A caminhada é longa e vai ser difícil, mas pela primeira vez em sua história o curling brasileiro tem chances de classificação aos Jogos Olímpicos de Inverno. O país inicia a disputa do torneio classificatório ao pré-olímpico na madrugada desta terça-feira, 5 de outubro, em Erzurum, na Turquia, com as duplas mistas.
Anne Shibuya e Scott McMullan formam a dupla do Brasil que tentará uma das três vagas disponíveis ao pré-olímpico nesta categoria. O país também contará com suas equipes masculina e feminina, que lutam por uma das duas vagas disponíveis à repescagem. As partidas ocorrem entre 10 e 15 de outubro, logo após a definição das duplas mistas.
A criação do torneio classificatório foi a medida adotada pela Federação Mundial de Curling (WCF) em democratizar o esporte e possibilitar maior participação das nações emergentes, como o Brasil. Agora, todos os países membros têm oportunidades de classificar tanto ao Campeonato Mundial quanto aos Jogos Olímpicos por meio de repescagens.
Isso faz com que o curling brasileiro viva uma situação inédita. Nem mesmo quando disputava o Mundial de Duplas Mistas (chegou a ser 17º em 2018), o país chegou a sonhar com uma possível vaga olímpica. Agora, há uma possibilidade – ainda que remota – em todas as categorias para os Jogos de Pequim, em 2022.
O primeiro passo vai ser dado às 3h do dia 5 de outubro, em confronto contra o Cazaquistão na abertura do torneio classificatório nas duplas mistas. Depois, são mais três jogos na primeira fase contra Turquia (no dia 6, às 8h), Eslovênia e Nigéria (respectivamente às 8h e 13h no dia 7). Com duas vitórias, a seleção brasileira deve avançar aos playoffs que definirão as três vagas.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NO INSTAGRAM E NO FACEBOOK
Dupla é experiente, mas entrosamento é desafio
Para avançar no torneio classificatório, a CBDG conta com uma dupla experiente. Anne Shibuya e Scott McMullan estão entre os principais jogadores do curling brasileiro. Mesmo assim, precisam superar um adversário a mais: a falta de entrosamento. Eles nunca jogaram uma partida oficial juntos antes da convocação.
“Para superar isso, nós dois tivemos tempo extra em nossas agendas para praticar e treinar na Suíça. Além disso, agendamos algumas partidas aqui contra equipes competitivas”, afirma Scott, que substitui Marcio Cerquinho, que pediu para não ir e se desfiliou da CBDG após ser acusado de interferência sexual no Canadá.
Parte dessa preparação envolveu a disputa do torneio Mixed Doubles Bern, entre 1º e 3 de outubro. O torneio, integrante do calendário do World Curling Tour, reuniu algumas das melhores duplas do mundo. A equipe brasileira fez quatro jogos (perdeu todos), incluindo um contra os suíços Jenny Perret e Martin Rios, medalhistas de prata em PyeongChang-2018.
Ranking permite sonhar com classificação
Scott deixa claro que o primeiro objetivo é avançar aos playoffs para tentar a vaga no pré-olímpico. São cinco países no grupo e o curling brasileiro precisa ficar entre os três primeiros para não ser eliminado diretamente em sua chave (confira o regulamento abaixo). Mas o desempenho internacional permite sonhar com essa possibilidade.
A Turquia é a grande favorita do grupo: é a 17ª colocada no ranking mundial e já conquistou a oitava posição no Mundial de 2018 com a mesma dupla. Os demais rivais não possuem resultados expressivos e/ou estão jogando juntos apenas nesta temporada. No ranking mundial, o Brasil é o 27º – Cazaquistão (29º), Eslovênia (34º) e Nigéria (48º) aparecem atrás.
“Mesmo com pouco tempo juntos, estamos confiantes na classificação. O grande desafio, não só para a gente, mas para a maioria dos times, é o fato do campeonato ser no início da temporada, ainda mais após um ano em que muitos eventos foram cancelados”, explica Anne.
+ O BRASIL ZERO GRAU TAMBÉM ESTÁ NO TWITTER, NO FACEBOOK E NO INSTAGRAM! SIGA!
Confira caminhada do Curling Brasileiro nas duplas do torneio classificatório
Ao todo, 16 países disputam a categoria de Duplas Mistas no Torneio Classificatório ao pré-olímpico. Eles foram divididos em três grupos (um com seis e dois com cinco duplas). Como são três vagas em jogo, o campeão de cada chave avança diretamente a uma das três decisões. Os segundos e terceiros colocados se enfrentam no playoff para definir seus desafiantes.
Os confrontos seguem essa lógica: A2 x B3, B2 x C3 e C2 x A3. Ou seja, como o curling brasileiro está no Grupo B, se ele ficar em segundo, pega o terceiro colocado do Grupo C; se for o terceiro na sua chave, pega o vice-líder do A. Mas se o país for o campeão da chave, avança direto à final e aguarda o vencedor do confronto entre C2 x A3.
Os três países que avançarem no Torneio Classificatório carimbam a classificação para o Pré-Olímpico, programado para acontecer em dezembro, na Holanda. É neste evento que estão as duas vagas olímpicas em jogo para Pequim-2022.