo todo e bomba nas periferias do Brasil -, jamais se interessaria pelas olimpíadas e não se vê representado na grande maioria das modalidades olímpicas.

E do lado financeiro, o breakdance não exige uma arena cheia de equipamentos para a prática da modalidade. Fora que grandes marcas estão por trás da nova modalidade olímpica e o COI não quer ficar de fora dessa.

Mas o ponto principal é que já existe um calendário internacional de competições para homens e mulheres, o que é crucial para a entrada no programa olímpico.

A grande competição mundial é o Red Bull BC One, dividida em finais regionais: Europa Ocidental, Europa Oriental, América do Norte, América Latina, Oriente Médio e África e Ásia-Pacífico.

Posteriormente, os 16 melhores, oito em cada naipe, se enfrentam na Final Mundial. Até hoje, já foram realizadas 17 e o Brasil foi campeão com Neguin em 2014. No feminino, foram apenas três edições.

No Brasil, a gerência de competições ficará a cargo da CNDDS (Conselho Nacional de Dança Desportiva e de Salão), que nunca organizou algo parecido.

Batalhas

Em Paris-2024, por hora, as disputas do breaking serão individuais, com provas no masculino e no feminino. O DJ comanda as batalhas entre os atletas ou bboys e bgirls.

Se seguir o mesmo esquema da competição usada nos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018, as batalhas serão no estilo round robin, onde cada participante compete em vários rounds contra vários adversários. Cada round teve um minuto para dois competidores.

Ao final, pontos são somados e os melhores avançam para as fases eliminatórias.

Juízes, sim a competição terá um corpo de jurados, irão avaliar a técnica, variedade de movimentos, performance aliada à musicalidade, criatividade na execução e a personalidade.

Mas essa avaliação ainda precisa de critérios mais específicos rumo aos Jogos de Paris-2024. E isso tudo está a cargo da WDSF (Federação Mundial de Dança Desportiva), que também terá que padronizar um calendário, bem como serão feitas as inscrições dos participantes, um ranking e a pontuação para cada evento.

Estilo BR

No feminino, o principal nome brasileiro no BC One é Mayara Collins, a Mini Japa, que chegou à Final Mundial em 2018.

O principal bboy do Brasil é Mateus Melo, apelidado de Bart. Nascido na periferia de Fortaleza, começou a competir em 2011 com 12 anos. Em 2019, ele participou da Final Mundial do Red Bull BC One, principal competição da modalidade, em Mumbai, na Índia. Ele também é bailarino da companhia internacional Flying Steps.

bart breaking breakdance
(Instagram/Bboybart_)

Outros nomes que participaram da final regional da América Latina do Red Bull BC One 2019 foram Ratin, Luan e Iguin. Em 2018, o Brasil teve dois representantes na Final Mundial, que foram Leony e Luka.

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Mas com a entrada para o programa olímpico, os veteranos da modalidade podem se interessar em tentar uma vaga para Paris-2024. Esse é o caso de Neguin é um dos membros do Red Bull BC One All Stars, o “clube de estrelas” do breakdance mundial. Assim como Pelezinho, que é uma lenda da modalidade e que já fez parte do corpo de jurados do BC One.

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